BREVES PALAVRAS E UM APELO
Pede-me o amigo António Alves, da
Traga-Mundos, que dirija algumas palavras ao IV Encontro Livreiro de
Trás-os-Montes e Alto Douro, a realizar na Livraria Dinis, em Valpaços, no dia
22 de Março de 2015. Depois de Vila Real, de Macedo de Cavaleiros e de
Bragança, esta inédita forma de organização chega agora a Valpaços. Que
continue o seu caminho por muitos anos!
Não sei se será de grande valia o
que eu vos possa dizer mas não podia recusar este convite. Como saberão, estive
ligado, desde antes mesmo da primeira hora, ao núcleo organizador do Encontro
Livreiro, um movimento das gentes do livro (não apenas de livreiros) que foi
lançado em Setúbal no dia 28 de Março de 2010. E que inspirou o(s) Encontro(s)
Livreiro(s) de Trás-os-Montes e Alto Douro e, mais recentemente, o I Encontro
Livreiro do Porto e Grande Porto, realizado na Livraria Lello I Prólogo
Livreiros no dia 23 de Novembro de 2014. E, em parceria com a Fundação José
Saramago, o Dia da Livraria e do Livreiro.
Quero, em primeiro lugar, deixar
registado o meu grande apreço pelo trabalho que os livreiros e as gentes do
livro de Trás-os-Montes e Alto Douro, inspirados inicialmente no movimento
Encontro Livreiro, têm vindo a desenvolver no sentido de levar às livrarias
locais, numa saudável rotatividade, o necessário e imprescindível encontro das
gentes do livro da região, reflectindo sobre os problemas e criando novos
métodos de trabalho que vão dando os seus frutos. Podemos dizer que em
Trás-os-Montes e Alto Douro os livreiros e as gentes do livro já estão a
trabalhar em conjunto. Parabéns a todos! Permitam-me, no entanto e sem
desprimor para ninguém, uma saudação muito, muito especial ao António Alves e à
Virgínia do Carmo pelo privilégio da amizade que me concedem.
Não permitamos que as livrarias se
transformem numa espécie em vias de extinção.
Sobretudo as pequenas e médias livrarias independentes, espalhadas pelo
país fora, que lutam diariamente pela
sobrevivência, não desistindo à primeira dificuldade. Mas isso só será possível
se juntarmos mais e mais gente, cada vez mais gente, em torno deste objectivo,
que deve ser de todos, a começar nos autores e a acabar nos leitores. São estes
últimos, temo-lo dito repetidas vezes, que justificam toda a cadeia do livro.
É, pois necessário que as livrarias façam um trabalho exigente de criação e
multiplicação de leitores, que não se preocupem apenas com o fugaz e efémero
que se esgota na venda pela venda e na obtenção de objectivos imediatos. Só a
criação de cada vez mais e melhores leitores, de leitores cada vez mais
exigentes, garantirá o futuro do sector editorial e livreiro, um sector
fundamental para a emancipação de um país que se quer verdadeiramente livre e
desenvolvido.
No ano passado deixei um apelo no
V Encontro Livreiro: que se constitua um movimento nacional de livreiros
independentes que lute pela preservação das pequenas e médias livrarias. Parece
que, até agora, esse apelo caiu em saco roto. Continuo, no entanto, convencido
da sua urgência.
É fundamental que os livreiros
não fiquem a observar da bancada ou atrás do balcão. É fundamental que falem
entre si, que definam objectivos comuns, que se organizem e lutem. Juntos!
Criando uma rota de livrarias e uma rede de novas cumplicidades e de novas
formas de colaboração e de trabalho.
Renovo agora aqui, dirigindo-me
aos livreiros de Trás-os-Montes e Alto Douro, o mesmo apelo: conversem entre
vós e com as gentes do livro da vossa região, conversem com os livreiros
independentes – há (ainda) duas ou três dezenas que resistem por este nosso
país fora – e com os livreiros e as gentes do livro que já integram o(s)
Encontro(s) Livreiro(s), e avancem decididamente para a criação de um movimento
específico e autónomo de livreiros independentes. Pegando nesse núcleo, será
possível traçar linhas de ida e volta que vão de Valpaços ao Funchal, passando
por Sines, Setúbal, Cascais, Porto, Lisboa, Vila Real e Macedo de Cavaleiros e,
daqui, criar novas rotas que podem passar por Leiria, Évora, Almada, Braga,
Guimarães e por outras vilas e cidades onde haja ou venha a haver livrarias
independentes.
Livreiros do meu país, uni-vos!
Luís Guerra
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