“As
Margens Sacralisadas do Douro Através de Vários Cultos” de Dalila Pereira da
Costa
Obra
dividida em duas partes: I Parte — As Margens Sacralizadas do Douro Através de
Vários Cultos: A Mitologia da Água; O Poder Oracular da Água; Dois Santuários
do Douro, Cachão da Rapa e Pala Pinta; O Sol e a Serpente; A Vinha e os Cultos
Mistéricos; O Xamã nas Margens do Côa e Douro; E o Ermita; As Núpcias da Terra
e do Céu; Uma Reintegração Realizada; História e Trans-História; Totem, Tribo e
Genealogia; O Primeiro Santuário Português do Douro; E a Primeira e Última
Cidade do Douro; A Fronteira; As Muralhas. II Parte — À Irmã Galiza, com
Saudades: A Lua e a Serpente; E Duas Fatais Heranças; Os Filhos da Deusa
Lusina; Uma Filosofia Situada; Arqueologia e Filosofia Portuguesas; A Saudade
na Filosofia Galaico-Portuguesa.
Encadernação
dos editores. Conserva a sobrecapa de papel.
"[...]
a saudade vence a irreversibilidade do tempo e a distância do espaço, efectua a
síntese, ou mais a união do espaço e do tempo, anulando sua aparente diferença
e desunião: e anulando-os finalmente como forças terrenas. Se quisermos apontar
na espiritualidade mundial outro princípio semelhante e inserto numa dada
filosofia, lembremos o ioga na filosofia indiana. A saudade é, tal o ioga, na
sua vera tradução, união. E ambos como dimensões específicas de duas grandes
espiritualidades mundiais; situadas, uma num extremo atlântico da Europa, outra
no centro da Ásia. E duas formas diferentes que tomou o mito da reintegração, o
que está primordialmente na saudade e no ioga. E ambos como disciplinas de
ascese, visando a perfeição do ser e estar no mundo, num estado de consciência
superior. [...] Mas, notável diferença, a saudade, pelo homem português, levou
esse princípio à sua manifestação na História pela Descoberta da terra e do
céu. Embora haja também no ioga esta dimensão cósmica, ela não se projectou num
acto histórico realizado efectivamente na realidade. Na introversão da alma
indiana e não-vontade de intervenção no mundo alheio, mas voluntariamente
limitando-se sobre si, não houve essa outra projecção no plano histórico, tal
como a nação portuguesa; uma concepção espiritual traduzida extrovertidamente
num feito à medida universal, abrindo novo ciclo, a Idade Moderna." Dalila
Pereira da Costa, p.101)
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