“A Vida Ao Longe” (La
vie au loin) Un film de Marc Weymuller
Essai Documentaire
- 81 mn – 2011, Portugais sous
Avec: António Lourenço
Fontes, José Manuel Gonçalves Dos Santos, Mario Inácio Vaz Pereira
Production : Marc
Weymuller / Le Tempestaire
Image : Xavier
Arpino
Son : Bruno
Fleutelot / Marc Weymuller
Photographies et
textes extraits de “Negrões, memoria branca” par Gilles Cervera and Gérard
Fourel
Assistante de
réalisation : Susana Costa
Montage : Marc
Weymuller
Musique: Bruno
Fleutelot
PRIX
LONG-METRAGE Festival LES ECRANS DOCUMENTAIRES 2011 -
France
GENTIANE D’ARGENT
- Meilleure contribution technique et Artistique - TRENTO Film
Festival 2012 - Italie
PRIX DE LA
MEILLEURE PHOTOGRAPHIE - Cronograf IDFF 2012 - Moldavie
FINALISTE -
Festival EXTREMA’DOC Cáceres 2012 - Espagne
O Barroso é uma
região isolada de Portugal onde se continua a viver ao ritmo lento dos rebanhos
e das estações do ano. Aí assistimos aos últimos suspiros de um modo de vida
ancestral. Cada um sabe que o fim se aproxima e revela em segredo os meandros
de memórias esparsas. A memória resiste, o cenário faz de espelho. Ao
lembrar-nos do que éramos, reflecte também aquilo em que nos tornámos.
O filme, com a
participação do Padre Fontes, é baseado no livro “Negrões, memória branca”, um
trabalho de pesquisa realizado há vários anos pelo fotógrafo Gérard Fourel e o
escritor Gilles Cervera.
«Três homens, todos
solteiros, são as personagens principais de um documentário que há quatro anos
um cineasta francês está a realizar em Barroso. Um dos homens é o padre Fontes.
A ideia do autor é retratar o envelhecimento neste canto do mundo, mas também
dar a conhecer a identidade barrosã. O canal 2 da RTP poderá ser um dos
veículos para transmitir o trabalho.
Um experimentado cineasta francês, Marc Weymuller, anda há quatro anos a captar a “identidade” barrosã. A que ainda existe, “se se procurar”, mas que o futuro ameaça fazer desaparecer. O método do trabalho segue a filosofia de Miguel Torga de que para conhecer um povo ou uma região é preciso “olhar a paisagem e ouvir falar”. E centra-se em três personagens principais: três homens - entre os quais o conhecido Padre Fontes - e que têm em comum o facto de serem todos solteiros. A ideia é a de mostrar o “envelhecimento em solidão” neste canto do mundo. (..,)
Um experimentado cineasta francês, Marc Weymuller, anda há quatro anos a captar a “identidade” barrosã. A que ainda existe, “se se procurar”, mas que o futuro ameaça fazer desaparecer. O método do trabalho segue a filosofia de Miguel Torga de que para conhecer um povo ou uma região é preciso “olhar a paisagem e ouvir falar”. E centra-se em três personagens principais: três homens - entre os quais o conhecido Padre Fontes - e que têm em comum o facto de serem todos solteiros. A ideia é a de mostrar o “envelhecimento em solidão” neste canto do mundo. (..,)
A escolha das personagens foi mais ou menos casual. “O Padre Fontes é uma
figura incontornável, mas atraiu-me especialmente a sua espiritualidade não só
ligada a Deus, mas também à natureza”, explica Weymuller. José dos Santos, um
octogenário que reside na aldeia de Meixide, chamou a atenção do cineasta pela
forma como se “exprimia”. “Tem uma maneira de dizer as coisas, de ver o mundo
que é comum a muitas pessoas desta região....”. A terceira personagem, que,
entretanto, faleceu, vivia no outro extremo do concelho de Montalegre, Pitões
das Júnias. “Era uma pessoa que esteve muito tempo no Brasil e que se entregou
ao álcool. Era muito nostálgico. O presente trazia-lhe sempre recordações do
passado”.
Apesar da solidão, o cineasta nota que o envelhecimento no Barroso se faz de forma mais “feliz”. “Não se pode generalizar, mas José, por exemplo, não passa um dia sem falar com ninguém. Sai sempre à rua, nem que seja para esperar o camião que leva fruta. Onde eu moro, e também é um local pequeno, as pessoas são capazes de ficar metidas em casa uns quantos dias”, explica.
Apesar da solidão, o cineasta nota que o envelhecimento no Barroso se faz de forma mais “feliz”. “Não se pode generalizar, mas José, por exemplo, não passa um dia sem falar com ninguém. Sai sempre à rua, nem que seja para esperar o camião que leva fruta. Onde eu moro, e também é um local pequeno, as pessoas são capazes de ficar metidas em casa uns quantos dias”, explica.
Weymuller tem noção de que, tal como o resto do mundo, o Barroso também está em
processo de transformação. Com uma diferença: “Aqui o passado e o presente
coexistem. Já existem tractores para trabalhar a terra, mas, se procurarmos,
também ainda é possível ver as pessoas a lavrar os campos com um burro, ou ver
o fogo no meio da cozinha, como antigamente. É isso que queremos mostrar! O
futuro não queremos mostrar!”. Por quê? “Porque se advinha”, prevê Weymuller.
“Há uma identidade que se vai perder, não vai haver especificidades”.
(...)
Descobriu o Barroso num livro de dois franceses
Marc Weymuller descobriu Portugal na década de oitenta, através de um amigo português da zona de Aveiro. Mas, nessa altura, ficou-se pelo Porto e Lisboa. A região do Barroso, só a viria a “descobrir” no início dos anos 90, quando uma irmã, que lhe conhecia a paixão por Portugal, lhe ofereceu o livro “Negrões: memória branca”, de dois fotógrafos franceses que, na década de oitenta, fotografaram esta região: Gérard Forel e Gilles Cervera. “Quando vi as fotografias pensei que eram dos anos 50, só me apercebi que eram de 1986 quando vi a capa do livro. Pensei logo: tenho que conhecer esse mundo”, recorda o cineasta.
Margarida Luzio, Semanário Transmontano, 2008-04-07
Descobriu o Barroso num livro de dois franceses
Marc Weymuller descobriu Portugal na década de oitenta, através de um amigo português da zona de Aveiro. Mas, nessa altura, ficou-se pelo Porto e Lisboa. A região do Barroso, só a viria a “descobrir” no início dos anos 90, quando uma irmã, que lhe conhecia a paixão por Portugal, lhe ofereceu o livro “Negrões: memória branca”, de dois fotógrafos franceses que, na década de oitenta, fotografaram esta região: Gérard Forel e Gilles Cervera. “Quando vi as fotografias pensei que eram dos anos 50, só me apercebi que eram de 1986 quando vi a capa do livro. Pensei logo: tenho que conhecer esse mundo”, recorda o cineasta.
Margarida Luzio, Semanário Transmontano, 2008-04-07
Este documentário
faz parte da programação de Cinema Sem Pipocas do Teatro de Vila Real: 28 de
Janeiro, segunda-feira, pelas 22h00, no Pequeno Auditório.
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