sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Territórios do vinho

“Outros Territórios do Vinho | Other Territories of Wine” de Manuel de Novaes Cabral
edição bilingue

"...Ao percorrer as páginas dos breves ensaios, crónicas e artigos que Manuel de Novaes Cabral reúne neste seu livro, fica-me a impressão de que há entre nós esse parentesco, para não dizer essa profunda cumplicidade, que faz da videira uma venerável explicação de muito daquilo que somos: gente ligada ao vinho, aos valores e à tradição de cultura e humanidade que ele representa, à paisagem e ao território em que ele surge, às labutas seculares de que O produz, às características humanas, históricas e geográficas das regiões a que ele corresponde, tudo isto para além da nossa ligação pessoal ou circunstancial ao Porto e ao Douro..." Vasco Graça Moura, no prefácio “Netos da Videira”.

Sob a orientação gráfica de Maria Adão, contou com a feliz colaboração de Álvaro Siza, Ângelo de Sousa, Armando Alves, Fernando Lanhas, Francisco Laranjo, Graça Morais, Gustavo Bastos, Jaime Isidoro, Joana Vasconcelos, João Cutileiro, José Rodrigues, Júlio Resende e Mónica Baldaque. Foi editado agora, por ocasião dessa magnífica manifestação que reúne no Porto o que de melhor se faz no mundo do vinho e que se chama Essência do Vinho - Porto. A parte que não diz respeito aos meus textos – os desenhos e pinturas que os acompanham e a parte gráfica – resultou num excelente trabalho. Trata-se de uma obra que está ao nível dos melhores territórios do vinho e mesmo dos melhores vinhos…
Já no que respeita às crónicas reunidas neste livro, trata-se de um conjunto de textos que têm em comum abordarem o cruzamento entre a vinha, o vinho e os territórios onde ele é produzido. Qual o papel da vinha na preservação e na manutenção da população e da actividade económica em muitos territórios? Qual o papel do vinho na promoção e na projecção dos territórios onde é produzido? Qual é a mais valia desses territórios para a economia? Como é que o turismo pode beneficiar esses territórios, designadamente através da animação e da revalorização de muitas actividades que estavam em declínio ou mesmo perdidas? Como é que esse papel constitui um elemento de preservação e de valorização das culturas locais e regionais? Quais os elementos de contemporaneidade a que deveremos lançar mão para valorizar o que nos é legado pelos nossos antepassados e transmitir da melhor maneira às gerações vindouras?
Estas e outras questões são abordadas nesse conjunto de crónicas, numa perspectiva transversal, evitando regionalismos bacocos e tentando olhar para os territórios do vinho na sua globalidade, mas também na sua diversidade.
É claro que, por razões diversas, há territórios sobre os quais me debruço mais intensa ou apaixonadamente. Isso acontece de forma quase inconsciente mas, quando necessário, assumida!
Vem isto a propósito de um comentário ao livro que alguém fez e que, apesar de passageiro, tem a sua razão de ser e merece ser apreciado. Dizia esse alguém que “só é pena que se trate de um livro sobre o Douro”.
Ora, nada menos verdadeiro! As questões atrás enunciadas são tratadas de forma transversal, tentando relacionar os problemas dos diferentes territórios do vinho. Sendo o autor do Porto e do Norte de Portugal, tendo profundas raízes no Minho e no Douro e, sobretudo, tendo em conta a força telúrica, humana e cultural em especial desta última região, Património da Humanidade, não pode ser-lhe indiferente. Mais: não pode deixar de estar marcado por ela, por toda a carga que transporta e transmite e por todo o potencial que encerra.
É, por isso, natural que boa parte das análises e dos exemplos partam do Douro. Por isso também é devida a própria dedicatória que o livro leva: “aos anónimos construtores-escultores do Douro Vinhateiro”. Com efeito, a abordagem que faço às questões da preservação e da valorização dos territórios vitivinícolas e do enoturismo não são especificamente sobre o Douro. Mas são, isso sim, muitas vezes centradas na excelência desse território português que tem honras de “cidadão do mundo” - conforme a própria UNESCO declarou em 2001, nada dizendo de novo, mas constatando um facto ancestral. São muitas vezes centradas nas enormes e tão variadas potencialidades do Douro Vinhateiro.
Tanto as regiões do chamado Velho Mundo vitivinícola como as do Novo Mundo têm as suas particularidades que podem e devem ser exploradas. Em todas vemos um grande potencial turístico, com condições para ser explorado. O que geralmente vemos também é uma fraca ou inexistente aliança entre os sectores vitivinícola e do turismo, não tirando o partido devido de cada um para o bem de todos. E esse é um grande desafio que estes sectores têm em mãos. Esse é o grande desafio que as regiões vitivinícolas devem abraçar.
Manuel de Novaes Cabral, Wine 33

[http://territoriosdovinho.blogspot.pt/2009/04/os-construtores-do-douro.html]

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... | Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial...
[também os títulos: “Arquitecturas da Paisagem Vinhateira” Natália Fauvrelle (coord.), “Paisagens de Baco. Identidade, Mercado e Desenvolvimento. Regiões Demarcadas: Vinhos Verdes, Douro, Dão, Bairrada e Alentejo” de Ana Lavrador, “A Vinha e o Vinho em Portugal. Museus e Espaços Museológicos” Natália Fauvrelle (coord.), “Viver e saber fazer. Tecnologias tradicionais na Região do Douro. Estudos preliminares” Teresa Soeiro, Carlos Coelho Pires, Rui Cortes, José Alves Ribeiro, Hélder Trigo Marques, Gaspar Martins Pereira, Natália Fauvrelle, Nelson Campos Rebanda, José Alexandre Roseira, “Vinhos: arte e manhas em consumos sociais – A apreensão de uma prática sociocultural em contexto de mudança” de Dulce Magalhães, “Produzir e Beber. A Questão do Vinho no Estado Novo” de Dulce Freire, “Memórias do Vinho” de Maria João de Almeida e Paulo Laureano, “O Alto Douro – Um Espaço Contrastante Em Mutação” 4 volumes de Maria Helena Mesquita Pina, “Vinhos de Portugal . Da vinha ao vinho, variedades e regiões” de Ceferino Carrera, “Vinho do Porto e a Região do Douro. História da Primeira Região Demarcada” de Ceferino Carrera, “História do Douro e do Vinho do Porto – Volume 1 – História Antiga de Região Duriense” Carlos A. Brochado de Almeida (coord.), “História do Douro e do Vinho do Porto – Volume 4 – Crise e Reconstrução. O Douro e o Vinho do Porto no Século XIX” Gaspar Martins Pereira (coord.)]

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