“Passos
Coelho – Um Homem Invulgar” de Felícia Cabrita
Do
pai herdou a tenacidade e a teimosia. Da mãe a coragem, a resistência e a
paciência. É desta fibra que é feito Pedro Passos Coelho, o líder do PSD que
quer ser primeiro-ministro de Portugal. A jornalista Felícia Cabrita traça-lhe
o retrato. Da infância no Caramulo, aos tempos de liberdade vividos em Angola, passando
pelos suspiros que o rapaz de cabelo loiro e olhos claros despertava nas
raparigas de liceu, numa altura em que resolve percorrer o caminho do Marxismo.
O rapaz solitário, tímido, que devora livros e testa a voz de barítono, cedo
descobre que não é esse o seu caminho e volta-se para a JSD, onde vai ganhando
espaço e destaque graças à sua determinação e às suas ideias claras. Quem o
conhece garante que não aceita meias verdades, que gosta de surpreender os
adversários, que é um líder frio e determinado, que só faz aquilo em que
acredita e, quando não gosta do que tem à sua volta, afasta-se. Já o fez no
passado. Em 1990 chega finalmente o seu tempo. Torna-se líder da JSD. Uma voz
crítica ao governo de Cavaco Silva, leal sempre que foi preciso sair à rua em
campanha. Mas ainda não era o seu tempo. Esperou paciente pela sua
oportunidade, não sem antes ganhar alguns inimigos dentro e fora do partido.
Finalmente a 26 de Março de 2010 é eleito, o mais jovem presidente do PSD.»
«Como
alguns na elite do PSD - Durão Barroso, por exemplo -, Passos também passou
pela extrema-esquerda. Não foi no MRPP, como Durão; foi no PCP.
Na
ressaca do 25 de Abril, era a época da "luta contra as desigualdades
sociais" para Passos Coelho, que ficou fascinado por Álvaro Cunhal num
congresso da UEC, antecessora da JCP. Nem que para isso tenha mentido aos pais,
ambos sociais-democratas, dizendo-lhes que ia para as vindimas. O fascínio por
Cunhal é assim descrito pelo próprio: "Era uma pessoa carismática e havia
uma devoção por aquilo que dizia. Foi um momento quase mágico."
Passadas
quase três décadas, e agora à frente do PSD, Passos olha para trás e explica a
militância comunista por motivações políticas, mas também como um acto de
"rebeldia": "Fui atraído por aquele sentimento de que a esquerda
tem de estar na "grande marcha", sentir que se faz parte de uma coisa
muito grande que muda o mundo. Foi também um gesto de rebeldia em relação a uma
sociedade muito limitada como era, à época, Vila Real."» Nuno Simas,
“Público”
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