“A Alma da
Gaita-de-Foles Mirandesa – Palhetas e Palhões” de Henrique Fernandes
A alma da
gaita-de-foles mirandesa reúne, num só livro, todo o processo de
construção, manutenção e informação da palheta, e do palhão,
artefactos nobres que dão vida e beleza à gaita-de-foles.
Esta obra
resulta das vivências do autor, através do contacto com a
gaita-de-foles, da sua enorme paixão por este instrumento, do
conhecimento adquirido com os antigos gaiteiros (Planalto
Mirandês, Minho, Estremadura, Castela e Leão, e Galiza), e, em grande
parte, da procura incessante de novos conhecimentos para apurar a
técnica da feitura daquilo que nos faz identificar o inigualável som
da gaita-de-foles.
Com este livro, o autor pretende manter viva a memória do presente, para serventia do futuro, deste instrumento secular, tão actual e apreciado nos nossos dias.
Com este livro, o autor pretende manter viva a memória do presente, para serventia do futuro, deste instrumento secular, tão actual e apreciado nos nossos dias.
«Um artesão
mirandês é o único construtor de palhetas e "palhões" no país
destinadas em "exclusivo" às gaitas-de-foles de origem peninsular e
pretende preservar este legado ancestral que considera a "alma do
instrumento".
Henrique Fernandes
disse à agência Lusa que no início a construção de palhetas para gaita-de-foles
era um passatempo. Mas depressa se transformou num desafio, acrescentou.
"Actualmente,
dedico-me com mais afinco ao estudo e fabrico destes artefactos musicais e,
para o efeito, recorro ao conhecimento de velhos gaiteiros do Planalto
Mirandês, Minho, Estremadura e, claro, da vizinha Espanha, já que a procura é
constante por parte dos músicos", explicou o também gaiteiro.
Longe vão os tempos
em que os gaiteiros tradicionais utilizavam cana cortada junto aos cursos de
água da região e procuravam pequenos tubos de metal para construirem as suas
próprias palhetas e "palhões". "Agora, o processo requer
estudo e novos materiais elaborados com rigor", frisou.
O também gaiteiro
quer mostrar todo o processo de construção das peças únicas, que são fabricadas
numa pequena oficina situada em Sendim, no concelho de Miranda do Douro,
distrito de Bragança.
"Uma boa
palheta é fundamental para se conseguir um som mais genuíno. Por esse motivo, é
preciso escolher os materiais e aplicar técnicas que permitam respeitar a
tradição e integridade do instrumento", destacou.
Por semana, o
artesão chega a construir algumas dezenas de palhetas. Porém, a sua procura é
crescente e o "stock" depressa se esgota, tudo porque os instrumentistas
aparecem um pouco de todo o país e da vizinha Espanha.
"A palheta
vai-se degradando com o tempo e, por isso, cada tocador tem obrigatoriamente de
ter as suas reservas", observou o artesão e instrumentista.No entanto, com
o processo de padronização da gaita de fole na região da "Terra de
Miranda" e o consequente número crescente de tocadores levam a uma maior
procura de materiais nobres para o fabrico dos instrumentos.
Neste sentido,
Henrique Fernandes apresenta, no sábado, no discurso do Festival Intercéltico
de Sendim, o primeiro livro dedicado ao processo de fabrico destas peculiares
peças sob o título "A Alma da Gaita-de-Foles Mirandesa - Palhetas e
Palhões".
"A alma da
gaita-de-foles mirandesa é o deixar presente e registado todo o processo para
construção, manutenção e informação da palheta e do "palhão",
"artefactos nobres" e os quais dão vida e beleza à
gaita-de-foles", enfatizou o autor.
O instrumentista e
artesão, concluiu afirmando, que a gaita-de-foles existe há muitos anos e está
para durar e ficar, acrescentando que o livro será um contributo para "a
memória do presente e para serventia do futuro".» Público, 31.07.2015
Henrique (Gaiteiro)
Jesus Fernandes. Sendim, Miranda do Douro; Vila Real. Nascido a 19/7/1970. Militar,
construtor, músico.
Bisneto e neto
(António Augusto Fernandes) de gaiteiros, e também com a paixão pelos
pauliteiros, com cerca de 14 anos em todo o lado lhe chamavam gaiteiro.
Começa com a flauta, o mais semelhante, aos 19 começa a tocar em “experiências escondidas”… Compra a 1ª gaita ao Ti Ângelo Arribas pelos 25, e vai treinando e gravando os gaiteiros que havia; através dessas recolhas e método de estudo, vai-se aperfeiçoando. Vai a Urrós, na senda da família de gaiteiros, e encontra José Maria Fernandes, primo segundo, e aprende com ele a calibragem/afinação do palhão e palheta e a técnica de digitação da gaita, transmitidas pelo pai desse. A necessidade, pela falta marcada e sentida de palheteiros, fá-lo aprender com ele e Manuel Paulo Martins a técnica de construção, que começa com 24-25 anos.
Começa com a flauta, o mais semelhante, aos 19 começa a tocar em “experiências escondidas”… Compra a 1ª gaita ao Ti Ângelo Arribas pelos 25, e vai treinando e gravando os gaiteiros que havia; através dessas recolhas e método de estudo, vai-se aperfeiçoando. Vai a Urrós, na senda da família de gaiteiros, e encontra José Maria Fernandes, primo segundo, e aprende com ele a calibragem/afinação do palhão e palheta e a técnica de digitação da gaita, transmitidas pelo pai desse. A necessidade, pela falta marcada e sentida de palheteiros, fá-lo aprender com ele e Manuel Paulo Martins a técnica de construção, que começa com 24-25 anos.
O grande salto foi
a padronização da gaita mirandesa (cerca de 2007), que reforça a necessidade da
existência de um palheteiro, instado por Célio Pires. Inicia o desenvolvimento
da palheta à actual ponteira (escala cromática “perfeita” em M e m), que vem
mantendo.
Com o sentido de
saber mais sobre teoria musical e de instrumento, faz formação académica: curso
de flauta transversal (o que mais se adequava ao estudo da gaita), no Conservatório
de Vila Real, de que conclui o 5º grau, o que ajudou muito no aperfeiçoamento
da construção da palheta e da digitação das várias escalas, uma formação de
construção de palhetas para fagote e outra para oboé, um workshop de construção
de palhetas em Santiago de Compostela e um curso intensivo de construção de
palhetas em Madrid.
É o único
palheteiro para gaitas de fole existente no país. Em Espanha, onde aprendeu,
haverá uns 10, se
tanto…
Materiais usados:
cana da ribeira tratada, tubo de latão cortado à medida e trabalhado, fio de
nylon. Trabalho manual. Oficina ambulante.
Formou um trio
tradicional (gaita, caixa e bombo), os Lenga Lenga, que é acrescentado depois
de vozes femininas e posteriormente passa a quarteto instrumental e vocal, para
os espetáculos em palco. Editam 2 CD’s (Gaiteiros de Sendim e L Teçtemunho).
Toca flauta transversal e pastoril, gaita de fole, e ainda, concertina, viola e
piano.
É professor de
gaita de fole. Gostaria de transmitir a arte de palheteiro.» [blogue Arquivo de
Memórias]
Sem comentários:
Enviar um comentário