sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Arquivo de António Mourinho


Apresentação da correspondência de António Maria Mourinho e Joaquim Rodrigues dos Santos Júnior
pela investigadora Prof.ª Dr.ª Olinda Santana (UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)
dia 2 de Outubro de 2012 (terça-feira), pelas 21h00
na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro, em Vila Real
 «No próximo dia 2 de outubro pelas 21h, serão apresentadas, na Livraria Traga-Mundos, em Vila Real, 3 obras que têm por base as correspondências trocadas, durante cinco décadas, por dois grandes vultos da cultura portuguesa do século XX: o Professor Joaquim Rodrigues dos Santos Júnior (1901-1990) e o mirandês António Maria Mourinho (1917-1996). Na obra de maior fôlego, CORRESPONDÊNCIA DE ANTÓNIO MARIA MOURINHO E JOAQUIM RODRIGUES DOS SANTOS JÚNIOR (1944 – 1990) (399 páginas), a autora, Olinda Santana, organizou um corpus de 226 missivas dos dois epistolários, fez uma edição interpretativa e contextualizou histórica e culturalmente as duas correspondências. Construiu ainda 2 catálogos das respetivas epistolografias. As correspondências dos dois estudiosos estão custodiadas em Trás-os-Montes, a do Professor Santos Júnior encontra-se no Arquivo Pessoal de António Maria Mourinho no Centro de Estudos António Maria Mourinho, em Miranda do Douro, e a de António Mourinho integra o Fundo Professor Santos Júnior do Centro de Memória de Torre de Moncorvo. Nas duas correspondências, perpassa um diálogo fraterno entre os dois investigadores, embebido em assuntos históricos, etnográficos, antropológicos e culturais do fascinante nordeste transmontano.
Nas outras duas obras, os catálogos das duas correspondências: Catálogo da Correspondência de Joaquim Rodrigues dos Santos Júnior para António Maria Mourinho (1944 – 1990) e Catálogo da Correspondência de António Maria Mourinho para Joaquim Rodrigues dos Santos Júnior (1951-1990), foram fornecidas a unidade de instalação de cada Arquivo Pessoal, o número de identificação do documento, a data e o local de escrita, o número de páginas do documento, o remetente, o destinatário, o assunto tratado, o estado de conservação, o tipo de documento (carta, bilhete-postal, postal ilustrado), bem como variadas anotações dos escreventes para cada uma das 226 missivas.»

“Sem investigação não há ensino de qualidade” Natural da freguesia de Massarelos, no Porto, Olinda Santana é docente, há 22 anos, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), e uma das investigadoras mais dinâmicas nas áreas da cultura e da linguística. “Para sermos bons professores temos que fazer investigação de qualidade, as nossas cadeiras têm de estar ligadas às nossas pesquisas”, acrescenta.
Foi o foral manuelino de Miranda do Douro que a conduziu àquele concelho raiano. “O foral manuelino de Miranda do Douro é o primeiro do Livro dos Forais Novos, é o modelo de muitos outros forais transmontanos. Sabia que ele fora transcrito pelo Abade de Baçal no próprio concelho, mas quando fui à procura dele, já não estava lá. Foi então que consegui contactar por telefone o Dr. António Maria Mourinho, também ele investigador de filologia, etnografia, literatura mirandesa, coreografia, entre outras áreas do saber, que estava aposentado e a residir em Lisboa”, adiantou. Ficou a saber que o Padre Mourinho, como era tratado, possuía muita documentação ainda por arquivar e estudar. António Mourinho faleceu em 1996, antes de poder terminar toda a sua investigação. Mas o seu trabalho não estava destinado a ser esquecido. Olinda Santana, após concluir o doutoramento, foi a Miranda saber da situação do acervo do antigo pároco de Duas Igrejas.
“A autarquia não tinha ninguém para tratar e estudar a documentação legada pelo insigne mirandês, eu voluntariei-me para fazer esse trabalho com uma pequena equipa da UTAD. Enquanto docente e investigadora da UTAD e tendo a universidade, na altura, um pólo universitário em Miranda do Douro, fazia todo o sentido ser uma investigadora da UTAD a tratar, estudar e divulgar o acervo do Dr. Mourinho”, reconheceu.
Segundo Olinda Santana, “o Arquivo de António Mourinho é multifacetado e singular, porque contém um arquivo fotográfico, um arquivo sonoro, uma biblioteca e um arquivo documental”. “Mourinho tinha plena consciência de que o seu arquivo seria muito importante para as gerações futuras”, pois como costumava dizer “Miranda do Douro era ainda, no seu tempo, um imenso tesouro etnográfico” que precisava de ser preservado para os vindouros. Foi esse tesouro que Mourinho guardou em palavras, em imagens e em sons.
“Fiz um projecto sobre esta matéria e fui apresentá-lo ao saudoso Reitor Professor Torres Pereira, que ficou radiante com a minha proposta, dada a grande paixão que tinha por aquela terra”, disse. O projecto começou em 2001 e em 2004 foi criado o Centro de Estudos António Maria Mourinho (CEAMM). Todos os anos são realizados diversos eventos e publicações em torno do Arquivo do obreiro da oficialização da língua mirandesa. [blogue Casa das Memórias]

Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro
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