sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Literatura, jogos populares e pedagogia do jogo

“Bodas Selvagens” - ANTÓNIO CABRAL
Prémio Nacional de Poesia - Fernão de Magalhães Gonçalves - 2007

FÉNIX
Uma hora de lume que, gruta a gruta,
te devorasse.
Inclinação de folhas que em vão
recuassem à seiva.
Ao renasceres agora será das minhas
cinzas.

António Joaquim Magalhães Cabral nasceu em Castedo do Douro (Alijó), em 30-04-1931 (tendo falecido em 23.10.2007).
António Cabral frequentou o curso teológico do Seminário de Vila Real e iniciou a vida sacerdotal. Obteve a licenciatura em Filosofia pela Universidade do Porto e depois de abandonar o sacerdócio ingressou no ensino secundário, sendo professor efectivo da Escola Secundária Camilo Castelo Branco. A partir de 2001 foi professor de Cultura Geral, na Universidade Sénior de Vila Real. Viveu sempre voltado para a arte da escrita, envolvendo-se, paralelamente, nas agremiações culturais transmontanas.

Era conhecido pelas suas conferências em centros culturais, escolas do ensino básico, secundário e universitário, tanto em Portugal como no estrangeiro, mormente pela Galiza, falando de temas que lhe eram preferidos, tais como literatura, jogos populares e pedagogia do jogo.
Como animador sociocultural, fundou em 1979 o Centro Cultural Regional de Vila Real (CCRVR), do qual foi Presidente da Direcção até 1991, ano em que passou a ser o Presidente da Assembleia Geral.
No Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis (FAOJ), que antecedeu o Instituto da Juventude, desempenhou os cargos de Delegado do Distrito de Vila Real e Coordenador da Zona Norte, entre 1974 e 1976. É sobretudo na investigação e organização de festas de jogos populares que a sua acção tem sido mais destacada. "Expert" do Conselho da Europa no II Estágio Alternativo Europeu sobre desportos tradicionais e jogos populares (Lamego. 1982) e principal responsável pela organização dos Jogos Populares Transmontanos e Jogos Populares Galaico-Transmontanos, com início, respectivamente em 1977 e 1983. No âmbito do CCRVR fomentou a vida associativa. promovendo numerosos encontros de associações. Foi Presidente da Direcção da Associação Nacional de Animadores Socioculturais, fundada em 1995, e, desde Março de 1996 Delegado do INATEL no Distrito de Vila Real.
No domínio das letras e das artes, fundou em Vila Real a revista Setentrião (1962) e Tellus, de que foi o primeiro Director (1978), e o mensário Nordeste Cultural (1980). Promoveu, através do CCRVR, encontros de escritores e jornalistas de Trás-os-Montes e Alto Douro (Vila Real. 1981), Chaves (1983), Bragança, Mirandela e Miranda do Douro (1984), Lamego, Régua e Alijó (1985), Vila Real (1997).

Teve uma colaboração dispersa por revistas e jornais portugueses e estrangeiros, participação em programas de rádio e de televisão, colectâneas escolares, obras colectivas e antologias de poesia. Alguns poemas de António Cabral foram cantados por Manuel Freire, Adriano Correia de Oliveira e Francisco Fanhais. Foi agraciado com as Medalhas de Prata de Mérito Municipal de Alijó (1985) e de Vila Real (1990).

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real...

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Luísa Dacosta e a mulheres de A-Ver-O-Mar

A Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro hoje acolheu com orgulho a obra (disponível) de outro(a) autor(a) transmontano: Luísa da Costa

Maria Luisa Saraiva Pinto dos Santos (Luísa Dacosta) nasceu em 1927, em Vila Real de Trás-os-Montes. Formou-se na Faculdade de Letras de Lisboa, em Histórico-Filosóficas. Foi professora do Ciclo Preparatório e em 1997 reformou-se por limite de idade.
Iniciou a sua vida literária em 1955 com a publicação de um livro de contos intitulado “Província”.
A partir de 1972 iniciou a escrita de livros para crianças e dirigiu colecções nesta área editorial.
Entre as influências que a sua produção literária manifesta, os críticos têm citado Irene Lisboa, cuja presença seria visível logo no seu primeiro trabalho.
Entre a temática que mais a interessa estão os relatos de um quotidiano vulgar e a situação da mulher.
Os seus livros situam-se num registo em que um sabor autobiográfico se mistura à crónica e ao conto.
Exerceu a critica na página literária de O Comércio do Porto e colaborou noutras páginas literárias, nomeadamente nas de O Jornal de Noticias, Diário Popular e em A Capital. Foi colaboradora das revistas Seara Nova, Vértice, Vida Mundial, Raiz e Utopia, Gazeta Musical e de Todas as Artes e de Colóquio de Letras, onde continua a colaborar.

«Mas as suas "Universidades" foram as mulheres de A-Ver-O-Mar, que murcham aos trinta anos, vivem e morrem na resignação de ter filhos e de os perder, na rotina de um trabalho escravo, sem remuneração, espancadas como animais de carga (-Ele não me bate muito, só o que é preciso) e que, mesmo afeitas, num treino de gerações, às vezes não aguentam e se suicidam (oh! Senhora das Neves! E tu permites!) depois de um parto, quando o mundo recomeça num vagido de criança! Às mulheres de A-Ver-O-Mar "deve" a língua ao rés do coloquial. Foi professora do ciclo preparatório e alguma coisa deve também aos alunos: o ter ficado do lado do sonho. Isso a tem motivado a escrever para crianças.»

