“Imagens do Vinho
do Porto: rótulos e cartazes” – catálogo da exposição
Autor (es) /
Responsabilidade (es): Francisco Providência, Helena Barbosa e Magda
Barata (coord. científica); Natália Fauvrelle e Susana Marques (coord.
editorial).
«O design das
embalagens, rótulos e cartazes desde cedo desempenhou um papel importante na
construção da imagem deste vinho enquanto produto internacional.
"A história
das embalagens do vinho do Porto relata uma sequência de acontecimentos e de
formas que traduzem a evolução teórica das estratégias que subjazem à sua
afirmação global", explicou o comissário da exposição, Francisco
Providência.
Com o objetivo de
vender e posicionar o vinho do Porto nos mercados internacionais, as diversas
casas exportadoras adotaram estratégias de comunicação diversas.
Uns associavam as
qualidades terapêuticas do vinho do Porto à luta contra a neurastenia
(depressão) e a debilidade física (anemia), justificando o seu engarrafamento e
comercialização por farmácias e organizações de saúde.
Outros valorizavam
as qualidades técnicas do vinho, como o ano e local de colheita, castas,
quintas de origem, cotas dos vinhedos, tipo de envelhecimento, apreciação
organolética ou categoria.»
[Marao Online]
«Em termos de
desenho, as embalagens e tudo o que se refere à promoção do vinho do porto pode
ser analisado com uma evolução. As suas representações, demonstram a
mentalidade de cada época e a forma como viam o produto “vinho”.
“Os rótulos do
Vinho do Porto revelam (ainda) algumas curiosidades em torno deste produto
identitário de uma região. … o Vinho do Porto é apresentado como um produto com
propriedades terapêuticas, algo bem diferente das actuais campanhas
anti-álcool».
O vinho era
embalado especificamente para as farmácias, onde era vendido como um tónico
regenerante, indicado para astenias, depressões, problemas estomacais e outros
males do corpo. «Algumas versões eram reforçadas com carne, o que o tornava
mais nutritivo», acrescenta.
Numa outra variante
terapêutica era adicionado quinino, os chamados vinhos quinados recomendados na
profilaxia da febre-amarela. Neste caso pretendia-se atingir os mercados
tropicais, onde as temperaturas elevadas certamente não convidavam ao consumo
de um vinho com um elevado grau alcoólico». (...)
Natália Fauvrelle,
coordenadora dos Serviços de Museologia, fala sobre esta iniciativa. O discurso
da exposição ‘Imagens do Vinho do Porto’ centra-se em torno das imagens
publicitárias produzidas para este produto até à primeira metade do século
XX. “Os rótulos e cartazes servem de mote para mostrar diferentes
linguagens de comunicação que as empresas do Vinho do Porto adoptaram, que vão
desde um estilo que recorre às emoções e evoca factos apelativos para o
consumidor até se centrar nas características mais técnicas de cada vinho”,
diz.
As imagens em
rótulos colados nas garrafas e os cartazes de publicidade deixam perceber a evolução
quanto a estratégias de mercado, mas também das técnicas de impressão, cores,
formatos e suportes. “A exposição aborda a imagem do Vinho do Porto a partir
das linguagens de comunicação, que não está ainda muito estudado, em parte
porque as fontes são escassas. Deste modo, acabamos por juntar estudos
parcelares sobre a garrafa e sobre a publicidade para conseguir contar uma
história”, conta Natália.
“No século XIX, D.
Antónia Ferreira foi uma das primeiras produtoras de vinho a apostar na
qualidade e mensagem do rótulo das garrafas. Segundo a nossa entrevistada, D.
Antónia teve mesmo o cuidado de escolher uma gráfica francesa para fazer a
impressão.
A mensagem
transmitida é sobretudo de confiança e de qualidade: se no início do século tal
imagem era dada pela quantidade de medalhas que um vinho recebia, hoje essa
garantia é dada ao consumidor pela assinatura do enólogo ou pelas
características do vinho», remata Natália.”
Segundo Francisco
Providência, comissário da exposição, esta “relata uma sequência de
acontecimentos e de formas que traduzem a evolução teórica das estratégias que
subjazem à sua afirmação global. Olhando para as suas embalagens, rótulos e/ou
cartazes impressos, até à primeira metade do século XX, verificamos a adopção
de diferentes estratégias de persuasão visual que mais não são do que a
tentativa de superação da experiência organoléptica do vinho, pela sua
representação visual”.»
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