“Terra Mãe Terra
Pão” Mouette Barboff
Foi graças aos
cereais, principal fonte de calorias e proteínas, que as primeiras comunidades
humanas puderam subsistir e desenvolver-se.
Desde a Antiguidade
que, na Europa, a cultura do trigo, cereal panificável por excelência, mas
também, embora menos importante, a do centeio, propiciam a confecção do pão.
Outros cereais, como a cevada, a aveia, os milhos miúdos ou o trigo-sarraceno,
são consumidos, essencialmente, sob a forma de papas. Como sublinha A.
Maurizio: «na Europa pré-industrial, pão e papa são sinónimos de subsistência».
Hoje em dia, a
nossa alimentação é mais rica e diversificada, no entanto, o cheiro do pão
quente ainda nos abre o apetite, e, quando temos um “buraco no estômago”, qual
de entre nós não teve vontade de trincar num bocado de pão para acalmar a fome?
Pelo facto de ser um alimento com grande valor nutritivo, o pão desempenha um
papel fundamental nos planos socioeconómico, tecnológico, político, cultural e
religioso.
A vida em
comunidade gera entreajuda, principalmente, durante os períodos cruciais das
ceifas, das malhadas e desfolhadas, assim como na utilização do forno
comunitário. Cada um participa na confecção do pão segundo a sua arte: o
ferreiro, o carpinteiro, o oleiro, o pedreiro, o moleiro, o tecelão, o
forneiro; e são as mulheres que trabalham a massa.
Última fase de uma
sucessão de esforços e de uma cadeia de solidariedade, o «pão legítimo», como
dizem as mulheres, é o símbolo das identidades familiar e regional, sendo
também símbolo de hospitalidade.
Alimento do corpo e
do espírito, o pão e os cereais ou «plantas de civilização», como lhes chama
Fernand Braudel, possibilitaram que as populações se estruturassem, material e
espiritualmente.
Disponível na
Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... |
Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila
Rial...
[também o título: “Pão
Feito Em Casa” de M. Margarida Pereira-Müller]
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