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Donzel de Tinta Francisca

Donzel – Douro tinto reserva 2005

Projeto vitivinícola recente, liderado pela engenheira Mónica Figueiredo, que em 2002 adquiriu a propriedade após longa procura de vinhedos com mais de 20 anos e exposição sul junto ao rio. Uma adega com 160 anos também foi adquirida e remodelada, preservando-se os lagares de granito para pisa a pé e incorporando as tecnologias indispensáveis. Os primeiros vinhos, colheita de 2004, foram comercializados em 2006, com as marcas Donzel e Vinhas da Ciderma. Os prêmios não tardaram. Além das ótimas avaliações de João Paulo Martins, o Vinhas da Ciderma Reserva Tinto 2004 (esgotado) obteve 93 pontos da Wine Spectator e o Donzel Colheita Tinto 2005 89 pontos da mesma publicação.
[Gold – Mundus Vini – Deutschland 2010]

«Além da qualidade, um vinho que leva em sua composição uma uva portuguesa que eu não conhecia, a Tinta Francisca. E indo atrás da tal "Francisca" fiquei sabendo que é uma uva de menos corpo e mais aromática que a maioria das ivas daquela região e que chega a lembrar a Pinot Noir.
Bom, sobre o vinho, vamos lá: Um vinho de cor rubi, já tendendo um pouco ao grená, mas percebe-se pela cor que é um vinho que ainda tem alguns anos de vida. No nariz, aromas intensos de amoras, madeira e algo mais herbáceo. Na boca, um vinho que "enche a boca", com boa acidez, taninos corretos e macios, médio corpo e um final médio-longo, muito agradável. Um vinho bem "honesto" e que vale a pena beber ou guardar para daqui uns 2 anos e ver como evolui. Mas está pronto pra beber!»

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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Máscaras e mascarados de Trás-os-Montes


“Festas de Inverno no Nordeste de Portugal – património, mercantilização e aporias da cultura popular” de Paula Godinho

Esta obra interpela máscaras e mascarados do ciclo do Inverno, em Trás-os-Montes e na sua projecção e exportação. Resulta de um trabalho de campo iniciado nos anos ’80 e que se prolonga até à actualidade, evidenciando quatro fases nas alterações do contexto em que emergem, bem como as dimensões adquiridas fora dele. O argumento central baseia-se nas apropriações da cultura popular em situações diferenciadas e contemporâneas, com a coexistência e a transição entre dois tipos de conexão com as celebrações: das etnografias que sinalizam as cerimónias de Inverno como ocasiões para a crítica através da pândega e da galhofa, num contexto circunscrito, até às fracções festivas transformadas em mercadorias, que paradoxalmente se reportam a uma sociedade anterior ao formato mercantil, remetendo para a autenticidade, a antiguidade e a tradição.

Paula Godinho é antropóloga, professora no Departamento de Antropologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e coordenadora da linha de investigação “Práticas da Cultura” do IELT-FCSH/UNL. Realizou trabalho de campo no norte e no centro-sul de Portugal, na fronteira norte e na Galiza, ao longo de vários anos. 

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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O gato Osborne

“Sei Onde Mora o Herberto Helder” de Manuel Monteiro

O romance conta a história de um homem vulgar, mas que, devido a duas características, vai viver uma vida invulgar.
O personagem principal tem uma fobia que o faz perseguir homens famosos, para saber mais da sua vida íntima (Salazar, Álvaro Cunhal, Sebastião Alba, Herberto Helder) e que o conduz às mais mirabolantes aventuras.
E tem um dom sexual (fruto da iniciação na juventude com uma prostituta do Bairro Alto) que faz dele um agente de felicidade para mulheres insatisfeitas, casadas e solteiras.
No romance, um outro personagem adquire uma dimensão original: o gato Osborne, que toma a palavra e participa na acção, assumindo um papel decisivo no seu desfecho.

«O salto qualitativo dá-se no momento em que a obra é partilhada, o momento da sua existência social. Por isso, o leitor (ou o espectador ou o ouvinte) é o efectivo recriador da obra, que fora apenas pressentida no âmbito privado do seu parto. Talvez seja isso que distingue a masturbação do amor.
Quem sabe se um dia, partindo sistematicamente do particular para o geral, se essa partilha recriadora vier a ser aplicada às relações sociais, ela não poderá ser o foco da invenção de uma política nova, de uma sociedade nova, de um novo mundo. Os políticos, como os artistas, nunca deveriam ser profissionais – não no sentido da preparação e da dedicação, mas no sentido de uma actividade que os classifica na comunidade a que pertencem, e da qual se tornam dependentes. Porque essa dependência etiquetada se torna uma real divisão do trabalho, condiciona a sua liberdade de criação e acaba por impedi-los de se entregarem à partilha dos sonhos. Aquilo que é geral por natureza – a generalidade, a proclamação, a ideia já feita, a máscara do discurso e do interesse inconfessado – separa-se do real e não permite a partilha da acção, a recriação livre dos gestos e dos sentidos. Os capitalistas sabem bem – ao contrário das esquerdas – que a política efectiva parte sempre do particular para o geral, começa sempre na empresa, local genuíno da criação de mais-valia, e só depois, conforme os níveis de dominação, se alarga ao campo da chamada vida social, do lazer e da cultura, ou seja, ao espaço-tempo em que a vida parece ser privada, que é o espaço-tempo em que a força de trabalho se reconstitui, descansando, fazendo filhos e ajudando-os a crescer.»
[palavras de José Mário Branco na apresentação da obra]

Manuel Augusto Monteiro é transmontano de Vila Real. Tem 63 anos. Camponês e depois operário, é actualmente alfarrabista. Em 1974, foi um dos fundadores da União Democrática Popular e em 1979 foi eleito deputado à Assembleia da República por esta força política.
Durante quatro anos foi autarca, membro da Assembleia Municipal de Lisboa.
Em 1982 abandonou a UDP, continuando a participar na vida política em pequenos núcleos.
Aos 40 anos, com apenas a 4.ª classe, fez exame ad-hoc de acesso à universidade, frequentando o curso de História até ao 2.º ano, na Faculdade de Letras de Lisboa.

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sábado, 24 de dezembro de 2011

Grande Escolha: um "puro luxo"!

Três Bagos Grande Escolha 2007 DOC Douro Tinto

Castas: Elaborado a partir de uvas de vinhas muito velhas, com uma grande variedade de castas, onde predominam as seguintes: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca e Tinta Amarela, provenientes de vinhas do Cima Corgo e do Baixo Corgo com cotas entre 350 a 400 metros.

