“A MAGNA CARTA DA
HISTÓRIA DO VINHO DO PORTO – a escritura de Cister (1142)”
de Altino Moreira
Cardoso
(PRESS RELEASE _ 7
DE Outubro de 2012)
Não estava ainda
estabelecido com rigor documental o fluxo da história vitivinícola duriense
entre a época romana (séc. V) e o tempo do Marquês de Pombal (séc. XVIII) – uns
doze séculos!
O autor, Altino M.
Cardoso, fez uma investigação exaustiva da cultura da vinha no Alto Douro e
estabeleceu o elo que faltava, a que chama A MAGNA CARTA DA HISTÓRIA DO VINHO
DO PORTO: a Escritura de Cister (1142).
Esses doze séculos
formavam uma grossa cortina de escuridão e ignorância, alimentada pela moleza
graxista do emproado ‘magister dixit‘ que tem eivado a investigação da História
Medieval.
Além das escrituras
de S. João de Tarouca (TARAUCAE MONUMENTA HISTPRICA, estabelecidas por A
Almeida Fernandes), os historiadores do vinho do Porto podem estudar também os
tratados medievais (sete, só até D. Fernando), por ex. os de D. Dinis com a
França e a Inglaterra (1290, 1293 e 1304), além das lutas portuárias já de seu
pai, D. Afonso III, com o bispo do Porto, que recorreu, sem sucesso, ao próprio
Papa, para não ser constituído, já em 1255, o Concelho Municipal de Gaia, que
lhe retirava fartos direitos alfandegários.
Este trabalho
descreve e enquadra a motivação, características e finalidades do Projecto de
Cister no Douro, em terras do Aio duriense e integrado na Cruzada ibérica de
ajuda a D. Afonso VI, o Conde D. Henrique e D. Afonso Henriques.
A escritura de
1142, de compra da “herdade dos Varais“, integra-se no projecto vitivinícola
cisterciense de Cambres, que metodicamente aí acrescenta outras quintas
pioneiras, sempre concentradas no eixo do rio Douro: com a foz do Varosa, do
Temilobos, do Tedo....
O contexto agrícola
dos conventos de Cister de Tarouca e do Varosa garantia uma farta e mimosa
subsistência alimentar, mas não permitia o cultivo da vinha, pelo menos com a
qualidade licorosa de “vinho de missa“ (16º álc.), em compatibilidade com a
sacralidade litúrgica dos cálices de ouro e prata.
A necessidade
inicial de prover de ‘vinho de missa’ as múltiplas necessidades diárias da
celebração da eucaristia transformou-se fatalmente no desenvolvimento,
aperfeiçoamento e expansão comercial[1] desse “vinho cheirante de Lamego“, depois ‘baptizado’
(com mais aguardente vínica) como “vinho do Porto“ (19º álc.), no acto da
exportação.
Por isso é tão
marcante esta escritura de 1142.
É a MAGNA CARTA.
Que rasga,
definitivamente, a citada ‘cortina histórica’ entre o séc. V romano da “fonte
do milho“ de Canelas e o séc XVII-XVIII do Marquês.
O “vinho de missa“
licoroso (16º álc.), ou “cheirante de Lamego“ da Ordem de Cister, chamou-se “do
Porto“, por daqui ser exportado, pelo menos já desde o reinado de D. Dinis.
A junção de aguardente
vínica (entre 13-18 litros/pipa) para exportação, eleva a norma alcoólica do
“vinho do Porto“ para 19º álc..
Já bem antes do
séc. XVI só a quinta de Mosteirô (Cambres) exportava 15-16.000 almudes, o que
pressupõe infraestruturas de muitas décadas, quer relativas ao saibramento e
plantação da vinha até se tornar produtiva, quer ao tempo apreciável de
envelhecimento do vinho licoroso quer, ainda, ao fabrico dos próprios meios de
transporte: carros de bois, barcos, armazéns, vasilhame...
A Alfândega do
Porto, em 1741, registou a exportação de 19.000 pipas!
Mas a riqueza do
nosso vinho fino é ainda Dádiva e Espírito:
Alma e não apenas
Corpo.
Nas funduras da
Paisagem os visitantes encontrarão a Essência do nosso Ser colectivo, que no
Douro foi criado, por Egas Moniz e Cister de Borgonha, para D. Afonso
Henriques, fundando com ele a dinastia borgonhesa e deixando este Património
aos Durienses, a Portugal e a toda a Humanidade.
[1] Os regulamentos originais de Cister proibiam a venda de
produtos monacais: mas as necessidades económicas da guerra da cruzada e a
insistência da procura tornaram irresistível a tentação comercial e a regra foi
aligeirada.
Sem comentários:
Enviar um comentário