“A Tentação de
Santo Antão” de António Cabral
Prémio Nacional de
Poesia Fernão de Magalhães Gonçalves, em 2007
POSFÁCIO
A poesia é um jogo
e os poetas sentem-no bem, quando efectuam sobre o abismo que ela nos abre, um
salto mortal.
Um riso de vogal a
subir a uma consoante exemplifica o jogo como alegria.
Entre a ciência e a
poesia há pelo menos esta diferença abissal: a ciência fica do lado de cá e a
poesia do lado de lá, sobre as árvores.
Ver ondular os
trigais no pão que se come.
*
Levas para a cama o
que resta de cada dia, semelhante a uma ponta de cigarro, e deixa-lo ainda a
fumegar na concha da mesa-de-cabeceira. É por isso que no dia seguinte a concha
continua vazia. Até o filtro ardeu. Arde tudo. O que é que não arde, estas
palavras culpáveis inclusive?
Disponível na
Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real...
[também “Entre o Azul e a
Circunstância”, “Ouve-se Um Rumor + Entre Quem É”, “Antologia dos Poemas
Durienses”, “O Riu Que Perdeu As Margens” e “Bodas Selvagens”]
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