Palavra do enólogo: O Três Bagos Grande Escolha é um vinho proveniente de vinhas com idade superior a 60 anos, seleccionadas pela sua localização, pelo seu solo e encepamento. Durante o estágio em barricas novas, são seleccionadas as melhores, as mais equilibradas, para fazer um lote sublime e com capacidade de maturação. O vinho Três Bagos Grande Escolha, pretende ser o que de melhor se faz no Douro.

Tecnologia de vinificação: As uvas são vindimadas à mão e transportadas em caixas pequenas de 25 kg, para a adega. A Vinificação é feita em lagar e balseiros de carvalho, com maceração prolongada, no caso dos balseiros. Terminada a fermentação o vinho vai estagiar para barricas novas de carvalho francês, aproximadamente 14 meses. Durante o estágio, são feitas análises sensoriais para avaliar e seu desenvolvimento, e escolhidas as barricas mais equilibradas dos diferentes tipos de fornecedores. Atingido o equilíbrio pretendido, é feito o lote com as barricas escolhidas, e fica em cuba de inox para integração e futura colagem. No final, é submetido a uma ligeira filtração antes do engarrafamento.

Notas de prova: A cor é vermelha escura, quase opaca, com menisco vermelho vivo.
No aroma, é bastante intenso, apresenta um conjunto de aromas muito rico, começando com baunilha, especiarias, ligeiras notas fumadas, passando a fruta vermelha bem madura como amoras silvestres. Um conjunto muito intenso e cheio de elegância.
No paladar, é cheio, saboroso, complexo e muito frutado, com taninos sólidos e muito equilibrados. Pleno de fruta, é aveludado e longo, com um final rico, intenso e persistente.

Gastronomia: Pode acompanhar pratos de carne e caça bem estruturados e ricos de sabor.
Guardar a garrafa deitada em local fresco, seco e ao abrigo da luz.
Temperatura de serviço: 18 ºC

O grandioso Três Bagos Grande Escolha é, colheita após colheita, um dos maiores tintos de Portugal segundo toda a imprensa especializada, que lhe confere altas notas. É um dos poucos vinhos a merecer o cobiçado "Prémio de Excelência" da Revista de Vinhos e, ao mesmo tempo, ser indicado entre os "Melhores Vinhos de Portugal" por João Paulo Martins, que descreveu a colheita 2003 como "puro luxo".


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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Dona Antónia e o Douro


“Dona Antónia” de Gaspar Martins Pereira e Maria Luísa Nicolau de Almeida de Olazabal

Este livro conta a história de uma vida, a de Dona Antónia Adelaide Ferreira, a maior viticultora do Douro do século XIX.
Esta breve biografia de Dona Antónia procura perceber a mulher e a empresária no seu tempo, as circunstâncias e a rede de relações que marcaram a sua vida longa (1811-1896), a família em que nasceu e que alargou, a empresa a que ligou o seu nome e que dirigiu, os espaços sociais em que se movimentou, em encontros e desencontros, em alianças ou conflitos, episódicos ou duradouros.
No bicentenário do seu nascimento, Fernando Guedes, presidente da Sogrape Vinhos, detentora actual da marca Ferreira, refere que a experiência de leitura proporcionada por este livro é ímpar: «Conhecer a história da Ferreira e o percurso fantástico de Dona Antónia neste registo de qualidade é mergulhar numa fonte privilegiada de informação que nos rasga os horizontes para melhor percebermos os alicerces de uma região única capaz de produzir vinhos únicos.» 

Um livro «sobre a vida de D. Antónia Adelaide Ferreira, a célebre “Ferreirinha”, mítica figura do Douro, ao qual dedicou uma vide de trabalho, dedicação e luta, sem qualquer interesse político, e que perdura até hoje. Proprietária, gestora de várias quintas que herdou, comprou ou construiu de raiz, esteve sempre atenta a todas as iniciativas económicas que pudessem levar à sustentação financeira da sua empresa, a Companhia Agrícola e Comercial dos Vinhos do Porto, principalmente fazendo impor, como seu grande objectivo, a qualidade, ao paladar, dos seus vinhos generosos. A sua vida como mulher foi de esforço, trabalho e tenacidade, quer como mãe, filha, mulher ou empresária, dirigindo e tomando decisões da maior importância, numa época de grande crise, o oposto do que se exigia às mulheres de então, do seu estrato social, praticamente apenas preocupadas com a beleza, a fragilidade e a sensualidade, dependentes dos homens, sem iniciativa e desligadas do mundo dos negócios. Para além do empreendorismo, D. Antónia Adelaide Ferreira teve também uma vida altruísta, filantrópica e de grande generosidade, que se não limitou à solidariedade social, mas criando riqueza para si, para a Região Duriense e o País, ao criar oportunidades para si, família e seus trabalhadores.» Mário Mendes

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O Povo sabe dizer...


“O livro de Anacleto Pereira” – Murça – Anos 40 do Século XX
edição Associação dos Amigos de Murça, Outubro de 2011

Anacleto Pereira nasceu em Murça (Trás-os-Montes), em 20 de Abril de 1905 (tendo falecido em 02.11.1988). Trabalhou desde menino e moço como assalariado rural. Por tal facto, nunca teve tempo para aprender a ler e a escrever.
Legou-nos os seus versos, além dos enterros do Entrudo, cujo reportório se perdeu. Esta obra é uma ínfima parte daquilo que ele foi ditando à mulher e aos filhos, trabalhos que se perderam também, infelizmente!

O Povo sabe dizer
Palavras que soam bem.
Sem saber ler nem escrever
De ideias fica refém.

