Visita à Casa
Museu Aires Torres
por João Luís Sequeira Rodrigues
dia 24 de Maio de 2015 (domingo), das 8h00
às 14h00
em Parada do Pinhão, Sabrosa, Vila Real
«José Augusto Aires Torres nasceu a 18 de
Maio de 1893, em Parada do Pinhão, filho de José Augusto Artur Fernandes
Torres e de Ana Maria Aires Vilela. Contudo o seu nascimento ficaria registado como tendo acontecido no
dia 28 de Maio de 1893, o que, dada a coincidência com a data do golpe
que instaurou a ditadura em 1927, levaria a que Aires Torres ironizasse na
celebração desta data.
Aires Torres
foi influenciado pela figura do pai, um notável engenheiro civil responsável
pela construção do caminho-de-ferro de Moçamedes, uma das grandes obras do
colonialismo português e que se destacou, enquanto senador, em 1920, por
defender um regime de progressiva independência das colónias africanas, o que
lhe viria a causar problemas políticos.
Ficou também
marcado pelo meio onde nasceu e que moldou a sua personalidade. Ao longo de
toda a vida e obra se referiu a uma infância feliz percorrendo e contemplando
as montanhas, as árvores e os rios e aludindo ao amor que sentia pela sua terra
natal. Isto é visível, tanto na correspondência que trocou com amigos e
familiares, como nos seus livros de poesia.
Aires Torres
possuía uma personalidade muito forte de traços bem vincados. Tal como o mundo
que o rodeava, Aires Torres era um homem austero, orgulhoso, rígido defensor de
princípios éticos e políticos sobre os quais não fazia qualquer tipo de
concessões, contemplativo, solitário, que detestava a vulgaridade e a
incoerência. Era também um homem extremamente frontal, com um sentido de humor
corrosivo que fácil e frequentemente se revoltava com as injustiças. Por outro
lado, desde cedo revelou ser um dotado para as artes: representava, tocava
piano e viola, cantava e pintava.
Por solicitação
do seu tio Zeferino, Aires Torres
frequentou o Colégio de Lamego entre 1908 e 1910
Entre 1911 e 1914 frequentou a Escola de Arte
de Representar (actual Conservatório Nacional) que concluiu com nota
máxima e obtido o 1º prémio desta escola, tendo sido nomeado pelo governo para
o quadro do Teatro Nacional.
Foi recrutado para o exército, seguindo, a 27
de Dezembro de 1914, para a guerra em Angola, integrado na coluna
de operações ao Sul de Angola, comandada pelo general Pereira d’Eça, onde permaneceu até 17 de Outubro de 1915.
Regressou,
então, a Portugal. Retomou a carreira de actor, tendo representado no Teatro
Nacional a peça Furtar , da autoria de Bento Mântua.
Contudo, em 21 de Julho de 1917, foi
novamente mobilizado desta vez para integrar o Corpo Expedicionário Português que
iria participar na I Guerra Mundial, na Flandres. Aires Torres só regressaria a Portugal a 17 de Fevereiro de 1919.
Foi então
colocado em Vila Real, no Regimento de Infantaria 13.
Em Fevereiro de 1923, já a viver no Porto,
Aires Torres publicou na revista A Águia o poema A Fogueira na
Montanha, iniciando assim a sua carreira enquanto poeta.
Em 1925, publicou o primeiro livro de poemas
intitulado Inquietação, que recebeu os elogios da crítica
especializada e de personalidades letras como Teixeira de Pascoais, Hernâni
Cidade ou Sant’Anna Dionísio, entre outras.
Em 28 de Maio
de 1926, fruto da decadência do regime republicano, deu-se o golpe que haveria
de instaurar a ditadura em Portugal.
Percebendo que
o regime ditatorial era nefasto para o país, o movimento do Reviralho formado
um conjunto de democratas e republicanos, entre os quais se contava Aires
Torres, começou a organizar um golpe revolucionário na tentativa de depor a
ditadura
O
golpe eclodiu no Porto a 3 de Fevereiro de 1927, no qual Aires Torres teve uma
participação activa.Contudo, esta tentativa revolucionária não decorreu
conforme o previsto. Aires Torres, ferido
num braço no dia 6 de Fevereiro, foi internado no Posto da Cruz
Vermelha. No dia 7 de Fevereiro, o golpe fracassou e Aires Torres fugiu do
Posto da Cruz Vermelha tendo encontrado refúgio em Vigo.
De
Vigo, onde permaneceu algumas semanas, Aires Torres seguiu para Paris, onde
colaborou na criação da Liga de Paris que tinha como objectivo a reorganização
do movimento democrático e a deposição do regime ditatorial que vigorava em
Portugal.
Nessa altura o
jornal clandestino O Reviralho publicou um poema de Aires Torres
intitulado Á Carga, no qual exprimia revolta perante a situação política
que então se vivia em Portugal.
Dificuldades
de subsistência determinaram que poucos meses depois, em Maio de 1927, Aires Torres tenha
regressado a Portugal onde passou a viver na clandestinidade,
ocupando-se na organização de actividades subversivas que visavam o derrube do
regime ditatorial.
Na sequência dessas
actividades, Aires Torres acabaria por ser detido, em Janeiro de 1929, e
preso na Casa de Reclusão da Trafaria. Meses depois evadiu-se da prisão da
Trafaria de forma espectacular, contando também para isso com a ineficiência
dos serviços prisionais e policiais naquela época.
