domingo, 16 de dezembro de 2012

Douro em colheita de incertezas


“Colheita de Incertezas” de Armando Sena

E se hoje, após vinte anos, descobrissem um segredo seu?
Sob um suspense contínuo, criado especialmente para aqueles que acham que a vida não é monocromática, que entre o cinzento e o negro há uma paleta infinita de cores, Armando Sena faz desfilar a vida de cinco personagens, vista de um ângulo com janela aberta para o Douro.
As vinhas e o vinho como pano de fundo, o rio, o seu vale e as encostas, escondem segredos, alimentam paixões, são testemunhas de amores, traições e desencontros.
Nesse palco, vão-se desfiando histórias, digladiando anseios, desenhando frustrações e, do meio do cinzento, emerge o segredo que desvenda a colheita. A certeza de que a persistência é a melhor arma para expiar as agruras do mundo real.
Assim, tal como o rio no seu leito de inquietação encontra a foz, também os sentimentos desaguam num mar de plenitude e serenidade.

Armando Sena nasceu em 1968, em Trás-os-Montes.
“Colheita de Incertezas” é o seu segundo romance. Após a sua primeira obra, “Na Demanda do Ideal” e a participação na antologia “Eu digo Não ao Não”, surge agora com um novo livro centrado nas relações humanas, nos objetivos e frustrações de cada ser e, acima de tudo, o triunfo da persistência como um elogio ao reconhecimento das qualidades intrínsecas de cada um.
O ser humano é, por natureza bom. Maus são, por vezes, os caminhos por ele percorridos.

"Em gestos lentos, saboreados, sacou a rolha da garrafa. Serviu o vinho no copo até meio. Sem prova, não era necessário, o aroma libertado pelo néctar era suficiente, invadia-lhe as entranhas, subia-lhe à cabeça, aquecia-lhe a alma.
Bem, agora sim, era altura da imersão em água fria. Pousou o copo num dos cantos da banheira, entrou então ela, primeiro um pé, depois outro. Sentou-se, tremeu com o primeiro contacto da água fria na pele quente. Com as mãos em concha, cheias de água, levou-as à altura da cabeça e deixou que a água lhe escorresse pelo rosto.
Começava a sentir-se melhor, pegou então no copo e virou-o contra a luz. Um vermelho rubi, uma cor poderosa, baixou o copo e sentiu um leve aroma frutado, não muito, que o vinho era encorpado e com algum estágio, a colheita de 2005 tinha sido excelente. Lentamente, com prazer, alheia a tudo, Margarida ingeriu o primeiro golo. Potente, penetrante, percorreu-lhe todas as veias, estimulou-lhe o corpo, libertou-a..."

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real...
[também disponível do autor o título: “Na Demanda do Ideal”]

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