«Trata-se de um corpo de textos edificantes, até catequéticos, com forte dimensão axiológica, veiculando uma certa rebeldia perante a adversidade e a superação do mistério que envolve o nascimento, a vida e a morte. É um homem telúrico, no sentido torguiano, que atravessa os temas, as personagens e ambientes desenvolvidos nas composições. Esteticamente, a colectânea é uma preciosidade poética, raríssima e, aparentemente, perdida em Trás-os-Montes, quando era, ainda, verdadeira a máxima: “Para lá do Marão, mandam os que lá estão”. É uma comunicação estratégica, pedagógica e ética, sob uma medida clássica, cuja aprendizagem e utilização se apresentam estranhas, surpreendentes e obscuras.»
José Esteves Rei, em posfácio

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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Olaria negra de Bisalhães

«A olaria de Bisalhães apresenta uma singularidade que é, nada mais nada menos, do que a cor negra das louças. O segredo está no forno e nos métodos da cozedura. O forno é um buraco aberto na terra, assemelhando-se a uma cratera, com três paredes naturais revestidas a barro e uma quarta parede de pedra, onde se situa a porta. As peças são colocadas numa grelha em ferro sobre a qual se põe a lenha a crepitar. Para que os artigos cozam totalmente, põe-se, por cima da louça, uma camada de rama de pinheiro verde a arder. Para impedir a libertação de fumos, o forno artesanal é abafado com uma camada de caruma, musgo e terra. É aqui que reside o segredo. Se não se abafasse, a louça ficava vermelha. Para o sucesso da cozedura são necessárias cerca de 24 horas e o número de fornadas por ano, varia de oleiro para oleiro»
Júlia Violante de Carvalho Ribeiro Correia, “Conhecimento do património artístico regional – Preservação do Artesanato de Bisalhães

Na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro temos o imenso orgulho de disponibilizarmos o olaria negra de Bisalhães, moldados pela arte das mãos de Cesário da Rocha Martins, um dos três septuagenários oleiros que restam na actividade, estando disponíveis algumas das peças tradicionais, como a bilha de rosca, bilha de melão, bilha de cantil, alguidar de fornalha, alguidar churro (antigo), assadeiras, lamparina, pichorra (antiga), caneca de bico postiço, assadeira de castanhas – os desenhos são traçados pela sua mulher, Adurinda Martins Cigre.

Do reino maravilhoso de Miguel Torga & Graça Morais

“Um Reino Maravilhoso” texto de Miguel Torga pinturas de Graça Morais
É um maravilhoso livro-objecto que junta dois vultos maiores da cultura portuguesa do século XX. Dois transmontanos de corpo e alma. O escritor Miguel Torga (natural de São Martinho da Anta) e a pintora Graça Morais (natural do Vieiro). O texto de Torga (que começa em jeito de fábula: “Vou falar-lhes de um Reino Maravilhoso”) foi proferido em 1941 num congresso sobre Trás-os-Montes; as pinturas de Graça Morais (49 no total) fazem parte das séries Terra Quente, AS Deusas da Montanha e Metamorfose. É um mundo fantástico, dos animais, da lavoura, das árvores, das gentes. Do granito, das serras, das montanhas. De um “sol de fogo” e “um frio de neve”. O maravilhoso reino da terra. Diz Torga: “O que é preciso, para os ver (estes mundos), é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade e o coração, depois, não hesite.”

"Passei o Verão fechada no meu atelier da Costa do Castelo, em Lisboa, a desenhar e a pintar com o objectivo de apresentar uma exposição inédita de homenagem a Miguel Torga, em resposta ao convite da Dra. Berta Duarte, dos Serviços Culturais da Câmara Municipal de Coimbra, para fechar as comemorações do centenário do nascimento do escritor.
As cabeças das mulheres que pintei mostram rostos de olhos fechados que meditam numa vida cheia de histórias e de sofrimento.
No tempo de Miguel Torga, nascia-se e morria-se em casa. No nascimento e na morte, são sempre as mulheres que estão presentes, desempenhando as tarefas mais difíceis, mais íntimas, mais sagradas, como a assistência aos partos ou o lavar e vestir dos mortos.


A minha escolha dos rostos das mulheres de idade avançada, cheias de saber e de experiência vivida, verdadeiras guardiãs da memória do tempo e duma cultura rural em rápida extinção, representa a minha identificação com o mundo de pessoas, de bichos, de paisagens naturais e humanas, de um espaço geográfico intensamente recriado por Miguel Torga.
Os retratos que iniciei a partir do rosto da minha mãe, transmutaram-se noutros rostos de mulheres, mulheres sem nome, deixando de ser retratos, para se transformarem apenas em desenhos e pinturas. Conheci Miguel Torga em 1986, em Coimbra, por ocasião da minha exposição “Mapas e o Espírito da Oliveira”, organizada a convite de Túlia Saldanha, no Círculo de Artes Plásticas.
Mais tarde, no início dos anos 90, visitei-o na sua casa em Coimbra a propósito de um projecto de livro, que nos foi proposto pelo ex-governador civil de Bragança, Dr. Júlio Carvalho.
Tratava-se, nada mais, nada menos, do que uma edição especial de “Um Reino Maravilhoso” com pinturas originais. Torga não queria uma ilustração do texto. Pediu-me para pintar grandes telas que representassem o meu “Trás-os-Montes” para se juntar ao seu texto. Lembro a hospitalidade, enorme simpatia e afabilidade de Miguel Torga, acompanhado de sua mulher Andrée Crabbé Rocha. Ofereceram-me a bôla de Vila Real e cerejas frescas de São Martinho de Anta. Durante a conversa, recheada de estórias de vida, interrompendo de tempos a tempos, dizia com um enorme sorriso: Coma cerejas, Graça… coma! Parecia um poema
Só no ano 2000, depois de uma residência artística na minha região transmontana, é que finalmente surgiram as grandes telas a que chamei “Terra Quente-O fim do milénio” - Aí estavam as grandes telas que Torga desejava para o seu livro.


