quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Vinho novo da pipa velha


“Vinho Novo da Pipa Velha” de José Maldonado

Corajoso na opção pelo soneto, forma poética destronada do altar da poesia pelas múltiplas experiências, nem sempre consistentes, germinadas desde a segunda metade do século XX até aos nossos dias, sem fim à vista, tal a confusão gerada por uma omnipresente liberdade de criação literária sem quaisquer referências, o poeta brinca com o espartilho da rigidez métrica do soneto, para dialogar livremente com a pessoa amada, oferecendo toda a seiva poética a uma entidade exterior a si, recusando, deste modo, um certo narcisismo despudorado, ao optar por aquele em que mostrar o amor a outrem é também mostrar-se a si próprio. Mas, para provar que o soneto não é refúgio do artista, mas sim prova de génio, o poeta envereda também pela liberdade da forma, servida por uma maior mescla temática. O poeta prova, assim, ser inteiro.

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