quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Falar(es) do Zoio


“Falar(es) do Zoio – Uma aldeia bragançana em meados do séc. XX” de António Afonso Evangelista

Quem hoje, em 2012, tenha menos de 50 anos, terá muita dificuldade em imaginar como era o Zoio: uma pequena aldeia na Serra de Nogueira, no concelho de Bragança, e como era viver no Zoio, na década de 50 do século passado! Não apenas a aldeia em si, mas a vida sofrida que se vivia, que era quase completamente condicionada pelos árduos trabalhos que uma agricultura de subsistência exigia e pelo atraso, isolamento e esquecimento a que Trás-os-Montes esteve (e ainda está) votado. Então, se fosse inverno, o esforço de imaginação teria que ser bem maior! Parece que chovia durante dias sem fim, caíam frequentes nevadas e grandes nevões, que transformavam as ruas em autênticos lodaçais durante meses, por onde, apesar disso, era preciso caminhar. Um cenário lúgubre, atrasado, medieval, proporcionando condições de vida diria quase desumanas, a exigirem uma resignação e um espírito de sacrifício que, hoje, dificilmente, somos capazes de conceber, quanto mais de suportar. A quase totalidade das casas de habitação não tinha condições mínimas de habitabilidade: quase todas cobertas apenas de telha vã (não eram forradas), com poucos cómodos e escassa mobília, sem electricidade (chegou no dia de Consoada de 1977), nem água canalizada, nem casas de banho, claro. Pode parecer por este preâmbulo que a vida era miserável. Não, longe disso. As condições de vida, comparadas com as de agora, é que eram miseráveis. Mas parece que a gente vivia, atrevo-me a dizer, feliz e contente: conversava-se muito, cantava-se muito, assobiava-se muito, ria-se muito, brincava-se muito (miúdos e graúdos), dançava-se muito, práticas que hoje também já se foram. E era-se muito solidário.



Índice: Preâmbulo | As Minhas Razões | As Origens | O Aspecto da Aldeia nos Anos 50 | As Casas de Habitação e Anexos | A Economia | A Alimentação | A Educação | A Religião | O Vestuário e o Calçado | A Higiene | Os Grandes Trabalhos | A Decrua | A Plantação das Batatas | Os Fenos | A Vima | A Segada | A Acarreja | A Malha | A Trilha | A Arreiga das Batatas | A Sementeira | A Apanha das Castanhas | Os Grandes Momentos | A Mata-Porca | A Consoada | Os Reis | A Serra-da-Velha | A Páscoa | A Senhora da Serra | Figuras Típicas | O Ferrador | O Capador | O Latoeiro / Caldeireiro | O sombreireiro | Ceguinhos | O Retratista | Adebertimentos | Jogos de Força | Atirar o Calhau | Atirar o Ferro | Atirar a Relha | O Pulo | Jógo do Fito | Jógo dos Paus | Jogos de Cartas | Sueca | Chincalhão | Estendrete | Bisca de Nove | Bisca de Pintas | Burro | Roubão | Jogos de Azar | Bugalhas | Batota | A Vermelhinha (Burmelhinha) | Sete e meio | Raiola | Jogos de Garotos (e de Rapazes) | Pirogalo | Palma | Alar | Tiroliro | Quem-te-monta | Bilharda | Chicha | Ringue | Jogos de roda | O Lencinho | Jogo da Macaca | O anelzinho | ELUCIDÁRIO | Breves notas sobre a Fonologia, Morfologia e Sintaxe | Elucidário | Uma história tradicional em “Zoiês” | Posfácio

O autor nasceu a 4 de Outubro de 1942, em Lourenço Marques, Moçambique. Vem para o Zoio em 1944, onde fez a primária. Seminário de Vinhais, em 1952; Liceu de Bragança, em 1956; em 1960, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde frequentou Filologia Românica. Em Janeiro de 1964, cadete na Escola Prática de Infantaria, em Mafra. Em Julho de 1965 embarca para a Guiné, como alferes miliciano. Em Setembro de 1967, Paris. Em Julho de 1970, Lausanne, Suíça. Em 1973, Porto. Em 1974, Lisboa. Regressa ao Porto em 1978, onde vive. Fez toda a sua vida profissional, desde Novembro de 1967, ligado à informática de gestão. Casado com uma cidadã britânica desde Dezembro de 1973, tem cinco filhos e sete netos. O Zoio é, obviamente, a sua segunda casa.

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... | Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial...
[também as seguintes monografias: “Guiães – História com Histórias Da Vila do Seixo” de João Pedro da Fonseca Timpeira, “Torre de Moncorvo – Município Tradicional” de Ilda Fernandes, “Sendim – Planalto Mirandês – Valores em Mudança no Final do Século XX” de Ana Isabel Afonso, “Sendin – Tierra de Miranda – Geografia e Toponímia” de Carlos Ferreira]


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