“Canhenho Dum
Médido” de Otílio Figueiredo
«Nasceu em Vila
Real, na "casa da Laranjeira", na Rua da Misericórdia, em 19 de
Agosto de 1909 e aí faleceu a 04 de Outubro de 1988. Era filho de Francisco
Carvalho Figueiredo e de Maria de Jesus Ribeiro. O pai participou na 1.a Grande
Guerra, como tenente do exército e no pronunciamento do Regimento de Infantaria
n.° 13. de 3 de Fevereiro de 1927, que avançou sobre o Porto como primeira
reacção ao 28 de Maio de 1926. As suas inclinações para as artes levam no aos 7
anos, a receber aulas de desenho e de música. Faz os estudos até ao 7.° ano
(curso complementar dos liceus) em Vila Real e segue para Lisboa para fazer os preparatórios
para ingressar na Armada. Regressa passado um ano e vai, por insistência da
mãe, para a Faculdade de Medicina do Porto. Inscreve-se também no Conservatório.
No ano seguinte é obrigado a ir para Coimbra, onde se licencia em Medicina em
1935, após intensa actividade social e política na Academia coimbrã, sendo
eleito representante da Academia de Coimbra ao Senado Universitário. Enquanto
estudava ganhava dinheiro como compositor e músico. É nomeado Adaíl do Grupo de
Adueiros n° 24 de Vila Real, sendo louvado e condecorado pelo seu trabalho.
Dirigiu o semanário "Paracelso Jornal de Letras, Artes e Ciências",
de Coimbra.
Inicia a sua
actividade clínica em Justes Vila Real, para se poder curar de uma tuberculose,
onde conhece e casa com Maria Estela Palheiros Fontes (professora), de quem
veio a ter dois filhos, Eurico José (médico psiquiatra) e Otílio (médico
cirurgião director do Serviço de Cirurgia do Hospital Distrital de Vila Real).
Em Justes consegue, para além da actividade clínica, muitos melhoramentos para
a aldeia e uma grande actividade social. Os esbirros do Estado Novo olharam
estas actividades com desconfiança. Assim, em 1949, é demitido das funções de
médico municipal e regressa a Vila Real em 1950 e abre a Casa de Saúde de Vila
Real, que em 1958 toma o nome de Clínica do Professor Doutor Bissaya Barreto.
Homenageia assim o ilustre e filantropo professor e cirurgião que ali operou
durante 15 anos, sendo lhe atribuído o título honorífico de Cidadão Honorário.
Aqui desenvolve. durante 30 anos a sua actividade médica, curativa e
profilática e uma intensa actividade social, sendo fundador do Rotary Club de
Vil Real e Médico Chefe dos Bombeiros Voluntários de Salvação Pública de Vila
Real. Era considerado o médico dos pobres, por chegar a pagar do seu bolso os
serviços de saúde dos mais necessitados da Rua dos Ferreiros, Bairro da Estação
e freguesia de Mateus. Chegava a levar o típico e popular Bertelo a Coimbra,
que sentava à sua mesa no restaurante.
Dedica se ainda à
actividade artística invulgarmente rica na música, na caricatura, na pintura,
no desenho e sobretudo à literatura. (...) Usou os pseudónimos de D. Fuas e de
Robespierre. Publicou música ligeira alguma dela pela casa Sasseti. Otilio de
Figueiredo. republicano convicto e tolerante. era o rosto da oposição em Vila
Real. fazendo parte das comissões distritais de candidatura do General Norton de
Matos (1948). Humberto Delgado (1958) e candidata se a deputado em 1969 pela
Comissão Democrática Eleitoral (oposição). Após o 25 de Abril cerca de 10 mil
cidadãos do distrito de Vila Real pedem lhe que aceite ser Governador Civil,
ele fez jurar aos seus apoiantes que nunca perseguiriam os seus adversários
políticos. A sua tolerância e bondade levam no a nunca se referir às
perseguições políticas de que foi alvo. Em 1984 inicia a actividade de livreiro
e editor, editando obras suas e de outros autores transmontanos. Na livraria
gostava de juntar amigos numa tertúlia ao fim da tarde. A Câmara Municipal de
Vila Real homenageou o postumamente, atribuindo o seu nome a uma rua (1988) e
atribuindo lhe a medalha de ouro de Mérito Municipal (1990).» Jorge Lage, In ii
volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses, coordenado
por Barroso da Fonte.
Disponível na
Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... |
Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial...
[também disponível do autor
os seguintes títulos: “Ressuscitemos os Cravos Vermelhos!”, “O Cabo Mingas”, “A
Praga dos Gafanhotos”, “Era Uma Vez... Contos Para Crianças” ilustrações de
Manuela Bacelar, “Miscelânea” das Publicações Setentrião; “ABC das Mães”,
“Interlúdio – Odes”]
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