“Vidas Ilegais Sem
Pecado” de Venâncio Dias Gonçalves
«Anos sessenta. Uma
aldeia transmontana - Vilarelho da Raia. Uma linha imaginária, aqui e ali
assinalada por um marco – a raia.
Dois
regimes fechados, autoritários, repressivos e violentos. De ambos os lados
vidas agrilhoadas, presas numa lavoura insuficiente. O contrabando e a
emigração ilegal para França desafiam as leis e as autoridades e resgatam um
pedaço da liberdade reprimida.Quatro rapazes disputam o amor da filha de um contrabandista da terra, dividida entre a sua grande paixão, o Tonho Doze, moço de famílias pobres, e o amor e respeito pelos pais que sonham em casá-la com o menino rico da aldeia. Nesta luta o ciúme é levado às suas piores consequências, culminando numa misteriosa morte.
A par dos amores e desamores, o jogo do gato e do rato entre guardas-fiscais, carabineiros e contrabandistas, propiciando-nos um olhar sobre os meandros do contrabando, sobressai no dia-a-dia da povoação como algo que faz parte das vidas das suas gentes, naturalmente, sem o estigma do crime.
O quotidiano da aldeia, afinal o grande protagonista, à noite na raia e de dia na lavoura, é retratado com pormenores minuciosos e deliciosamente realistas que nos transportam para os lugares, o tempo e as gentes, no que de melhor e pior nelas há, fazendo-nos percorrer a trama como se a tivéssemos testemunhado.»
O autor, natural da
aldeia de Vilarelho da Raia, escreveu o livro com base na sua “própria vivência
rural e experiência enquanto contrabandista não muito distante da data da
trama, nas memórias de ouvir contar e numa inestimável recolha etnográfica e
histórica promovida pelo Centro Cultural da terra.
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