No meu regresso a
Portugal, e ao trabalho neste país, depressa me apercebi que o uso do Correio
(o envio por carta) tinha sido abandonado, em detrimento do envio por e-mail –
o denominado correio electrónico! Já que as Finanças obrigam prepotentemente a
que todos tenham uma ligação à Internet – cujo operador é sempre uma empresa
privada –, acabei por também passar a usar o envio de e-mails.
Depressa fui
descobrindo a alta ineficácia deste meio: uma elevada percentagem não responde
e quando questionada (por telefone), alega diversas justificações: ou que não
viu o e-mail, por entre uma nuvem de e-mails sem validade, ou que foi para spam
– uma das desculpas mais utilizada...
Vem isto a
propósito do envio de um texto, que nos fora solicitado para assinalar o quinto
aniversário – e 125 números editados – do quinzenário “As Artes Entre As
Letras”. O que muito nos honrou...
O texto acabou por
não ser editado! E a directora justifica: «Algo se passou, mas não consigo
perceber o quê, já que publicámos todos os testemunhos recebidos e até, para
que nenhum ficasse "de fora" até aumentámos o número de páginas do
jornal.»
Eis o texto em
causa:
Como leitor de há
muitos anos, sempre senti que a qualidade da Leitura também passa pelos jornais
e revistas – não se esgota no formato livro –, sobretudo pela imprensa temática
e especializada. No meu percurso de vida, habitando diversos locais, de lugares
a aldeias, metrópoles e cidades de média dimensão, sempre os avaliei – no
sentido da qualidade de vida – pelo acesso a jornais e revistas – há quiosques
que são mais importantes que livrarias.
No regresso a Vila
Real, constatei com mágoa que grande parte dos quiosques encerraram –
desapareceram. A maior perca, em termos pessoais, foi o desaparecimento do
quiosque do Pelinhos na Avenida – que, com um sistema de trocas de revistas e
livros, iniciou tantos jovens na leitura. Por conseguinte, a oferta em
diversidade e qualidade é cada vez mais restrita – restando o recurso a
assinaturas, o que não faz aumentar a visibilidade e acesso a essas
publicações. Isto no contexto de uma cidade em que a imprensa local é absolutamente
retrógrada e sem critérios jornalísticos!
A abertura da
Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real,
coincidiu com a minha descoberta do quinzenário “As Artes Entre As Letras” –
num único quiosque, com apenas meia dúzia de exemplares por número. De
imediato, se tornou objecto de leitura, número a número...
Com a tendência de
a imprensa temática e especializada se concentrar em Lisboa, o “As Artes Entre
As Letras” é editado e mantido a partir do Porto. Em termos de cultura, nos
seus diversos níveis e domínios, proporciona uma diversidade de vozes e
autores, opiniões e pontos de vista, sensibilidades e formações, temáticas e
personalidades – é também uma montra da riqueza cultural do Norte. Neste
sentido, o “As Artes Entre As Letras” é também um espaço de Liberdade!
O facto de
completar 5 anos e 125 números, representa uma luta diária para vencer a
adversidade e constrangimentos que se generalizaram – representando igualmente
uma louvável vitória e feito. Desejamos muitos anos e números mais...
Vila Real, 1 de
Junho de 2014
António Alberto Alves
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