quinta-feira, 14 de junho de 2012

Visões alvânicas em poesia


“Visão Alvânica – poemas” de Manuel M. Vaz de Carvalho
“Poemas do Solstício” de Manuel Vaz de Carvalho
“Poemas do Afélio” de Manuel Vaz de Carvalho
 
«O Dr. Vaz de Carvalho, advogado, poeta e músico, falecido a 13 de Agosto de 2011 com noventa anos, era e continuará a ser a sua memória uma figura importante de Trás-os-Montes. “Poemas do Afélio, “Visão Alvânica” e “Poemas de Solstício” são livros que publicou, reflexos da sua arte poética e do seu amor à terra transmontana. Manuel Vaz de Carvalho era natural de Cerva, concelho de Ribeira de Pena, distrito de Vila Real. Nesta cidade viveu a maior parte da sua vida.
Em folha solta de revista da qual não conseguimos visualizar o nome e aqui referir, encontrámos fotografia de Vaz de Carvalho e pequeno texto da sua autoria dedicado à paixão que conservou sempre pela sua terra - Trás-os-Montes: "Vivo apaixonado pela minha terra. Tem umas das paisagens mais adjectivadas que conheço: serras, rios, vales, uma agricultura muito variada e um clima admirável... É claro que a todo este encantamento não é estranho o facto de ser de uma família aqui radicada há centenas de anos; nutro uma certa atracção genética pela minha terra." No pequeno excerto da folha encontrada, refere-se o Dr. Vaz de Carvalho às pessoas e a todo o convívio à volta delas: "são normalmente pessoas muito sérias, gente muito boa, muito fidalga."» [NetBila]

"Poemas do Afélio" não é um livro de versos, é um livro de poemas que está dividido em cinco partes. Em "Ego" e "Memórias" o sujeito poético apresenta­-se­-nos como um ser egotista, solitário, quase misantropo, revoltado contra a efemeridade da vida (por mais que dela se queixe), perplexo perante os paradoxos da existência humana - "Sofro a contradição das causas milenárias". Em "Homenagens" entra em cena o homem social, amigo dos seus amigos cujo desaparecimento o deixa humanamente mais pobre e desprotegido. No espaço reservado aos "Humorísticos" o poeta lírico dá então lugar ao satírico, ao cidadão atento às realidades circundantes de um hoje dominado por um avanço tecnológico sujeito a todos os exageros. Os "Poemas de Amor", a principal recorrência dos versos de Vaz de Carvalho. São cânticos, e hinos, e panegíricos, e exaltações, e sublimações.

FUNERAL
Meu velho cão, quero que vás ao meu enterro!
Mas nada de lamúrias, a uivar...
Irás contar quando, de serro em serro,
Apátridas, libertos, par a par.

Por fragadas do demo e da esconjura
Vales dormentes, touceiros devassando,
À senda, nem eu sei, de que aventura,
Fomos na vida efémera sonhando...

Irás! Quero levar de perto o teu focinho!
E ao voltares, de olhos tristes, ao teu ninho
Terás sempre presigo e regalia...

E se quem me ficar for de justiça
Terás também inteira a linguiça
Da qual só te calhava a pele vazia.
[Poemas do Solstício, 2000.]

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real...

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