“Barbearias”
exposição de fotografia e objectos de Duarte Carvalho
É o culminar de um
trabalho de recolha efectuado ao longo de vários anos. Agora só existe a
fotografia a relembrar esses espaços onde tantas gerações iam para dar um
retoque no seu aspecto.
com textos inéditos de António Cabral e de A. M. Pires Cabral e fotos de Duarte Carvalho.
com textos inéditos de António Cabral e de A. M. Pires Cabral e fotos de Duarte Carvalho.
«Aos dez anos
começou a trabalhar na barbearia do pai, em Vila Real. Quarenta e cinco anos
depois, Sebastião Ferreira continua de tesoura e navalha na mão e a sua imagem
ilustra uma exposição de homenagem aos barbeiros transmontanos. Aprendeu a
"arte" numa barbearia no centro da cidade de Vila Real, inaugurada há
mais de 80 anos, onde ainda hoje trabalha, aperaltando clientes cada vez mais
idosos.
Sebastião Ferreira,
55 anos, disse à Lusa que nunca pensou noutra profissão que não fosse cortar
cabelo e barba e lamentou que já ninguém queira aprender este ofício. O serviço
completo de "barba e cabelo" é agora mais raro, desde que os homens
ganharam o hábito de tratar da cara em casa, mas os cortes de cabelo ainda dão
que fazer a Serafim Ferreira. Os dias mais "complicados" são as terças
e sextas-feiras, dias de fira em Vila Real e muitas pessoas das aldeias
aproveitam para cortar o cabelo.
Considerada uma
profissão quase em vias de extinção, com a proliferação dos cabeleireiros
unissexo, o ofício de barbeiro ainda vai sobrevivendo no distrito. Foi para
homenagear este ofício e mais particularmente os barbeiros transmontanos que o
fotógrafo Duarte Carvalho organizou uma exposição, patente no Teatro de Vila
Real até ao dia 30. A mostra inclui cerca de 60 fotografias de barbeiros e barbearias,
tiradas entre 1982 e 2006 em Vila Real, Murça e Peso da Régua, bem como
objectos alusivos a esta actividade.
Entre as
tradicionais cadeiras de barbeiros, de madeira ou já de metal, está ainda em
exposição material utilizado na arte do "corte", como tesouras,
espanadores, pincéis, estanca-sangue, navalhas ou máquinas de rapar o cabelo.
E, como se trata de barbearias, não podiam faltar os "míticos"
calendários de mulheres nuas. Duarte Carvalho salientou a importância social
das barbearias, "locais de encontro e de tertúlia", onde se podem
discutir os mais variados assuntos, desde o futebol à agricultura. "Julgo
mesmo que se trata de uma das mais velhas profissões do mundo", diz.»
[Jornal de Notícias]
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