Finalmente em Setembro de 2002, foi editado pela D. Quixote, o nosso livro, “Um Reino Maravilhoso”, com apresentação em Bragança, no Congresso de Trás-os-Montes e Alto Douro.
É com enorme prazer que me associo mais uma vez a Miguel Torga, um escritor que desde a minha juventude me emocionou e me ensinou a valorizar o Local como espelho do Universal."
GRAÇA MORAIS

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Histórias de Natal


“Histórias de Natal – contadas em verso” de Alexandre Parafita, ilustrações de Bruno Pereira

Histórias de Natal Contadas em Verso é um livro que procura recuperar o imaginário natalício nas suas expressões mais originais e mais puras. Por isso, nestas páginas, o conceito de Natal aparece rodeado dos valores universais da amizade e da fraternidade, seja no teor das histórias seja na simbologia das personagens: o palhacito, o gaiteiro, a moleirinha, os pastores, os três reis do Oriente, entre outros.
A enriquecer o livro, há ainda uma pequena peça de teatro de Natal (" A Procura de Uma Estrela") para ser representada pelos mais pequenos na sala de aula ou em festas natalícias, e que pode constituir-se num excelente instrumento também para professores, educadores e pais.

Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para projectos relacionados com o Natal nos 3º, 4º, 5º e 6º anos de escolaridade.

Estamos, pois, perante aquilo a que poderíamos apelidar de reinvenção da tradição, isto é, a escrita de versões próximas de textos tradicionais existentes (...). O que nos permite concluir que a reescrita de contos em verso, que pertencem ou pertenceram à tradição oral, constitui um modo de transmissão original e com grande receptividade por parte do público infantil. Através do filtro da memória reconstrói-se uma nova história, cem vezes contada, cem vezes ouvida, mas que lemos sempre e ouvimos sempre como se fora pela primeira vez...
Altina Fernandes, em A Voz do Olhar, Instituto Piaget, Janeiro de 2001

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domingo, 18 de dezembro de 2011

“Olha o rebuçado da Régua..."

“Olha o rebuçado da Régua, levem rebuçados da Régua!” Quem chega à Régua de comboio é saudado desta forma pelas Rebuçadeiras que de bata e lenço brancos vão vendendo rebuçados no largo e na estação da CP.

Rebuçadeira é uma profissão que se imagina tão antiga quanto a iguaria, não havendo ao certo uma data exacta para a origem do fenômeno e do negócio. Actualmente, os Rebuçados fazem parte da identidade de Peso da Régua, elementos de uma tradição que se tem mantido viva ao longo das gerações.

Cada Rebuçadeira confecciona os rebuçados de um modo muito próprio. A receita é aparentemente simples: basta açúcar, mel, limão e manteiga. «Depois de o açúcar em ponto, com duas cascas de limão, ter passado para a pedra mármore, untada com margarina e daí para o plástico esticado da mesa, ainda a ferver, as mãos vão cortando os rebuçados um a um, rápida e habilmente, para depois os embrulhar em forma de laçarotes.» Mas o segredo que lhes dá o "verdadeiro sabor" é algo que recusam partilhar: cada rebuçadeira guarda o seu segredo de confecção como sendo o tesouro da sua vida.

Na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro temos o imenso orgulho de disponibilizarmos “rebuçados da Régua” confeccionados pela arte das mãos de Maria José Leitão, rebuçadeira na Estação de Peso da Régua...

sábado, 17 de dezembro de 2011

A cabra e o Parque Nacional Peneda-Gerês

“A Cabra Imigrante” texto Manuel Jorge Marmelo ilustração Miguel Macho

O escritor Jorge Marmelo e o ilustrador Miguel Macho aceitaram o desafio "Pintar o Verde com Letras" que a Delegação Regional da Cultura Norte lhe lançou e, em conjunto, construíram uma história que nos fala do Parque Nacional Peneda-Gerês como área protegida. Na sua classificação como zona protegida estiveram importantes valores naturais (fauna e flora) e culturais (património histórico-arqueológico, património construído e paisagem) que se encontram um pouco por todo o território. O projecto " Pintar o verde com letras" veio de encontro à intervenção educativa desenvolvida pelo PNPG, ao procurar aproximar as crianças que residem nesta área à história da sua região e ao imaginário de uma comunidade que sempre viveu em profunda ligação com a terra e com os animais. Ao fazê-lo com recurso à palavra de Jorge Marmelo e à ilustração de Miguel Macho, desenvolvem o gosto pela escrita e pelos livros, contribuem para a partilha de informação e para o contacto com o exterior, constituindo assim uma forma agradável de conhecimento e sensibilização para a conservação de um património que é de todos e todos devem preservar. É um projecto transfronteiriço.

«O urso e a cabra são personificados no último exemplar de cada espécie, aos quais é atribuído nome - o urso Barnabé e a cabra Alfredina. Esta parece ser uma estratégia de aproximação afetiva ao leitor e um artifício retórico que visará a condenação da destruição das espécies animais que partilham o habitat planetário com o homem. Esta condenação não tem somente uma orientação retrospetiva e lamentosa, mas incorpora uma orientação prospetiva e ativa: afirma o narrador, dirigindo-se diretamente narratário (e ao leitor), que «se não tiveres cuidado, é também isto que acontecerá às últimas águias-reais que ainda resistem nas fragas, aos lobos-ibéricos, às gralhas-de-bico-vermelho, ao bufo-real, ao falcão-abelheiro, ao garrano ou à salamandra-lusitânica. Ou ainda ao lírio-do-gerês ou ao azevinho». Esta nomeação de espécies animais e vegetais atribui-lhes relevo, torna-as presentes no imaginário e na vida mesmo dos que não pisam o Parque, e pode contribuir para o reconhecimento da sua importância e das ações a favor da sua preservação. A biodiversidade é, pois, evocada neste texto, assim como a necessidade da adoção de modos de vida que a respeitem e mantenham.»
Ramos, R. & Ramos, A. M., 2010

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Pare, Escute, Olhe... pelo Tua


