“Sei Onde Mora o Herberto Helder” de Manuel Monteiro
O romance conta a história de um homem vulgar, mas que, devido a duas características, vai viver uma vida invulgar.
O personagem principal tem uma fobia que o faz perseguir homens famosos, para saber mais da sua vida íntima (Salazar, Álvaro Cunhal, Sebastião Alba, Herberto Helder) e que o conduz às mais mirabolantes aventuras.
E tem um dom sexual (fruto da iniciação na juventude com uma prostituta do Bairro Alto) que faz dele um agente de felicidade para mulheres insatisfeitas, casadas e solteiras.
No romance, um outro personagem adquire uma dimensão original: o gato Osborne, que toma a palavra e participa na acção, assumindo um papel decisivo no seu desfecho.
O personagem principal tem uma fobia que o faz perseguir homens famosos, para saber mais da sua vida íntima (Salazar, Álvaro Cunhal, Sebastião Alba, Herberto Helder) e que o conduz às mais mirabolantes aventuras.
E tem um dom sexual (fruto da iniciação na juventude com uma prostituta do Bairro Alto) que faz dele um agente de felicidade para mulheres insatisfeitas, casadas e solteiras.
No romance, um outro personagem adquire uma dimensão original: o gato Osborne, que toma a palavra e participa na acção, assumindo um papel decisivo no seu desfecho.
«O salto qualitativo dá-se no momento em que a obra é partilhada, o momento da sua existência social. Por isso, o leitor (ou o espectador ou o ouvinte) é o efectivo recriador da obra, que fora apenas pressentida no âmbito privado do seu parto. Talvez seja isso que distingue a masturbação do amor.
Quem sabe se um dia, partindo sistematicamente do particular para o geral, se essa partilha recriadora vier a ser aplicada às relações sociais, ela não poderá ser o foco da invenção de uma política nova, de uma sociedade nova, de um novo mundo. Os políticos, como os artistas, nunca deveriam ser profissionais – não no sentido da preparação e da dedicação, mas no sentido de uma actividade que os classifica na comunidade a que pertencem, e da qual se tornam dependentes. Porque essa dependência etiquetada se torna uma real divisão do trabalho, condiciona a sua liberdade de criação e acaba por impedi-los de se entregarem à partilha dos sonhos. Aquilo que é geral por natureza – a generalidade, a proclamação, a ideia já feita, a máscara do discurso e do interesse inconfessado – separa-se do real e não permite a partilha da acção, a recriação livre dos gestos e dos sentidos. Os capitalistas sabem bem – ao contrário das esquerdas – que a política efectiva parte sempre do particular para o geral, começa sempre na empresa, local genuíno da criação de mais-valia, e só depois, conforme os níveis de dominação, se alarga ao campo da chamada vida social, do lazer e da cultura, ou seja, ao espaço-tempo em que a vida parece ser privada, que é o espaço-tempo em que a força de trabalho se reconstitui, descansando, fazendo filhos e ajudando-os a crescer.»
Quem sabe se um dia, partindo sistematicamente do particular para o geral, se essa partilha recriadora vier a ser aplicada às relações sociais, ela não poderá ser o foco da invenção de uma política nova, de uma sociedade nova, de um novo mundo. Os políticos, como os artistas, nunca deveriam ser profissionais – não no sentido da preparação e da dedicação, mas no sentido de uma actividade que os classifica na comunidade a que pertencem, e da qual se tornam dependentes. Porque essa dependência etiquetada se torna uma real divisão do trabalho, condiciona a sua liberdade de criação e acaba por impedi-los de se entregarem à partilha dos sonhos. Aquilo que é geral por natureza – a generalidade, a proclamação, a ideia já feita, a máscara do discurso e do interesse inconfessado – separa-se do real e não permite a partilha da acção, a recriação livre dos gestos e dos sentidos. Os capitalistas sabem bem – ao contrário das esquerdas – que a política efectiva parte sempre do particular para o geral, começa sempre na empresa, local genuíno da criação de mais-valia, e só depois, conforme os níveis de dominação, se alarga ao campo da chamada vida social, do lazer e da cultura, ou seja, ao espaço-tempo em que a vida parece ser privada, que é o espaço-tempo em que a força de trabalho se reconstitui, descansando, fazendo filhos e ajudando-os a crescer.»
[palavras de José Mário Branco na apresentação da obra]
Manuel Augusto Monteiro é transmontano de Vila Real. Tem 63 anos. Camponês e depois operário, é actualmente alfarrabista. Em 1974, foi um dos fundadores da União Democrática Popular e em 1979 foi eleito deputado à Assembleia da República por esta força política.
Durante quatro anos foi autarca, membro da Assembleia Municipal de Lisboa.
Em 1982 abandonou a UDP, continuando a participar na vida política em pequenos núcleos.
Aos 40 anos, com apenas a 4.ª classe, fez exame ad-hoc de acesso à universidade, frequentando o curso de História até ao 2.º ano, na Faculdade de Letras de Lisboa.
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