“Falar(es) do Zoio
– Uma aldeia bragançana em meados do séc. XX” de António Afonso Evangelista
Quem hoje, em 2012,
tenha menos de 50 anos, terá muita dificuldade em imaginar como era o Zoio: uma
pequena aldeia na Serra de Nogueira, no concelho de Bragança, e como era viver
no Zoio, na década de 50 do século passado! Não apenas a aldeia em si, mas a
vida sofrida que se vivia, que era quase completamente condicionada pelos
árduos trabalhos que uma agricultura de subsistência exigia e pelo atraso,
isolamento e esquecimento a que Trás-os-Montes esteve (e ainda está) votado.
Então, se fosse inverno, o esforço de imaginação teria que ser bem maior!
Parece que chovia durante dias sem fim, caíam frequentes nevadas e grandes
nevões, que transformavam as ruas em autênticos lodaçais durante meses, por
onde, apesar disso, era preciso caminhar. Um cenário lúgubre, atrasado,
medieval, proporcionando condições de vida diria quase desumanas, a exigirem
uma resignação e um espírito de sacrifício que, hoje, dificilmente, somos
capazes de conceber, quanto mais de suportar. A quase totalidade das casas de
habitação não tinha condições mínimas de habitabilidade: quase todas cobertas
apenas de telha vã (não eram forradas), com poucos cómodos e escassa mobília,
sem electricidade (chegou no dia de Consoada de 1977), nem água canalizada, nem
casas de banho, claro. Pode parecer por este preâmbulo que a vida era
miserável. Não, longe disso. As condições de vida, comparadas com as de agora,
é que eram miseráveis. Mas parece que a gente vivia, atrevo-me a dizer, feliz e
contente: conversava-se muito, cantava-se muito, assobiava-se muito, ria-se
muito, brincava-se muito (miúdos e graúdos), dançava-se muito, práticas que
hoje também já se foram. E era-se muito solidário.
Índice: Preâmbulo |
As Minhas Razões | As Origens | O Aspecto da Aldeia nos Anos 50 | As Casas de Habitação
e Anexos | A Economia | A Alimentação | A Educação | A Religião | O Vestuário e
o Calçado | A Higiene | Os Grandes Trabalhos | A Decrua | A Plantação das
Batatas | Os Fenos | A Vima | A Segada | A Acarreja | A Malha | A Trilha | A
Arreiga das Batatas | A Sementeira | A Apanha das Castanhas | Os Grandes
Momentos | A Mata-Porca | A Consoada | Os Reis | A Serra-da-Velha | A Páscoa | A
Senhora da Serra | Figuras Típicas | O Ferrador | O Capador | O Latoeiro /
Caldeireiro | O sombreireiro | Ceguinhos | O Retratista | Adebertimentos | Jogos
de Força | Atirar o Calhau | Atirar o Ferro | Atirar a Relha | O Pulo | Jógo do
Fito | Jógo dos Paus | Jogos de Cartas | Sueca | Chincalhão | Estendrete | Bisca
de Nove | Bisca de Pintas | Burro | Roubão | Jogos de Azar | Bugalhas | Batota
| A Vermelhinha (Burmelhinha) | Sete e meio | Raiola | Jogos de Garotos (e
de Rapazes) | Pirogalo | Palma | Alar | Tiroliro | Quem-te-monta | Bilharda
| Chicha | Ringue | Jogos de roda | O Lencinho | Jogo da Macaca | O anelzinho |
ELUCIDÁRIO | Breves notas sobre a Fonologia, Morfologia e Sintaxe | Elucidário
| Uma história tradicional em “Zoiês” | Posfácio
O autor nasceu
a 4 de Outubro de 1942, em Lourenço Marques, Moçambique. Vem para o Zoio em
1944, onde fez a primária. Seminário de Vinhais, em 1952; Liceu de Bragança, em
1956; em 1960, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde frequentou
Filologia Românica. Em Janeiro de 1964, cadete na Escola Prática de Infantaria,
em Mafra. Em Julho de 1965 embarca para a Guiné, como alferes miliciano. Em
Setembro de 1967, Paris. Em Julho de 1970, Lausanne, Suíça. Em 1973, Porto. Em
1974, Lisboa. Regressa ao Porto em 1978, onde vive. Fez toda a sua vida
profissional, desde Novembro de 1967, ligado à informática de gestão. Casado
com uma cidadã britânica desde Dezembro de 1973, tem cinco filhos e sete netos.
O Zoio é, obviamente, a sua segunda casa.
Disponível na
Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... |
Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila
Rial...
[também as seguintes
monografias: “Guiães – História com Histórias Da Vila do Seixo” de João Pedro
da Fonseca Timpeira, “Torre de Moncorvo – Município Tradicional” de Ilda
Fernandes, “Sendim – Planalto Mirandês – Valores em Mudança no Final do Século
XX” de Ana Isabel Afonso, “Sendin – Tierra de Miranda – Geografia e Toponímia”
de Carlos Ferreira]
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