“Os Vampiros” de
Dr. José Afonso [cd]
1 Os Vampiros
2 Menino D'Oiro
3 Canção Do Vai...E Vem
4 Senhor Poeta
5 Tenho Barcos Tenho Remos
6 Vira De Coimbra
7 Menino Do Bairro Negro
8 As Pombas
9 No Lago Do Breu
10 Canção Longe
11 Amor De Estudante
12 Balada De Outono
José Afonso
(1929-1987) gravou Os Vampiros em Coimbra, no Mosteiro de S. Jorge de Milreu,
acompanhado à viola por Rui Pato . A canção
foi editada em 1963 num EP com etiqueta Discos Rapsódia, juntamente com outras
três canções (Menino do bairro negro, Canção vai… e vem e As pombas) sob o
título genérico Dr. José Afonso em Baladas de Coimbra.
Quatro anos depois
do lançamento do disco, José Afonso escreveu no livro Cantares (ed. Nova
Realidade, 1967) estas palavras para justificar a canção Os Vampiros: “Numa
viagem que fiz a Coimbra apercebi-me da inutilidade de se cantar o cor-de-rosa
e o bonitinho (…). Se lhe déssemos uma certa dignidade e lhe atribuíssemos,
pela urgência dos temas tratados, um mínimo de valor educativo, conseguiríamos
talvez fabricar um novo tipo de canção cuja actualidade poderia repercutir-se
no espírito narcotizado do público, molestando-lhe a consciência adormecida em
vez de o distrair. Foi essa a intenção que orientou a génese de Vampiros”.
O que o inspirou?
“A fauna hiper-nutrida de alguns parasitas do sangue alheio serviu de bode
expiatório. Descarreguei a bílis e fiz uma canção para servir de pasto às
aranhas e às moscas. Casualmente acabou-se-me o dinheiro e fiquei em Pombal com
um amigo chamado Pité. A noite apanhou-nos desprevenidos e enregelados num
pinhal que me lembrou o do rei e outros ambientes brr herdados do Velho
Testamento.”» Nuno Pacheco, “Público”
Os Vampiros
Este tema apareceu
pela primeira vez num LP intitulado "Dr. José Afonso em Baladas de
Coimbra", de 1963. Uma das canções mais emblemáticas de Zeca Afonso.
"No céu cinzento / Sob o astro mudo / Batendo
as asas / Pela noite calada / Vêm em bandos / Com pés de veludo / Chupar o
sangue / Fresco da manada
Se alguém se engana / Com seu ar sisudo / E
lhes franqueia / As portas à chegada / Eles comem tudo / Eles comem tudo / Eles
comem tudo / E não deixam nada
São os mordomos / Do universo todo / Senhores
à força / Mandadores sem lei / Enchem as tulhas / Bebem vinho novo / Dançam a
ronda / No pinhal do rei
Eles comem tudo / Eles comem tudo / Eles
comem tudo / E não deixam nada"
in José
Afonso: textos e canções, Assírio e Alvim, 1983
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