terça-feira, 30 de outubro de 2012

Ser e ler Miguel Torga


“Ser e Ler Miguel Torga” de Fernão de Magalhães Gonçalves

(...)" A obra de Miguel Torga é progressivamente estruturada por três discursos ou níveis de sentido que evoluem através de fenómenos de divergência e de convergência numa suscitação dialética que põe a nu o movimento das elementares componentes dramáticas da natureza humana: o apelo da transcendência (discurso teológico), o fascínio telúrico (discurso cósmico) e o imperativo da liberdade (discurso sociológico)."

«O tempo reflecte-se na obra de Torga sobretudo na proporção da resistência ao que ia sentindo à sua volta e o agredia. A infância numa aldeia serrana, bela mas áspera, marcou-lhe profundamente as voltas e revoltas do sangue feito escrita, um modo corajosamente assumido de ser, essa linguagem que em todos os livros de verso e de prosa se nos depara como um excesso  original, isto é, da sua condição.
Esta circunstância, esta oposição a uma teia de regras e convenções que o neutralizariam, no seu entender, esta consciência revertida ao esplendor de si - eis o que sustenta a sua poderosa mensagem literária, mas igualmente o que para um certo hegelianismo que paira sobre o quadro dos nobelizáveis e algum preciosismo de contornos na mira de alguma crítica literária, embora pouca, lhe vem afectando melhor recepção. O autor de «Orfeu Rebelde», avesso a modas e homem de rupturas, não se terá importado muito com isso e Fernão de Magalhães Gonçalves, apesar de se insurgir contra a desatenção-mor, estuda-lhe a obra como quem cultiva um pomar.
De resto, Miguel Torga, além de muito galardoado e estudado, continua a ser um dos escritores contemporâneos mais conhecidos, se não o mais conhecido, de norte a sul do país.»
António Cabral, prefácio

Fernão de Magalhães Gonçalves (1943-1988) nasceu em Jou, no concelho de Murça, Trás-os-Montes. Foi professor em Murça, Chaves e nas universidades de Granada, Espanha, e Seul, Coreia do Sul. Foi poeta, ensaísta e investigador. A sua obra ensaística é basicamente dedicada a Miguel Torga. Obras: Sete Meditações sobre Miguel Torga (Coimbra, 1976), Manifesto por uma Literatura Legível I (Coimbra, 1979),Manifesto por uma Literatura Legível II (Coimbra, 1980), Andamento (poesia, Coimbra, 1984), De Fernão Lopes a Miguel Torga (Granada, 1985), Ser e Ler Torga (Lisboa, 1987), Memória Imperfeita (poesia, Lisboa, 1987), Nueve Poemas (poesia, Granada, 1987), Júbilo da Seiva (poesia, Coimbra, 1988), Modo de Vida (Braga, 1988), Assinalados (Braga, 1989), Algumas Cartas (Braga, 1990), Obra Poética - Antologia (Viana do Castelo, 1992), Ser Torga (Porto, 1992), Ser e Ler Miguel Torga (Porto, 1998).


Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real...
[também os títulos “Dar Mundos Ao Coração – Estudos sobre Miguel Torga” organização de Carlos Mendes de Sousa, “Miguel Torga – o simbolismo do espaço telúrico e humanista nos Contos” de Vítor José Gomes Lousada, “Miguel Torga – A Força das Raízes (Um itinerário transmontano)” de M. Hercília Agarez, “O essencial sobre Miguel Torga” de Isabel Vaz Ponce de Leão, “Uma longa viagem com Miguel Torga” de João Céu e Silva, “Miguel Torga: O Lavrador das Letras – Um Percurso Partilhado” de Cristovão de Aguiar, “A Viagem de Miguel Torga” de Isabel Maria Fidalgo Mateus, “Miguel Torga – o drama de existir” de Armindo Augusto]

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