Este livro é um documentário fotográfico realizado pelo fotojornalista Leonel de Castro, com texto do jornalista Jorge Laiginhas, motivado pela supressão da chamada Linha do Tua, que irá ficar submersa após a construção da barragem do Tua.”
Trata-se de um documento histórico, uma vez que é um trabalho inédito e único de registo fotográfico exaustivo.”
Os registos fotográficos captam não só a enorme beleza e dignidade da paisagem, como a própria vida da linha ferroviária: as pessoas que a utilizam, a presença dos carris e do comboio na terra e na vida das gentes da região.” 
Este livro está associado ao documentário de Jorge Pelicano, com o mesmo nome, que tem ganho diversos prémios nacionais (num só dia ganhou 6 prémios). [ver www.pareescuteolhedoc.blogspt.com]
 «Pare, Escute, Olhe é uma obra total, a síntese perfeita entre estética e ética. No campo da fotografia, Leonel de Castro celebra, no golpe de luz que preside à alquimia do grão, nas angulações próprias de um olhar que ama o objecto da sua atenção, a fundura desse vale por onde corre o Tua, as arestas vivas das fragas que o conformam e o corpo das oliveiras que nele irrompem. 
Mas também o perfil da gente transmontana que convive com essa garganta, de terrível formosura, talhada contra um céu de lousa riscado pelo milhafre livre. E mesmo o funesto nos parece belo nestas impressões, tingidas por uma devoção que não renega as raízes, antes as cultiva com o fervor e a paixão dos filhos pródigos.
Para lá da sucessão de quadros que, folheando o livro, obriga a reparar no indizível, há essa outra arte, que tanto acrescenta às letras, de Jorge Laiginhas. Pois que ele, escritor da mais fina cantaria, traduz e transforma os calhaus da natureza bruta em rutilâncias de cristal e poesia pura, recuperando localismos, burilando regionalismos, cunhando neologismos que, juntos, compõem um hino exaltante ao povo e à terra que o viram nascer.
Infelizmente, por esta obra notável perpassa o lamento de uma morte anunciada, a da linha do Tua, em função de uma barragem (da meia dúzia que se projecta para a região) que nada trará, em boa verdade, ao vale que vai destruir nem às pessoas que - ainda - o habitam. Assim, mais do que o seu aspecto utilitário, a via-férrea que o livro projecta e evoca é um símbolo da miopia nacional, e outra vítima do centralismo que ignora, e despreza, a magia desse país que lhe escapa do horizonte imediato.
É por isso, por se afirmar como protesto contra o famigerado destino a que a lógica tecnocrata condenou tal vale, que este livro se afigura, também, atitude ética de vasto alcance. Pare, Escute, Olhe é um manifesto contra a perspectiva obtusa dos decisores que, distraídos na contemplação ignara do próprio umbigo, nele concentram o universo sem cuidarem de que há mais mundo. Sem perceberem que Portugal, este torrão vivo que se espraia muito para lá do Terreiro do Paço, só o será por inteiro se nele incluir Trás-os-Montes e o vale que insistem, com zelo assassino, em converter no abismo do esquecimento.
É por isso, enfim, que ler, e ver, e folhear, e parar, e escutar e olhar esse património único é, mais do que um exercício de diletância que se esgota no prazer do texto e da imagem, uma exigência cívica.»
Elmano Madail, “Diário de Trás-os-Montes”

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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Fura de Galafura

Fura - Douro tinto 2006.
A Vinhas da Ciderma apresenta o seu primeiro unoaked, o Fura Tº 2006, elaborado a partir das castas Tinta Roriz (60%), Touriga Franca (35%) e Tinta Barroca (5%).
As uvas foram vindimadas manualmente para caixas de 20Kg, com desengace total. A fermentação ocorreu em lagares de granito, com pisa tradicional.
Apresenta aromas a frutos vermelhos maduros, com ligeiro toque a vegetal. Na boca é fresco, bastante equilibrado e com alguma complexidade. Suave, de médio porte e muito fácil de se gostar.
Destacado com 82 pontos no concurso MUNDUSvini 2010.
Teor alcoólico: 13%.
Conteúdo: 75cl
Enóloga: Mónica Figueiredo

Wine Masters Challenge 2011 - XIII World Wine Contest.
Decanter World Wine Awards 2011
[ver e ler “Revista de Vinhos” n.º264 de Novembro 2011, o artigo “De corpo e alma em Galafura” texto João Paulo Martins fotos Anabela Trindade, p. 36 a 42]

Do Douro surge o projecto Vinhas da Ciderma. Nasce da vontade de fazer bons vinhos a partir de uma escolha criteriosa das uvas, provenientes de São Leonardo de Galafura, local reconhecido como tendo especial aptidão para produzir vinhos de grande qualidade. As vinhas estendem-se na margem direita do Rio Douro, à cota de 150 metros de altitude, em patamares de xisto, cultivadas em sistema de Produção Integrada e estão, na sua totalidade, licenciadas para produção de vinho do Porto Letra A. A adega, com 160 anos, lagares em granito e paredes espessas de pedra que lhe confere uma frescura natural, foi adaptada às modernas necessidades de vinificação e higienização, mantendo o respeito pela sua traça antiga. Os vinhos apresentados demonstram bem a qualidade e prestígio desta selecção, como comprovam as três marcas desta empresa: Fura, Donzel e Vinhas da Ciderma.

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O Vinho do Porto e os ingleses


“O Vinho do Porto – Processo de Uma Bestialidade Inglesa” de Camilo Castelo Branco, exposição a Thomaz Ribeiro.

Trata-se de um curioso texto de Camilo Castelo Branco originalmente editado em 1884, reeditado agora pela Colares Editora, com prefácio do camilianista José Viale Moutinho. Um relato vingativo de Camilo contra os ingleses, nomeadamente o Barão de Forrester, tido pela História como um dos pioneiros visionários do Douro.

«O que o autor pretende é criticar Inglaterra, personificada no Barão de Forrester (que havia morrido no conhecido naufrágio no Cachão da Valeira, em que a Ferreirinha terá sobrevivido porque as suas saias eram de tal forma amplas e rodadas, que a mantiveram à tona) e noutros condes, viscondes e outros que tantos que se intrometem e ficam com as glórias de coisas nossas como o Vinho do Porto.»

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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Tribute to the Douro region


“Vindima” de Miguel Torga, versão em língua inglesa: “Grape Harvest”, Miguel Torga’s novel, is a tribute to the Douro, its people and its lanscapes. A book for all those who love this extraordinary region.

