quarta-feira, 13 de junho de 2012

Vinho do porto em rótulos e cartazes


“Imagens do Vinho do Porto: rótulos e cartazes” – catálogo da exposição
Autor (es) / Responsabilidade (es): Francisco Providência, Helena Barbosa e Magda Barata (coord. científica); Natália Fauvrelle e Susana Marques (coord. editorial).
  «O design das embalagens, rótulos e cartazes desde cedo desempenhou um papel importante na construção da imagem deste vinho enquanto produto internacional.
"A história das embalagens do vinho do Porto relata uma sequência de acontecimentos e de formas que traduzem a evolução teórica das estratégias que subjazem à sua afirmação global", explicou o comissário da exposição, Francisco Providência.
Com o objetivo de vender e posicionar o vinho do Porto nos mercados internacionais, as diversas casas exportadoras adotaram estratégias de comunicação diversas.
Uns associavam as qualidades terapêuticas do vinho do Porto à luta contra a neurastenia (depressão) e a debilidade física (anemia), justificando o seu engarrafamento e comercialização por farmácias e organizações de saúde.
Outros valorizavam as qualidades técnicas do vinho, como o ano e local de colheita, castas, quintas de origem, cotas dos vinhedos, tipo de envelhecimento, apreciação organolética ou categoria.»
[Marao Online]
 «Em termos de desenho, as embalagens e tudo o que se refere à promoção do vinho do porto pode ser analisado com uma evolução. As suas representações, demonstram a mentalidade de cada época e a forma como viam o produto “vinho”.
“Os rótulos do Vinho do Porto revelam (ainda) algumas curiosidades em torno deste produto identitário de uma região. … o Vinho do Porto é apresentado como um produto com propriedades terapêuticas, algo bem diferente das actuais campanhas anti-álcool».
O vinho era embalado especificamente para as farmácias, onde era vendido como um tónico regenerante, indicado para astenias, depressões, problemas estomacais e outros males do corpo. «Algumas versões eram reforçadas com carne, o que o tornava mais nutritivo», acrescenta.
Numa outra variante terapêutica era adicionado quinino, os chamados vinhos quinados recomendados na profilaxia da febre-amarela. Neste caso pretendia-se atingir os mercados tropicais, onde as temperaturas elevadas certamente não convidavam ao consumo de um vinho com um elevado grau alcoólico». (...)
Natália Fauvrelle, coordenadora dos Serviços de Museologia, fala sobre esta iniciativa. O discurso da exposição ‘Imagens do Vinho do Porto’ centra-se em torno das imagens publicitárias produzidas para este produto até à primeira metade do século XX. “Os rótulos e cartazes servem de mote para mostrar diferentes linguagens de comunicação que as empresas do Vinho do Porto adoptaram, que vão desde um estilo que recorre às emoções e evoca factos apelativos para o consumidor até se centrar nas características mais técnicas de cada vinho”, diz.
As imagens em rótulos colados nas garrafas e os cartazes de publicidade deixam perceber a evolução quanto a estratégias de mercado, mas também das técnicas de impressão, cores, formatos e suportes. “A exposição aborda a imagem do Vinho do Porto a partir das linguagens de comunicação, que não está ainda muito estudado, em parte porque as fontes são escassas. Deste modo, acabamos por juntar estudos parcelares sobre a garrafa e sobre a publicidade para conseguir contar uma história”, conta Natália.
“No século XIX, D. Antónia Ferreira foi uma das primeiras produtoras de vinho a apostar na qualidade e mensagem do rótulo das garrafas. Segundo a nossa entrevistada, D. Antónia teve mesmo o cuidado de escolher uma gráfica francesa para fazer a impressão.
A mensagem transmitida é sobretudo de confiança e de qualidade: se no início do século tal imagem era dada pela quantidade de medalhas que um vinho recebia, hoje essa garantia é dada ao consumidor pela assinatura do enólogo ou pelas características do vinho», remata Natália.”
Segundo Francisco Providência, comissário da exposição, esta “relata uma sequência de acontecimentos e de formas que traduzem a evolução teórica das estratégias que subjazem à sua afirmação global. Olhando para as suas embalagens, rótulos e/ou cartazes impressos, até à primeira metade do século XX, verificamos a adopção de diferentes estratégias de persuasão visual que mais não são do que a tentativa de superação da experiência organoléptica do vinho, pela sua representação visual”.»
[Café Portugal]

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real...

Sem comentários:

Enviar um comentário