terça-feira, 14 de agosto de 2012

Uma quinta no coração do Douro


Roriz – História de uma Quinta no Coração do Douro” de Gaspar Martins Pereira

Com a assinatura do historiador Gaspar Martins Pereira, professor catedrático de História e de Estudos Políticos e Internacionais da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e co-fundador e coordenador científico do GEHVID – Grupo de Estudos da História da Viticultura Duriense e do Vinho do Porto, este livro conta a história milenar do Douro vinhateiro, reconhecido pela UNESCO desde 2001, como património da humanidade. Como escreve o autor, "a história de uma quinta no Douro não pode desprezar o seu papel - chave de unidade de exploração agrária, entre a auto-suficiência e a produção para o mercado, num sector precocemente globalizado e, simultaneamente, numa região de difíceis acessibilidades, onde a vida quotidiana, marcada pelo ciclo da vinha, traduz o combate heróico contra a natureza hostil para obter produtos de excelência e assegurar as condições de vida aos que participam nesse combate".
 O livro aborda a história de uma das mais emblemáticas quintas do Douro, a Quinta de Roriz, desde os primórdios, no século XVI, até aos dias de hoje. Por esses séculos, a Quinta de Roriz incluía várias propriedades de monta, de norte a sul do Douro. Em 1749, um grande negociante do Porto, o irlandês Diogo Archbold, adquiriu a quinta ao então proprietário, António Castro Correia de Lacerda. Foi com este proprietário que começou mais a sério a exploração vinícola. Mas os investimentos foram muito avultados e Archbold não teve capacidade para os manter. Teve assim que vender, em 1780, a propriedade a Nicolau Köpke. Por casamentos e alianças matrimoniais, com tragédias familiares pelo meio, a quinta passa dos Köpke para os Van Zeller em meados do século XIX. Esta história entrelaça-se com outras histórias do Douro, como a fundação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, em tempos de grande crise. E isto aumenta o valor da obra, que mostra o elevado grau de pesquisa do autor, outrora fundador do Museu do Douro. Gaspar Martins Pereira recorre profusamente a registos históricos de várias origens para compor a sua história, de leitura fascinante. Destaque ainda para o material fotográfico e para as muitas informações sistematizadas em tabelas, algumas com séculos de existência.
A Quinta de Roriz atravessou as crises e glórias do Douro, do Vinho do Porto e de algumas das suas famílias mais importantes. Uma obra a ler imperiosamente por quem se interesse por esta região e a sua história. [Revista de Vinhos]

«A este propósito, uma última referência, talvez não explicitamente inscrita neste livro, mas que está implicitamente da primeira à última página: a força do lugar, a força do sítio, a obra da região. A construção e a vida desta quinta mostram bem que o vinho, sobretudo o de muita qualidade, não é simples fruto da Natureza. É obra do homem. Dos trabalhadores. Dos pedreiros. Dos enólogos. Dos lavradores. Dos proprietários. Dos comerciantes. Dos adegueiros. Dos agrónomos. Dos consumidores, enfim. Por isso, ao longo dos séculos, o vinho foi mudando e adaptando-se. Por isso, o vinho e as quintas foram mudando as terras e a região. Foram feitos muros e socalcos. Fizeram-se plantações. Transformou-se a paisagem. Mas, em troca, a paisagem mudou os homens, criou-lhes hábitos, modelou as suas vidas. Em grande parte, a história desta quinta, tão bem contada neste livro, revela, como se de uma câmara escura se tratasse, a história de uma região, de um vinho e de um povo. Os que fizeram este vinho acabaram por ser feitos por ele. E as quintas estão no centro deste processo de união entre o trabalho e a natureza, entre os homens e as terras.» António Barreto, prefácio

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real...

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