sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Barbearias em fotografias


“Barbearias” exposição de fotografia e objectos de Duarte Carvalho

É o culminar de um trabalho de recolha efectuado ao longo de vários anos. Agora só existe a fotografia a relembrar esses espaços onde tantas gerações iam para dar um retoque no seu aspecto.

com textos inéditos de António Cabral e de A. M. Pires Cabral e fotos de Duarte Carvalho. 

«Aos dez anos começou a trabalhar na barbearia do pai, em Vila Real. Quarenta e cinco anos depois, Sebastião Ferreira continua de tesoura e navalha na mão e a sua imagem ilustra uma exposição de homenagem aos barbeiros transmontanos. Aprendeu a "arte" numa barbearia no centro da cidade de Vila Real, inaugurada há mais de 80 anos, onde ainda hoje trabalha, aperaltando clientes cada vez mais idosos.
Sebastião Ferreira, 55 anos, disse à Lusa que nunca pensou noutra profissão que não fosse cortar cabelo e barba e lamentou que já ninguém queira aprender este ofício. O serviço completo de "barba e cabelo" é agora mais raro, desde que os homens ganharam o hábito de tratar da cara em casa, mas os cortes de cabelo ainda dão que fazer a Serafim Ferreira. Os dias mais "complicados" são as terças e sextas-feiras, dias de fira em Vila Real e muitas pessoas das aldeias aproveitam para cortar o cabelo.
Considerada uma profissão quase em vias de extinção, com a proliferação dos cabeleireiros unissexo, o ofício de barbeiro ainda vai sobrevivendo no distrito. Foi para homenagear este ofício e mais particularmente os barbeiros transmontanos que o fotógrafo Duarte Carvalho organizou uma exposição, patente no Teatro de Vila Real até ao dia 30. A mostra inclui cerca de 60 fotografias de barbeiros e barbearias, tiradas entre 1982 e 2006 em Vila Real, Murça e Peso da Régua, bem como objectos alusivos a esta actividade.
Entre as tradicionais cadeiras de barbeiros, de madeira ou já de metal, está ainda em exposição material utilizado na arte do "corte", como tesouras, espanadores, pincéis, estanca-sangue, navalhas ou máquinas de rapar o cabelo. E, como se trata de barbearias, não podiam faltar os "míticos" calendários de mulheres nuas. Duarte Carvalho salientou a importância social das barbearias, "locais de encontro e de tertúlia", onde se podem discutir os mais variados assuntos, desde o futebol à agricultura. "Julgo mesmo que se trata de uma das mais velhas profissões do mundo", diz.» [Jornal de Notícias]

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