CÃO CELESTE #10
com capa de DANIELA GOMES
e colaborações de Abel Neves | Ana Menezes | Ana Paula
Inácio | António Barahona | Bruno Borges | Bruno Dias | Cláudia Dias | Daniela
Fortuna | Débora Figueiredo | Emanuel Jorge Botelho | E. M. de Melo e Castro |
Fábio Neves Marcelino | Fabio Weintraub | Fernando Guerreiro | Gil de Carvalho
| Guilherme Faria | Hélia Correia | Henrique Manuel Bento Fialho | Hugo Pinto
Santos | Inês Dias | Isabel Baraona | ISABEL NOGUEIRA | Jaime Rocha | João
Alves | João Barrento | João Chambel | João Concha | Jorge Roque | José Ángel
Cilleruelo | José Feitor | José Miguel Silva | Leonor Figueiredo | Luca Argel |
Luís França | Luís Henriques | Manuel A. Domingos | Manuel de Freitas | Manuel
Diogo | Maria da Conceição Caleiro | Mário Alberto | Miguel Martins | Miguel
Pereira | Pádua Fernandes | Paulo da Costa Domingos | Pedro Burgos | Raymund
Krumme | Ricardo Castro | Rik Lina | Rui Nunes | RUI PIRES CABRAL | Sebastian
Brant | Tania de Léon | Thomas Bewick | Urbano | Vanda Brotas Gonçalves | Vítor
Silva Tavares | Zepe
«UMA
CONCEPÇÃO FRACTAL DA LÍNGUA PORTUGUESA
E.M. DE MELO
E CASTRO
(...)
Creio até
que esses factores dispersivos nos equipam com uma experiência rica que nos
permite delinear uma concepção contemporânea de espaço linguístico e cultural,
propiciando inusitadas possibilidades de inovação e de criação linguístico-poética.
Nesta perspectiva,
se procurarmos um modelo metafórico para delinearmos as nossas distâncias e as
nossas proximidades, talvez numa primeira aproximação encontraremos a ideia de
«arquipélago» como suficientemente sugestiva e adequada.
(...)
Falar de
ilhas e de arquipélagos pressupõe a existência de uma larga quantidade de
espaço, de que a água é, ao mesmo tempo, matéria física e metáfora,
possivelmente um mar ou um oceano; água essa que tanto une como separa,
formando-se o arquipélago no espaço conceitual de quem o imagina ou vê como
entidade coerente. É tal como as estrelas e as constelações, no espaço sideral.
É tal como
com a língua portuguesa e os oito países que a detêm e utilizam como
instrumento privilegiado, cada um constituindo uma ilha e sonhando de maneira
diferente com a concepção de um arquipélago em que o português seja o tecido
que envolve e possibilita a comunicação, e não o mar que separa, distancia e
estranha as falas dos falantes.
(...)
Tal
concepção de auto-semelhança vem alterar a metáfora do arquipélago e
projecta-nos numa outra metáfora bem complexa, mas também mais adequada,
segundo penso: a metáfora de estrutura «fractal» como descritora da atual
situação da língua portuguesa.
Mas, no caso
de fenômenos culturais e, particularmente, linguísticos, o que poderá
constituir uma concepção fractal, para além de ser mais uma apropriação
metafórica de um conceito científico matemático?
Benoit
Mandelbrot, o matemático inventor da geometria factal, já na segunda metade do
século XX, chamou desde logo a atenção para a natureza caótica, suscetível de
descrição fractal, de numerosos fenômenos naturais, tais como: os movimentos
brownianos, a variação da forma e do volume das nuvens, a ondulação da
superfície do mar, a agitação das folhas e dos ramos das árvores impelidas pelo
vento, ...
(...)
Não me
parece difícil extrapolar para o mundo das ciências humanas e, particularmente,
daquelas atividades a que chamamos linguísticas, como a fala, a escrita, a
comunicação, a informação, a criação textual, a invenção do novo poético ou o
exercício do raciocínio e da capacidade formuladora de pensamentos.»
Disponível
na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... |
Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial...
[também disponível os
seguintes números de “Cão Celeste”: #3, #4, #5, #6, #7, #8, #9]
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