“Consuelo, o amor proibido” de Bernardino Henriques
«A raia foi muito mais que um espaço geográfico. A raia foi um
microcosmo, um espaço multicultural, económico e comunitário, um espaço de
partilhas que os seus habitantes sempre souberam conciliar, às vezes ignorando
a lei, lei essa muitas vezes ao serviço de outros interesses e não os dessa
comunidade.
A raia, como se percebe, é o pano de fundo de grande parte dos
contos que o autor nos oferece. Essas vivências transfronteiriças surgem-nos
num período conturbado da nossa história, num período em que a guerra civil
grassava em Portugal e onde, mais uma vez, os ideais eram comuns em ambos os
lados da fronteira.
Perante esta realidade histórica, que é um facto, somos
obrigados a questionar-nos sobre a física fragilidade da mesma e, quem sabe, a
elevar o nosso pensamento para este nosso tempo, este início do século XXI,
muito próprio, muito global, mas simultaneamente egocentrista.
Consuelo, o amor proibido, não é uma obra de mera ficção. Estas
bem urdidas narrativas de Bernardino Henriques possuem uma dimensão humana que
me leva a apostar na sua divulgação. Nelas, há a eterna luta entre a emoção e a
razão, seja ela qual for, e que muitas vezes é o resultado de uma época
histórica, de uma ética e moral vigentes, e não fruto do desenvolvimento e do
progresso humano.
O ser humano é-nos apresentado frágil, cheio de contradições, e
nem o estatuto profissional o consegue enobrecer. As emoções, sejam elas de
celibatários ou não, acabam sempre por influenciar o nosso comportamento, às
vezes extremo, e a questão põe-se mais uma vez: onde acaba a emoção e começa a
razão, ou vice-versa?
O autor não nos dá nenhuma resposta, e nem é necessário. Isso é
sempre algo que permanecerá na consciência de cada um de nós, e poderá ser
sempre avaliado de diferentes perspectivas. Há uma relatividade em tudo o que é
profundamente humano, esse relativismo é atávico, faz parte da sua natureza e
permanecerá nele, em nós, ao longo da sua existência.»
António Sá Gué, Nota do Editor
Bernardino Henriques nasceu em Fóios, Sabugal, e é licenciado
pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma, Itália) e pela Universidade
Católica de Lisboa, além de ter frequentado linguística alemã na Universidade
de Münster (Alemanha). Trabalhou no Consulado Geral de Portugal em Osnabrück
(Alemanha).
Foi diretor de “O Nosso Jornal” (Lagos) e chefe de redação do jornal “Terra Quente” (Mirandela). Além disso, colaborou em outros jornais como “Diálogo do Emigrante” (Münster, Alemanha), “Mensageiro de Bragança” e “Voz do Nordeste” (Bragança), bem como na revista internacional dos portugueses emigrantes “Peregrinação”. Colaborou na obra “A Diáspora em Letra Viva” (Cacilhas, 1998), com o poema "Des (al) armamento)", e em “Leiamos – contoário” (Lisboa, 2006 com o conto "Uma escolha singular") e em “Trás-os-Montes e Alto Douro, Mosaico de Ciência e Cultura” (Lagoaça, 2012).
É autor de várias obras, tanto em prosa como em poesia, e tradutor de dezenas de títulos do francês, italiano e espanhol. Traduziu cerca de duas dezenas de títulos, do francês, espanhol e italiano. Vive em Mirandela.
Foi diretor de “O Nosso Jornal” (Lagos) e chefe de redação do jornal “Terra Quente” (Mirandela). Além disso, colaborou em outros jornais como “Diálogo do Emigrante” (Münster, Alemanha), “Mensageiro de Bragança” e “Voz do Nordeste” (Bragança), bem como na revista internacional dos portugueses emigrantes “Peregrinação”. Colaborou na obra “A Diáspora em Letra Viva” (Cacilhas, 1998), com o poema "Des (al) armamento)", e em “Leiamos – contoário” (Lisboa, 2006 com o conto "Uma escolha singular") e em “Trás-os-Montes e Alto Douro, Mosaico de Ciência e Cultura” (Lagoaça, 2012).
É autor de várias obras, tanto em prosa como em poesia, e tradutor de dezenas de títulos do francês, italiano e espanhol. Traduziu cerca de duas dezenas de títulos, do francês, espanhol e italiano. Vive em Mirandela.
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