“Faithful to the reality of life in those times, I wrote of a tormented Douro, of class struggle, of injustice, sweat and misery. Fortunately, that Douro is changing. Not to the extent that certain people with troubled consciences would like it to be believed, but, in many aspects at least, it is considerably different from the region I then described. The tyrannical landowners, degrading worker’s huts and starvation wages have disappeared. The bands of hired grape pickers now come down from the mountain by bus, the food has improved and the work is less exhausting. The falls and rapids of the river, too, have been drowned in the tranquillity of man-made lagoons. Nonetheless, I still believe that you will not tire your eyes in vain contemplating the picture I have painted” Miguel Torga, 1988

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Postais do Douro
















Postais de Álvaro Cardoso de Azevedo (Casa Alvão), Colecção Instituto dos Vinhos do Douro...
e
Postais Douro Património Mundial – World Heritage - Portugal
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domingo, 11 de dezembro de 2011

são salvador do mundo de valter hugo mãe

“são salvador do mundo” texto valter hugo mãe ilustração rui effe

São Salvador do Mundo é um notável acidente paisagístico que regista a admiração e devoção humanas desde épocas longínquas, inserido numa área classificada como Património Cultural da Humanidade do Douro Vinhateiro. Ao longo das épocas Moderna e Contemporânea quase todos os autores referem a grande afluência de devotos ao Santuário. Hoje, a festa ainda se realiza todos os anos. O escritor Valter Hugo Mãe e o Ilustrador Rui Effe também responderam ao desafio " Pintar o Verde com Letras" que a Delegação Regional da Cultura propôs. Valter Hugo Mãe descreve de uma forma muito particular as práticas costumeiras e devocionais que aí se praticam num acto propiciatório ao casamento: acredita-se que uma jovem que vá em peregrinação ao santuário, se conseguir dar um nó na rama de uma giesta com a mão esquerda, sem parar, se este nó depois não se desatar, ela casará no espaço de um ano.







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sábado, 10 de dezembro de 2011

Primeira região demarcada do mundo: DOURO


“História da Primeira Região Demarcada – Vinho do Porto e Região do Douro” de Ceferino Carrera
O relançamento deste livro é de uma grande oportunidade – a primeira é histórica, com a comemoração dos 250 anos (1756-2006) da criação da primeira região demarcada no mundo a REGIÃO DO DOURO, a segunda pelo trabalho que o autor – Ceferino Carrera – pôs ao dispor do leitor mais distraído, propondo-lhe a evolução da cultura da vinha na Região Duriense que remonta à pré-história até aos nossos dias, passando pelo dia “10 de Setembro”: “Aos 10 de Setembro de 1756, por Alvará Régio de El-Rei D. José I, sob os auspícios do seu Primeiro-Ministro, Sebastião José de Carvalho e Mello, foi instituida a Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto-Douro, também denominada Real Companhia Velha.”
Esta data, graças à iniciativa do Marquês de Pombal, é um marco pioneiro para a história mundial de classificação das regiões vinícolas.
É de considerar também a dimensão técnica desta obra que informa desde o ciclo dos trabalhos da terra – plantação da vinha, os granjeios da vinha no Douro (a cava, escava, enxertia, empa, segunda cava, poda, etc), às castas, aos tipos de vinho do Porto, etc.
Trata-se pois de um livro útil, que nos permite conhecer e valorizar como o trabalho metódico e inteligente que ganhou uma terra acidentada que nos responde com as magníficas vinhas do Douro.

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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Diário Perpétuo

Esta é a segunda versão do Diário Perpétuo.
É composto por doze páginas que correspondem a doze meses. Em cada página existe um espaço para identificar o mês e o ano e 31 linhas numeradas que correspondem a cada um dos dias do mês. O diário pode ser estreado em qualquer altura do ano.
As capas e as páginas do interior foram impressas em tipografia sobre 4 cores de cartolina: laranja, amarelo, cinza e branco.
Em cada caderno, a cor do papel da capa nunca é igual à cor do interior, o que originou 12 modelos diferentes. Existem 215 exemplares numerados de cada modelo.

Acabou de ser impresso em Outubro de 2011 em Lisboa, Portugal, numa tiragem de 2580 exemplares.
Dimensões: 15,5cm x 21cm
Papel da capa e miolo: Cartolina popset 240g

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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Pão feito em casa


“Pão feito em Casa” de M. Margarida Pereira-Müller, é um guia para o consumidor de pão, acrescentamos mesmo para o consumidor esclarecido de pão, exigente na saúde e requintado no sabor. Para além da imprescindível componente prática - com muitas e imaginativas receitas - este livro desenvolve também uma componente cultural.
Inclui uma breve história do pão, identifica os cereais e as suas características. Estabelece um método acessível para a preparação e fabrico, tendo em linha de conta os ingredientes utilizados. A autora resolve com funcionalidade a feitura deste alimento de excelência, associando as vantagens de utilização da máquina de pão ao quotidiano onde o tempo é escasso.
São múltiplas e variadas as receitas propostas: pão camponês com sementes de girassol, pão de amêndoas e cenoura, pão de centeio, pão de sésamo, pão de quatro cereais, pão inglês, pão de trigo e vários pães doces e pães salgados. O pão que é o nosso alimento de referência poderá assim, ser mais rico, criativo e saudável ao assumirmos completa autonomia na sua preparação e fabrico.

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Mirandés i Mirandês



“Mirandés – stória dua lhéngua i dun pobo” (versão em língua mirandesa)
“Mirandês – história de uma língua e de um povo” (versão em língua portuguesa)
A história do povo Mirandês em Banda Desenhada, uma obra de José Ruy, com a coordenação científica de Amadeu Ferreira, autor este que assinou já várias obras em língua mirandesa obras de escritores latinos ( Horácio, Virgílio e Catulo ) e duas aventuras de Astérix.

