“A Noiva das
Astúrias” de Eduardo Guerra Carneiro
capa e vinte e oito
desenhos de Carlos Ferreiro
&etc.
Erguem-se as casas
Erguem-se as casas nas colinas
e, como as árvores, entristecem
naquele Outono em que partiste.
As aves, essas, riscam o céu,
mas tão rendidas à nostalgia
que parecem apenas traços serem
em teu silêncio que ainda
ouço. O bronze das estátuas
enegrece e as figuras agigantam-se
nas praças onde as pombas
apodrecem. Olha, se voltares,
a tempo desta cidade renascer,
farei outros poemas. A luz
será um espelho bem diferente.
e, como as árvores, entristecem
naquele Outono em que partiste.
As aves, essas, riscam o céu,
mas tão rendidas à nostalgia
que parecem apenas traços serem
em teu silêncio que ainda
ouço. O bronze das estátuas
enegrece e as figuras agigantam-se
nas praças onde as pombas
apodrecem. Olha, se voltares,
a tempo desta cidade renascer,
farei outros poemas. A luz
será um espelho bem diferente.
Procuraste, caminhante
Procuraste, caminhante, essas veredas
ainda libertárias, na Ibéria. Mas
misturaste, na errância, a estrada larga
com caminhos de formigas rastejantes.
Põe-te de pé, poeta!, nunca de joelhos,
pois nem as virgens ouvem teus lamentos,
atolado em lameiros como um verme.
Serve-te da verve que encontraste
nos insurrectos cantos das tabernas
e, reinadio, caminha, pois caminho,
lá diz o outro, e com razão, se faz
apenas caminhando. Não tenhas pena- alegria!
- mas proclama que é nesta terra amiga
que ainda pode renascer a utopia.
Jazes, poeta
Jazes, poeta, em teu discurso
pífio quando tentas poéticas
alheias. A meias vou tentar,
e a ti tentar dar melhor ar,
outra tristeza alegre. Jazes poeta,
mas vá lá!, vá lá!, ainda resolves
as palavras cruzadas desta vida.
Vidinha airada, como assim convém
a quem no campo tem um batatal.
Mas, olha lá bem!, bens ao luar
não tens, pois na voragem foram
eirôs, pinhais e bacelinhos. O canastro
vigilante – andor! – também se foi.
Trovas de uma história – tanto lastro!
pífio quando tentas poéticas
alheias. A meias vou tentar,
e a ti tentar dar melhor ar,
outra tristeza alegre. Jazes poeta,
mas vá lá!, vá lá!, ainda resolves
as palavras cruzadas desta vida.
Vidinha airada, como assim convém
a quem no campo tem um batatal.
Mas, olha lá bem!, bens ao luar
não tens, pois na voragem foram
eirôs, pinhais e bacelinhos. O canastro
vigilante – andor! – também se foi.
Trovas de uma história – tanto lastro!
"O Eduardo nasceu
em Chaves, em 42. Depois foi à vida: perdeu-se um vossa excelência (4º ano
incompletíssimo de história), ganhou-se um poeta (...) Livros, amores,
deambulações, vagabundagens, cervejolas, empregos vários, carolices
(o & etc agradece, no que lhe toca): uma generosidade
(arrebatada, lírica, desmedida) que lhe alimenta a poesia (dor mais funda,
alegria em sol maior) e lhe dá cabo da gravata. Assim o Eduardo é um
poeta visceral. Talvez que já não saiba (nem possa) ser outra coisa)
..." [in & etc, nº 9, 15/05/1973]
Disponível na Traga-Mundos
– livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... | Traga-Mundos –
lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial...
Sem comentários:
Enviar um comentário