Roriz – História de
uma Quinta no Coração do Douro” de Gaspar Martins Pereira
Com a assinatura do
historiador Gaspar Martins Pereira, professor catedrático de História e de
Estudos Políticos e Internacionais da Faculdade de Letras da Universidade do
Porto e co-fundador e coordenador científico do GEHVID – Grupo de Estudos da
História da Viticultura Duriense e do Vinho do Porto, este livro conta a
história milenar do Douro vinhateiro, reconhecido pela UNESCO desde 2001, como
património da humanidade. Como escreve o autor, "a história de uma quinta
no Douro não pode desprezar o seu papel - chave de unidade de exploração
agrária, entre a auto-suficiência e a produção para o mercado, num sector
precocemente globalizado e, simultaneamente, numa região de difíceis
acessibilidades, onde a vida quotidiana, marcada pelo ciclo da vinha, traduz o
combate heróico contra a natureza hostil para obter produtos de excelência e
assegurar as condições de vida aos que participam nesse combate".
O livro aborda a
história de uma das mais emblemáticas quintas do Douro, a Quinta de Roriz,
desde os primórdios, no século XVI, até aos dias de hoje. Por esses séculos, a
Quinta de Roriz incluía várias propriedades de monta, de norte a sul do Douro.
Em 1749, um grande negociante do Porto, o irlandês Diogo Archbold, adquiriu a
quinta ao então proprietário, António Castro Correia de Lacerda. Foi com este
proprietário que começou mais a sério a exploração vinícola. Mas os
investimentos foram muito avultados e Archbold não teve capacidade para os
manter. Teve assim que vender, em 1780, a propriedade a Nicolau Köpke. Por
casamentos e alianças matrimoniais, com tragédias familiares pelo meio, a
quinta passa dos Köpke para os Van Zeller em meados do século XIX. Esta
história entrelaça-se com outras histórias do Douro, como a fundação da
Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, em tempos de grande
crise. E isto aumenta o valor da obra, que mostra o elevado grau de pesquisa do
autor, outrora fundador do Museu do Douro. Gaspar Martins Pereira recorre
profusamente a registos históricos de várias origens para compor a sua
história, de leitura fascinante. Destaque ainda para o material fotográfico e
para as muitas informações sistematizadas em tabelas, algumas com séculos de
existência.
A Quinta de Roriz atravessou as crises e glórias do Douro, do Vinho do Porto e
de algumas das suas famílias mais importantes. Uma obra a ler imperiosamente
por quem se interesse por esta região e a sua história. [Revista de Vinhos]
«A este propósito,
uma última referência, talvez não explicitamente inscrita neste livro, mas que
está implicitamente da primeira à última página: a força do lugar, a força do
sítio, a obra da região. A construção e a vida desta quinta mostram bem que o
vinho, sobretudo o de muita qualidade, não é simples fruto da Natureza. É obra
do homem. Dos trabalhadores. Dos pedreiros. Dos enólogos. Dos lavradores. Dos
proprietários. Dos comerciantes. Dos adegueiros. Dos agrónomos. Dos
consumidores, enfim. Por isso, ao longo dos séculos, o vinho foi mudando e
adaptando-se. Por isso, o vinho e as quintas foram mudando as terras e a
região. Foram feitos muros e socalcos. Fizeram-se plantações. Transformou-se a
paisagem. Mas, em troca, a paisagem mudou os homens, criou-lhes hábitos,
modelou as suas vidas. Em grande parte, a história desta quinta, tão bem
contada neste livro, revela, como se de uma câmara escura se tratasse, a história
de uma região, de um vinho e de um povo. Os que fizeram este vinho acabaram por
ser feitos por ele. E as quintas estão no centro deste processo de união entre
o trabalho e a natureza, entre os homens e as terras.» António Barreto,
prefácio
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