“Miguel Torga – O
Lavrador das Letras – Um Percurso Partilhado” de Cristovão de Aguiar
«É um livrinho
pequeno mas rico em testemunho. Em “Miguel Torga. O Lavrador das Letras. Um
Percurso Partilhado” Com Chancela da Almedina, o escritor açoriano Cristóvão de
Aguiar reúne excertos das suas publicações diarísticas – “Relação de Bordo” I e
II e a “Tabuada do Tempo – A Lenta narrativa dos dias” – nos quais existem
referências a Miguel Torga, fruto da convivência e do intercâmbio que ambos
tiveram mais de um ano.
“Os laços afectivos
e literários que me enleiam à obra do poeta e escritor Miguel Torga Datam de há
mais de 40 anos”, refere recordando as primeiras impressões da obra do médico,
fruto de leituras ainda na ilha de São Miguel, enquanto jovem.”
Na altura leitor
assíduo de Eça de Queiroz, Cristóvão de Aguiar confessa que, “pelo pouco que
havia lido, notara logo que o estilo de Miguel Torga era totalmente distinto do
cinzelado nas obras do pobre homem da Póvoa de Varzim – mais enxuto, descarnado
e de uma seriedade granítica. Ali não se vislumbrava um pingo de ironia.”
Foi já em Coimbra,
onde se instalou na década de 60, que Cristóvão de Aguiar conheceu verdadeiramente
a obra do escritor transmontano. “Só em Coimbra, após a guerra colonial, e já
numa idade mais amadurecida, me encafuei de tal forma na obra torguiana, que
ainda hoje, passados todos estes anos, continuo a frequentá-la com uma
assiduidade de devoto que ainda não esfriou a sua fé”, admite.
“Esta paixão deve
ter tido origem não só na prosa apurada com que o escritor lavra a página de
cada livro e me fascina pela simplicidade trabalhada até à placenta da palavra
mas também no facto de a ambiência espelhada nos “Contos” e sobretudo
em “A Criação do Mundo” ser idêntica, ou muito semelhante, ao
pequeno grande mundo da Ilha onde fui nado e criado”, justifica.
Ainda hoje,
confessa ainda o escritor, ”a (re)leitura dos livros de Miguel Torga invade-me
de uma paz rústica, genuíno oásis neste mundo barulhento e transmuda-se num
conchego caldeado de uma ansiedade mansa”. Torga, acrescenta, “é uma personalidade
rebelde e inquieta e reflecte-a como poucos em toda a sua vasta obra.» [blogue Podium
Scriptae]
Disponível na
Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real.. .
[também os seguintes
títulos: “Miguel Torga – A Força das Raízes (Um itinerário transmontano)” de M.
Hercília Agarez, “Uma longa viagem com Miguel Torga” de João Céu e Silva,
“Miguel Torga – O simbolismo do espaço telúrico e humanista nos contos” de
Vítor José Gomes Lousada, “Dar Mundo Ao Coração – Estudos sobre Miguel Torga”
organização de Carlos Mendes de Sousa]
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