A Traga-Mundos tem o orgulho de acolher a obra reunida de mais um emérito autor «transmontano de boa cepa»: Domingos Monteiro
«Ficcionista, dramaturgo, poeta, ensaísta, nascido a 6 de setembro de 1903, em Barqueiros, Mesão Frio, e falecido em 1980, em Lisboa. Licenciado em Direito, fundou a editora Sociedade de Expansão Cultural; foi diretor das Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian. Tradutor de Balzac, Dostoievski, Thomas Mann, Maupassant, Poe, Mark Twain, afirmou-se como ficcionista numa obra que, combinando originalmente o social com elementos fantásticos e psicológicos, é movida pela convicção de que "não se deve deixar sossegada e tranquila a consciência dos homens, pois que esta só pode exercer o seu primado numa atmosfera de angústia e de inquietação» (cf. posfácio a O Mal e o Bem, 3.a ed., 1957).
«Encontramos o futuro escritor em Vila Real , entre 1918 e 1920, como aluno interno do Liceu Central de Camilo Castelo Branco. Aqui passou pois aproximadamente dois anos, deixando-nos referências à Vila Real que conheceu num romance de pendor autobiográfico intitulado “O Caminho para Lá”.»
Nesta obra «o escritor revela já muitas das suas vivências vila-realenses: a decisão de vir estudar para Vila Real; a partida do batalhão do RI 13 para a Grande Guerra em 21 de Abril de 1917; uma descrição do passeio de trás do cemitério, que aliás lhe serviu de cenário para o encontro com a primeira namorada; a passagem do comboio em Tourinhas; o convívio com os colegas do Liceu, que o alcunharam de Guedelhas, onde se revelou um rapaz destemido; a doceira que vendia bolos («doces cobertos com açúcar corado») à porta do Liceu e que, por metade do preço, permitia que os clientes apenas lambessem os doces; a sua primeira experiência sexual, que aliás lhe causou repugnância, com uma mulher que «por um tostão exibia aos estudantes as intimidades do seu corpo» (situação também descrita pelo Coronel Chico Costa num conto inédito); os efeitos da Traulitânia e da pneumónica; as amizades que lhe foram proporcionadas pelo meio; o sucesso da sua vida escolar em Vila Real.» [Grémio Literário Vila-Realense]
«Foi a sua segunda mulher que teve um papel importante na génese dos seus contos e narrativas, publicados depois dos anos 60, colaborando estreitamente com ele, em todas as fases da elaboração do seu trabalho.
Domingos Monteiro arquitectava o enredo dos seus livros e construía mentalmente o plano da obra. Os seus últimos livros foram ditados a D. Ana Maria como quem conta um conto.
A partir daí, era a ela que competia a edição do texto e a sua conclusão até toda a obra estar impressa.»
Obras de Domingos Monteiro:
“Contos e Novelas” Vol. I – “Enfermaria, Prisão e Casa Mortuária” (1943), “O Mal e o Bem e outras novelas” (1945), “Contos do Dia e da Noite” (1952): Vol. II – “Histórias Castelhanas” (1955), “Histórias Deste Mundo e do Outro” (1961), “O Dia Marcado” (1963); Vol. III – “Contos do Natal” (1964), “O Primeiro Crime de Simão Bolandas” (1965), “Histórias das Horas Vagas” (1966); Vol. IV – “Histórias do Mês de Outubro” (1967), “A Vinha da Maldição e outras histórias quase verdadeiras” (1969), “O Vento e os Caminhos” (1970), Vol. V – “O Destino e a Aventura” (1971), “Letícia e o Lobo Júpiter” (1972) e “O Sobreiro dos Enforcados e outras narrativas extraordinárias” (1978).
“Poesia” – “Orações do Crepúsculo” (1920), “Nau Errante” (1921), “Evasão” (1953) e “Sonetos” (1978).
“Ensaios” – “Bases da Organização Política dos Regimes Democráticos” e “Livros Proibidos e outros ensaios”
Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real.. .
[Nota: as edições originais da obra de Domingos Monteiro encontram-se esgotadas; esta é uma edição da Imprensa Nacional – Casa da Moeda, efectuada entre Maio de 2000 e Junho de 2004, com tiragens de apenas 800 exemplares...]
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