“Vinho Novo
da Pipa Velha” de José Maldonado
Corajoso na
opção pelo soneto, forma poética destronada do altar da poesia pelas múltiplas
experiências, nem sempre consistentes, germinadas desde a segunda metade do
século XX até aos nossos dias, sem fim à vista, tal a confusão gerada por uma
omnipresente liberdade de criação literária sem quaisquer referências, o poeta
brinca com o espartilho da rigidez métrica do soneto, para dialogar livremente
com a pessoa amada, oferecendo toda a seiva poética a uma entidade exterior a
si, recusando, deste modo, um certo narcisismo despudorado, ao optar por aquele
em que mostrar o amor a outrem é também mostrar-se a si próprio. Mas, para
provar que o soneto não é refúgio do artista, mas sim prova de génio, o poeta
envereda também pela liberdade da forma, servida por uma maior mescla temática.
O poeta prova, assim, ser inteiro.
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