terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Brinquedos tradicionais de folhas, flores, plantas, ervas, cascas...

João Pinto Vieira da Costa escreveu este belíssimo livro que é, sem dúvida, a melhor recolha de brinquedos tradicionais construídos com folhas, flores, plantas, ervas e cascas. O brinquedo e o mundo vegetal numa simbiose perfeita. Recolha inédita de um testemunho a desaparecer. Obra ilustrada a cores, com prefácio de António Cabral.

«O regresso à natureza começa a ter-se como um regresso ao Paraíso. Felizmente, digo, com a certeza de que quanto mais o homem se afasta do seu meio natural menos possibilidade tem de se encontrar a si próprio como alguns pós-modernistas já perceberam, desiludidos com o optimismo da civilização industrial, embora também eles, avessos a sistemas doutrinais, tenham caído num certo desnorte, vivendo a errância intelectual, numa orfandade de valores, alguns dos quais foram porventura fácil e impensadamente configurados. Que o regresso à natureza não seja apenas uma fuga, mas uma necessidade, como as crianças nos ensinam, se lhes dermos condições para isso. (...)
O sentido estético e lúdico, aliás complementares, revelam-se bem nesta "Flora de Brincadeiras" que é preciso ir lendo, reflectidamente, abrindo pausas redentoras na vida tão vertiginosamente desnaturante e desculturalizante que a absolutização do mercado livre nos tem andado a impingir. (...)
São aproximadamente cem os brinquedos (joguinhos, ou juguetes como na Idade Média já se dizia) que neste livro figuram.» prefácio de António Cabral

«Como escreveu Agostinho Chaves (in Mensagens Aguilarenses, 9/12/2008), citado no folheto que enquadra a exposição: "os brinquedos que João Pinto Vieira da Costa constrói são eternos. Quando não havia legos, nem consolas, nem sequer a 'Chicco' nem a 'Toys 'r Us' ou a 'Centroxogo', muito menos as grandes superfícies comerciais que deliciam os olhos das crianças e dão cabo das carteiras dos papás, as crianças brincavam muito mais, de forma mais divertida, por improvisada e criativa. Os seus brinquedos eram feitos do que havia: uma casca de noz, um vime, uma rolha de cortiça, uma carica, o canoco de um milheiro, uma raiz, a vareta de um guarda chuva desfeito pelo vento, uma pinha, um botão velho, um pedaço de arame, um arco de pipa velha abandonada, um ramos de árvore em Y, até uma meia em desuso que era cheia de palha e cozida na ponta, fazendo uma bola com que se jogava futebol. // Não admira que essas práticas (como a generalidade dos jogos populares) tivessem desaparecido, no avançar dos tempos em que o consumo cresceu e tomou conta de nós, através de cada vez mais atraentes e agressivas campanhas de 'marketing' e de publicidade"»

João Pinto Vieira da Costa nasceu em Alpendorada e Matos, em 1960, e reside em Vila Real. Licenciado em Estudos Portugueses, pela F.L.U.P., é professor efectivo do grupo 8º A, na Escola Secundária Camilo Castelo Branco - Vila Real. É o actual responsável pela edição do Jornal “À Procura” e faz parte do Corpo Director do “Boletim Cultural”, duas publicações desta escola.


Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real...
[também “Gatafunhos – contos e crónicas”, sob pseudónimo de Vasconcelos do Al, edição de autor, 2005. Crónicas publicadas no Jornal Notícias de Vila Real e alguns contos inéditos. Capa de Daniela Estrela Vieira da Costa]

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