Voltou
então à clandestinidade e à organização de golpes, sendo rotulado pela polícia
como “um dos principais agitadores de aquém Coimbra”. Aires Torres viria a ser novamente preso em 14 de Junho de 1932, ficando
detido na Casa de Reclusão do Porto até 7 de Dezembro de 1932, data em
que foi libertado ao abrigo da amnistia decretada pelo governo de Salazar
aquando da instauração do Estado Novo.
Regressou
então à vida militar, percorrendo várias unidades pelo país e repetindo-se os
conflitos com as hierarquias militares e consequentes processos disciplinares.
Em 1946, tendo já abandonado o exército,
Aires Torres, a convite do Conde da Covilhã (Dr. Júlio Anahory de Quental
Calheiros), passou a exercer funções de Chefe dos Serviços de Propaganda da
Mabor, Fábrica de manufactura de borracha, fundada em 6 de Abril de
1946.
Ainda em 1946, Aires Torres publicou o seu
segundo livro de poemas intitulado Anda às Voltas o Mundo, no
qual expressava a sua visão do mundo na ressaca da II Guerra Mundial, e numa
época em que Portugal vivia em pleno regime Estado Novo.
Tal como Inquietação,
também Anda às Voltas o Mundo recebeu o elogio da crítica literária da
época, apesar de ser um livro onde eram visíveis as tendências oposicionistas
do autor.
Nesse
mesmo ano viria a falecer precocemente o seu filho Fernão, episódio que marcou
profundamente o poeta.
Em 1958, Aires Torres iniciou uma colaboração
esparsa no Jornal de Felgueiras no qual publicou alguns dos seus
poemas.
Os
últimos anos de vida, antes de adoecer, Aires Torres passou-os no na Casa da
Lage, em Celorico de Basto, de onde contemplava o “seu” Marão e no Porto lendo
e escrevendo, participando nas tertúlias do café A Brasileira e do Ateneu
Comercial do Porto. Faleceu com 84
anos, no dia 10 de Fevereiro de 1979, na sua casa da Rua Alves da Veiga, no
Porto.
Visitar a
Casa Museu Aires Torres, em Parada do Pinhão, é uma oportunidade para conhecer
mais de perto aspectos da vida e obra de uma personalidade que tomou parte em
alguns dos mais significativos episódios da história e da cultura portuguesa do
século passado.» João Luís Sequeira
Rodrigues
O ponto de encontro
é na livraria Traga-Mundos, pelas 8h00, para organizarmos o transporte de todos
os participantes – quem tiver lugares livres no seu carro poderá dar boleia a
quem não tem transporte. Quem estiver mais próximo de Mesão Frio, o ponto de
encontro será à porta da Casa Museu Aires Torres, a partir das 9h00.
Participação
grátis, mediante inscrição (até 23 de Maio) na Traga-Mundos, ou pelos seguintes
contactos: 259 103 113, 935 157 323, traga.mundos1@gmail.com.
António Alberto
Alves
Traga-Mundos –
livros e vinhos, coisas e loisas do Douro
Rua Miguel
Bombarda, 24 – 26 – 28 em Vila Real
2.ª, 3.ª, 5.ª, 6.ª,
Sáb. das 10h00 às 20h00 e 4.ª feira das 14h00 às 23h00
259 103 113 | 935
157 323 | traga.mundos1@gmail.com
| www.traga-mundos.blogspot.com
Próximos eventos:
- de 1 a 30 de Maio
de 2015: exposição “A Arquitectura Sen Arquitectos: A Arquitectura Anónima A
Través dos Traballos de Vicente Risco” da Fundación Vicente Risco, na
Traga-Mundos em Vila Real;
- dia 19 de Maio de
2015 (terça-feira), pelas 21h00: apresentação do livro “Crónicas da Nossa
Freguesia – Fidalgos e Plebeus” de José Alves Ribeiro, na Universidade Sénior |
Centro Cultural em Vila Real;
- dias 26 e 27 de
Maio de 2015: participação com uma banca de livros, mais algumas coisas e
loisas, na 19.ª Feira de Minerais, na UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e
Alto Douro em Vila Real;
- dias 29, 30 e 31
de Maio de 2015: exposição / venda de livros galego-portugueses, “Actos da
Cultura Galego-Portuguesa”, Cultura Que Une, Amarante;
- dia 6 de Junho de
2015 (sábado), pelas 21h00: “Prevenção da Saúde com Plantas Medicinais” por
Maria Feliz, na Traga-Mundos em Vila Real;
- dia 7 de Junho de
2015 (domingo), pelas 15h00: apresentação do livro “Crónicas da Nossa Freguesia
– Fidalgos e Plebeus” de José Alves Ribeiro, em Vilar de Maçada;
- dia 7 de Junho de
2015 (domingo), pelas 17h00: apresentação do livro “Crónicas da Nossa Freguesia
– Fidalgos e Plebeus” de José Alves Ribeiro, em Cabêda;
- dias 10, 11, 12,
13 e 14 de Junho de 2015: exposição / venda de livros galego-portugueses,
“Actos da Cultura Galego-Portuguesa”, Cultura Que Une, na livraria Linda Rama,
na Corunha;
- dias 16, 17 e 18
de Julho de 2015: participação com uma banca de livros, mais algumas coisas e
loisas, no PAN - Encontro e Festival Transfronteiriço de Poesia, Património e
Arte de Vanguarda, em Morille, Salamanca;
- dias 24, 25 e 26 de Julho
de 2015: participação com uma banca de livros, mais algumas coisas e loisas, no
PAN - Encontro e Festival Transfronteiriço de Poesia, Património e Arte de
Vanguarda, em Carviçais, Torre de Moncorvo.
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