quinta-feira, 21 de abril de 2016

O lobo do Fojo de Guende


“Signatus – O Lobo do Fojo de Guende” de Isabel Maria Fidalgo Mateus, ilustraçõs de Cristina Borges Rocha

"Isabel Mateus consagra a sua terceira novela ao último grande carnívoro da Península Ibérica: o lobo. Com Signatus, O Lobo do Fojo de Guende a autora põe ênfase na difícil relação estabelecida, ao longo dos séculos, entre esta espécie e o homem em luta constante pelas mesmas presas e pelo mesmo território. A herança cultural dos fojos de vários tipos espalhados pela Península e descritos por autores como Camilo Castelo Branco e Miguel Torga, bem como o uso de veneno são provas fidedignas desse passado conflituoso.
Se ainda durante o primeiro quartel do século XX o lobo habitava em quase todo o território de Portugal, inclusivamente em Lisboa e no Algarve, nos anos 60 a presença daquele já recuava, apesar de ainda ocupar muito do interior do país. Porém, nos anos 80 a situação viria a tornar-se dramática  
̶  nomeadamente por causa do uso de estricnina por parte dos criadores de gado; da pressão da caça; da progressiva falta de presas silvestres para alimentar as alcateias; e, ainda, da destruição e fragmentação do seu habitat, sobretudo pela construção de barragens e de grandes estradas ̶ , levando esta subespécie do lobo-cinzento praticamente à extinção.
O protagonista Signatus e a sua companheira de viagem Deolinda, uma espécie de Fada dos Lobos, serviram de mediadores durante a trama da novela para que lobos, lobeiros e habitantes de Pitões das Júnias e de Vilarinho das Furnas pudessem coexistir pacificamente. Mas os resultados conseguidos por estes pioneiros não foram sempre os pretendidos. Ficou o apelo!
Neste momento, não temos mais de 300 exemplares em zonas protegidas no nosso território e tal deve-se aos esforços do Grupo Lobo – Associação para a Conservação do Lobo e do seu Ecossistema e de outras entidades que com ele colaboram."


«A Deolinda partira logo no dia a seguir em que as crias haviam sido recolhidas em «Santa Maria das Unhas», que é como o povo se refere ao mosteiro. O frei Benito ainda viveu aí mais algum tempo na companhia dos lobitos. Mas assim que eles começaram a responder aos uivos do progenitor e da alcateia, cada vez mais reduzida, e a mastigar de modo voraz os ossos com carne que lhes atirava no átrio, libertou-os. Depois, corria o ano de 1834 quando a população de Pitões o expulsou do mosteiro como, afinal, sucedeu um pouco por todo o reino, e também ele arrumou as trouxas e levou consigo o estritamente necessário para recomeçar a última parte da peregrinação terrena na casa paroquial de Pitões. Contudo, ainda celebrou por mais uns anos a missa da festa em honra da santa, a 15 de agosto, na igreja românica do mosteiro, até que sucumbiu em 1850 como o atesta o historial de Pitões das Júnias.»

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... | Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial...
[também disponível da autora os títulos: “O Trigo dos Pardais”, “Outros Contos da Montanha”, “Contos do Portugal Rural / Tales of Rural Portugal” introduction and translation by Patricia Anne Odber de Baubeta; “A Terra do Chiculate – relatos da emigração portuguesa”, “Maria, Manuel et le Autres – Récits de l’imigration portugaise”; “A Viagem de Miguel Torga”, “A Terra da Rainha – Retratos Portugueses no Reino Unido” “Contos do Portugal Rural” edição bilingue: português / chinês, tradução do curso de Mestrado de Tradução de Chinês / Português do Departamento de Português da Universidade de Macau; “Farrusco – Um Cão de Gado Transmontano” ilustrações de Cristina Borges Rocha, “Sultão – O Burreco Que Veio de Miranda” ilustrações de Cristina Borges Rocha; “A Terra de Duas Línguas – II – Antologia de Autores Transmontanos” e “Por Longos Dias, Longos Anos, Fui Silêncio – Uma Breve Antologia de Autoras Transmontanas”]


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