“Versos
Vagabundos, Fragmentos de Mármore” de Lucília Verdelho da Costa
«Embora,
o saudosismo possa ser um sentimento interessante e a consulta ao passado uma
excelente lição, a tentativa de o reviver constitui uma utopia, comportando a
consequência última de todas as utopias que é a desilusão, além de outros
prejuízos associados. A ilusão de que a vida de outros tempos se pode repetir é
frequente, sobretudo em épocas de crise, quando o presente se apresenta
adverso. No entanto, o tempo não admite repetições e qualquer redundância
restauracionista é pura fuga à realidade.»
Lucília
Verdelho da Costa, natural de Mirandela, é historiadora e crítica de arte,
domínio em que publicou numerosas obras, artigos e outros trabalhos de
investigação. Destas publicações merecem especial destaque como estudos
pioneiros da arte, do restauro do património e da crítica de arte e da
literatura (…).
Ao
publicar “Versos Vagabundos, Fragmentos de Mármore” sob a chancela da
Editora Lema d’Origem, a Autora pretendeu essencialmente prestar homenagem à
terra em que nasceu e viveu até ao final da adolescência [Mirandela].
Transferindo-se sucessivamente para Coimbra e para Lisboa, e, depois, para
Paris, estes versos espelham as vivências dessas deambulações, ritmadas por
retornos, ausências, em sempiterna inquietação. Nas suas deslocações para
Nancy, onde leccionou, ou para Itália, onde a sua obra académica está
profundamente ancorada, jogam-se interstícios da memória, numa ambivalência
constante entre as luzes do Norte e a atracção pelo Sul, e a incomparável arte
da Beleza. E, no entanto, a terra natal é sempre evocada, a infância surgindo
intacta por entre as luzes tamisadas do Norte e os fragmentos dispersos do
mármore das estátuas, tempo esculpido para além do Tempo, memória perdida e
sempre reencontrada.
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