L teçtemunho de José Ruy, l outor de la banda zenhada i de la stória:
«Tudo começou num almoço de trabalho com o meu editor e o Dr. Amadeu Ferreira, conhecedor profundo do historial da zona de Miranda do Douro, que abrilhantou o repasto com o seu entusiasmo e saber quanto à língua mirandesa e da sua formação através dos séculos. Aí surgiu a ideia de se fazer um livro em Banda Desenhada. Mais, iria ter também uma edição em mirandês, além do português.
Não fazia ideia, nessa altura, do modo como me ia apaixonar pelo tema e da grande amizade que me liga hoje ao Dr. Amadeu. À medida que ia recebendo as informações para construir a história, mais a minha admiração aumentava, principalmente pela disponibilidade e simpatia como eram enviadas.
Foram dois anos de trabalho, reunindo documentos, visitando o planalto mirandês tendo por guia este verdadeiro «embaixador» da língua, que se transformou no coordenador científico da obra.
Tudo foi estudado e revisto ao mais ínfimo pormenor. Mas depois dos esboços, entrei na execução dos originais, em formato maior, para serem digitalizados para a impressão na gráfica. E também aqui surgiu mais uma particularidade. Enquanto que nas décadas anteriores eu coloria com aguarela, sobre o papel dos originais, decidi repentinamente fazer as cores deste livro pelo processo digital. Foi uma luta na rápida aprendizagem do programa, numa corrida contra o tempo, pois havia compromissos a cumprir.
Assim, «Mirandês, História de Uma Língua e de Um Povo» não é mais um livro meu, ele significa um marco na minha carreira de 65 anos, na passagem do processo analógico usual, para o digital.

Sinto-me honrado e bafejado pela sorte, por ter tido a oportunidade de fazer esta história, e por ter trabalhado com o Dr. Amadeu Ferreira, usufruindo do seu grande saber e da sua sincera entrega.
Espero que quem veja e leia este livro, sinta o amor e dedicação que todos nós, incluindo o editor Dr. Baptista Lopes, empregámos na sua concepção.»
José Ruy
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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Meruge - maturidade e juventude

Meruge Tinto 2007 DOC Douro Tinto

«As uvas que fazem este Meruge 2007 cresceram em duas vinhas de características muito distintas, ambas situadas no Cima Corgo. De uma vinha velha e outra nova foram cuidadosamente vindimadas as melhores, Tinta Roriz, Touriga Franca e Touriga Nacional. Maturidade e juventude, estilos que se completam, vinhos que se equilibram.»

Palavra do enólogo: A Quinta de Meruge, associada da lavradores/de/feitoria, apresenta caracteristicas muito especiais, principalmente na casta Tinta Roriz, o que nos colocou um desafio. Pensar em vinificar de maneira diferente. Assim nasceu o Meruge, com caracteristicas do Douro, embora mais suave, elegante e menos encorpado, com nuances internacionais. Muito equilibrado. Promete longevidade.

Tecnologia de vinificação: A vinificação ocorreu em lagares, bem como em cubas de inox, c/ remontagem automática e controlo de temperatura. Após suave esmagamento e sem desengace, a fermentação, decorreu com homogeneizações ligeiras e macerações muito controladas, conseguindo-se desta forma uma extracção fenólica e aromática desejada.
De seguida, o lote estagiou em barricas novas de carvalho francês, mas sempre com o objectivo de preservar o carácter frutado, característico dos vinhos do Douro. Foi submetido a uma colagem e filtração antes do engarrafamento.

Notas de prova: Bonita cor vermelho grená, limpo e translúcido. O aroma é fresco, frutado, e rico em especiarias como café e cacau, proveniente de um longo estágio em madeira, suportados por fruta vermelha do tipo cereja.
Na boca, a entrada é fresca, elegante, com taninos macios e aveludados, predominando o carácter frutado.
Muito saboroso, apresenta uma acidez bem equilibrada, um paladar rico em fruta e com um final longo.

Gastronomia: Pode acompanhar pratos de carne e caça.
Guardar a garrafa deitada em local fresco, seco e ao abrigo da luz. 
Temperatura de serviço: 18 ºC

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A mais recente obra de A.M. Pires Cabral


“Cobra-d’Água” é o título mais recente de A.M. Pires Cabral, «o seu quinto livro de poesia ‘moderna’ na medida exacta em que, dialogando com a tradição lírica, assume toda a tragédia que é tanto mais portuguesa quanto universal.»

Recordamos que o autor vai apresentar em lançamento esta sua obra no dia 6 de Dezembro pelas 18h30 na FNAC Santa Catarina, no Porto.


Já disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Agenda Perpétua - tipo almanaque


“Agenda Perpétua - A Gastronómica” de Loy Rolim

No decorrer do ano e com prazer poderá descobrir os segredos de A Gastronómica, que revela a história dos produtos, dos lugares, a biografia dos cozinheiros desde a antiguidade aos nossos dias, etc. 
O critério foi o seguinte: seleccionar os 12 melhores vinhos do mundo, identificar os queijos tradicionais portugueses e os respectivos métodos de produção, efectuar o levantamento dos diversos tipos de pão em Portugal, desde o pão do Alentejo à broa de Avintes, descrever a origem histórica da pastelaria tradicional - bolo-rei, cavacas, pão de ló, pasteis de Belém, etc., caracterizar a oliveira, a azeitona e o azeite em Portugal, identificar a qualidade do salgema e do sal marinho, etc. 
Foi dada especial atenção às marcas portuguesas que fazem parte do nosso património; a Ferreirinha, Sandeman, Mateus Rosé, Adriano Ramos Pinto, Licor Beirão, azeite Herculano, Abel Pereira da Fonseca, licor de ginja MSR, etc. Não foram esquecidos os cafés célebres - a Brasileira, Martinho da Arcada, Majestic; os restaurantes históricos - O Tavares, Marrare do Polimento, João do Grão; as casa de chá - Ferrari, Versailles; as casa típicas de ginjinha, etc. 
Inclui ainda a biografia de autores e cozinheiros famosos - Taillevent, Antonin Carême, João da Matta, Maria Emília Cancella de Abreu fundadora da primeira revista portuguesa de culinária - Banquete. 
A Gastronómica é uma agenda de "ler e chorar por mais" e para sempre, porque é perpétua!
Gourmand World Cookbook 2010 - Best Food Literature Cookbook

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