sexta-feira, 15 de junho de 2012

O lavrador das letras


“Miguel Torga – O Lavrador das Letras – Um Percurso Partilhado” de Cristovão de Aguiar

«É um livrinho pequeno mas rico em testemunho. Em “Miguel Torga. O Lavrador das Letras. Um Percurso Partilhado” Com Chancela da Almedina, o escritor açoriano Cristóvão de Aguiar reúne excertos das suas publicações diarísticas – “Relação de Bordo” I e II e a “Tabuada do Tempo – A Lenta narrativa dos dias” – nos quais existem referências a Miguel Torga, fruto da convivência e do intercâmbio que ambos tiveram mais de um ano.

“Os laços afectivos e literários que me enleiam à obra do poeta e escritor Miguel Torga Datam de há mais de 40 anos”, refere recordando as primeiras impressões da obra do médico, fruto de leituras ainda na ilha de São Miguel, enquanto jovem.”

Na altura leitor assíduo de Eça de Queiroz, Cristóvão de Aguiar confessa que, “pelo pouco que havia lido, notara logo que o estilo de Miguel Torga era totalmente distinto do cinzelado nas obras do pobre homem da Póvoa de Varzim – mais enxuto, descarnado e de uma seriedade granítica. Ali não se vislumbrava um pingo de ironia.”

Foi já em Coimbra, onde se instalou na década de 60, que Cristóvão de Aguiar conheceu verdadeiramente a obra do escritor transmontano. “Só em Coimbra, após a guerra colonial, e já numa idade mais amadurecida, me encafuei de tal forma na obra torguiana, que ainda hoje, passados todos estes anos, continuo a frequentá-la com uma assiduidade de devoto que ainda não esfriou a sua fé”, admite.

“Esta paixão deve ter tido origem não só na prosa apurada com que o escritor lavra a página de cada livro e me fascina pela simplicidade trabalhada até à placenta da palavra mas também no facto de a ambiência espelhada nos “Contos” e sobretudo em  “A Criação do Mundo” ser idêntica, ou muito semelhante, ao pequeno grande mundo da Ilha onde fui nado e criado”, justifica.

Ainda hoje, confessa ainda o escritor, ”a (re)leitura dos livros de Miguel Torga invade-me de uma paz rústica, genuíno oásis neste mundo barulhento e transmuda-se num conchego caldeado de uma ansiedade mansa”. Torga, acrescenta, “é uma personalidade rebelde e inquieta e reflecte-a como poucos em toda a sua vasta obra.» [blogue Podium Scriptae]

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real...
[também os seguintes títulos: “Miguel Torga – A Força das Raízes (Um itinerário transmontano)” de M. Hercília Agarez, “Uma longa viagem com Miguel Torga” de João Céu e Silva, “Miguel Torga – O simbolismo do espaço telúrico e humanista nos contos” de Vítor José Gomes Lousada, “Dar Mundo Ao Coração – Estudos sobre Miguel Torga” organização de Carlos Mendes de Sousa]

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