“Poemas Cativos” de
Manuel Veiga
De novo a montanha
como gesto abrupto
Do silêncio íntimo. Percorro veredas d´água
Subterrânea e o magma. E nesse fogo
Se condensam estalactites. Afectos agora
Evanescentes. Essências matriciais ainda...
Fecha-se o círculo. Em redor as brumas
E os rostos. E os cheiros. E esta pedra
Em que trôpego desfaleço. A febre quente.
E o suor frio. E o grito d´alma que voa
Qual corrente. Veleiro sem regresso, nem destino...
A vida? Esquivas corsas que de tão lestas
Se pressentem e apenas no rasto se iluminam...
Fortuitas são as horas. Não o caçador negro
Nem o coração da pedra. Apenas a água
(E sal da lágrima) são lírios e são heras...
Guardo sôfrego este silêncio e me retiro.
O fogo é agora esta paixão: o eco de calcário
E meus dedos brasa.
Poeira e caliça.
E muros derrubados.
E esta centelha viva que na queda
Se derrama.
Fim de tarde que ao sol se incendeia...
Manuel Veiga nasceu
em Matela, Vimioso, e vive na Bobadela, concelho de Loures. É licenciado em
Direito, tendo exercido advocacia durante alguns anos, para depois enveredar
pela consultadoria jurídica em organismos públicos da Área Metropolitana de
Lisboa e na Inspeção Geral da Educação. Foi presidente da Assembleia Municipal
de Loures entre 1985 e 1997.
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