“Poesia [Orações do
Crepúsculo, Nau Errante, Evasão, Sonetos]” de Domingos Monteiro
«Domingos Monteiro
tinha 16 anos de idade quando publica, em 1920, o seu primeiro livro de
versos, Orações do Crepúsculo, que parece evocar, no título, as Escolas
Decadentista e Saudosista, em que se situa, apesar do nascimento, cinco anos
antes, da explosão de Orpheu. Quem o prefacia, com franco entusiasmo, é
Teixeira de Pascoaes, considerando o autor “adorável esperança” e o seu livro
“poesia vivida e viva-sincera”. Logo o ano seguinte, Domingos Monteiro dá à
estampa mais versos, em Nau Errante, quase todo preenchido por sonetos de
grande beleza e perfeição formal. E esta inspiração precoce prometia uma vasta
e festejada carreira. Todavia, o escritor encontra outro percurso literário na
ficção, tornando-se um dos contistas maiores do século XX português.
A poesia só lhe regressa em 1953, com o livro Evasão (“ E aos poucos/volto a ser eu na noite descoberta...”), quase todo escrito em verso livre, em que transmite muito amargor, muito sofrimento de alma. 25 anos depois, edita Sonetos, o seu derradeiro livro de versos, de grande rigor clássico, pois, como afirma, “revelam uma aceitação pelas regras fundamentais da poesia, que não sendo respeitadas a desvirtuam completamente.” A Imprensa Nacional-Casa da Moeda publica toda esta poesia em volume, prefaciado por António Cândido Franco, cuja sensibilidade e inteligência culta a estudam com admirável compreensão. É uma justiça que se faz ao poeta quase ignorado. » [António Couto Viana, leitur@ Gulbenkian]
A poesia só lhe regressa em 1953, com o livro Evasão (“ E aos poucos/volto a ser eu na noite descoberta...”), quase todo escrito em verso livre, em que transmite muito amargor, muito sofrimento de alma. 25 anos depois, edita Sonetos, o seu derradeiro livro de versos, de grande rigor clássico, pois, como afirma, “revelam uma aceitação pelas regras fundamentais da poesia, que não sendo respeitadas a desvirtuam completamente.” A Imprensa Nacional-Casa da Moeda publica toda esta poesia em volume, prefaciado por António Cândido Franco, cuja sensibilidade e inteligência culta a estudam com admirável compreensão. É uma justiça que se faz ao poeta quase ignorado. » [António Couto Viana, leitur@ Gulbenkian]
Pousa a tua cabeça no meu peito
Nas minhas mãos as tuas mãos inquietas
Vamos os dois caçar as borboletas
As quimeras dum sonho insatisfeito.
Nas minhas mãos as tuas mãos inquietas
Vamos os dois caçar as borboletas
As quimeras dum sonho insatisfeito.
Será de lírios castos nosso leito
Como as almas dos lívidos profetas
De todo o mundo, enfim, virão poetas
Cantar o nosso amor calmo e perfeito.
Como as almas dos lívidos profetas
De todo o mundo, enfim, virão poetas
Cantar o nosso amor calmo e perfeito.
Ao jeito antigo, calçarás sandálias
E eu curvar-me-ei por sobre as áleas
Para beijar a sombra de teus pés.
E eu curvar-me-ei por sobre as áleas
Para beijar a sombra de teus pés.
Todos te sonharão em teu mistério
Serás p'ra eles como um vulto aéreo
Mas só eu saberei como tu és.
Serás p'ra eles como um vulto aéreo
Mas só eu saberei como tu és.
Disponível na
Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... |
Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila
Rial...
[também do autor os
títulos “Contos e Novelas” Vol. I, “Contos e Novelas” Vol. II, “Contos e
Novelas” Vol. III, “Contos e Novelas” Vol. IV, “Contos e Novelas” Vol. V,
Ensaios]
[Nota: as edições
originais da obra de Domingos Monteiro encontram-se esgotadas; esta é uma
edição da Imprensa Nacional – Casa da Moeda, efectuada entre Maio de 2000 e
Junho de 2004, com tiragens de apenas 800 exemplares...]
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