“Dieta
Mediterrânica – Uma herança milenar para a humanidade” | “The Meditarranean
Diet – Ancient Heritage for Humanity” de Jorge Queiroz
Um Mar entre as
Terras
O Mediterrâneo não
é apenas uma geografia ou um mar. De tempos ancestrais permanecem mitologias,
alfabetos, idiomas, religiões, cidades, agriculturas, mercados, festividades,
conhecimentos científicos e modelos artísticos. E também um estilo de vida,
a diaita dos gregos, que moldou comportamentos sociais e um padrão
alimentar baseado na proximidade produtiva e na sanzonalidade, na variedade e
riqueza nutricionais. A alimentação mediterrânica foi colocada em evidência
pela investigação fisiológica e reconhecida como de excelência pela Organização
Mundial da Saúde (OMS).
Uma herança milenar
Ao longo de mais de
três milénios, gentes do oriente e ocidente mediterrânicos construíram
extraordinárias civilizações, estudadas com detalhe em todos os compêndios e
enciclopédias de História Universal. Elas foram a nossa identidade primordial,
a certidão da origem do que hoje somos como país e como nação, o que fez de
Portugal um «cais do velho mundo».
Sobre este mundo antigo escreveram-se milhares de livros, muitos mais se irão escrever. O conhecimento do passado é e continuará a ser uma fonte inesgotável de conhecimentos indispensáveis ao entendimento dos problemas actuais e ao progresso do mundo.
Temos consciência de que nos encontramos perante um território povoado de questões complexas que se enquadram na História da Alimentação, com enfoques biológicos, bioquímicos, zoológicos, botânicos, agrícolas, médicos, nutricionais, históricos, antropológicos, sociológicos, semióticos, psicológicos, económicos e políticos.
Existem muitas e diferentes interpretações de uma realidade que está longe de facilitar sínteses.
A agricultura e os mercados urbanos, as viagens e as colonizações estão na origem de uma unidade geocultural onde se impôs a simbologia do cereal, da oliveira e da vinha. Os homens com os seus arados e enxadas esculpiram as paisagens que fazem hoje parte do património da humanidade.
Durante os últimos três anos, com enorme interesse, contactámos diariamente com as questões da «mediterraneidade» no contexto da preparação da candidatura da «dieta mediterrânica» à inscrição na lista representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, e também nas acções de salvaguarda, valorização e divulgação.
Mas este livro não se centrará no trabalho dessa candidatura bem-sucedida, nem sequer no interessante quotidiano partilhado com instituições, especialistas e populações.
Os textos
que se seguem, que procurámos acessíveis a todos, partem de interrogações,
dúvidas e problemáticas levantadas pela complexidade das temáticas que integram
o que designaremos por «dieta mediterrânica». Partimos em busca de um universo
simbólico e vivencial procurando encontrar respostas para os naturais
questionamentos que a actualidade nos coloca, com a noção de que muitos dos
problemas ainda não têm resposta completa.Sobre este mundo antigo escreveram-se milhares de livros, muitos mais se irão escrever. O conhecimento do passado é e continuará a ser uma fonte inesgotável de conhecimentos indispensáveis ao entendimento dos problemas actuais e ao progresso do mundo.
Temos consciência de que nos encontramos perante um território povoado de questões complexas que se enquadram na História da Alimentação, com enfoques biológicos, bioquímicos, zoológicos, botânicos, agrícolas, médicos, nutricionais, históricos, antropológicos, sociológicos, semióticos, psicológicos, económicos e políticos.
Existem muitas e diferentes interpretações de uma realidade que está longe de facilitar sínteses.
A agricultura e os mercados urbanos, as viagens e as colonizações estão na origem de uma unidade geocultural onde se impôs a simbologia do cereal, da oliveira e da vinha. Os homens com os seus arados e enxadas esculpiram as paisagens que fazem hoje parte do património da humanidade.
Durante os últimos três anos, com enorme interesse, contactámos diariamente com as questões da «mediterraneidade» no contexto da preparação da candidatura da «dieta mediterrânica» à inscrição na lista representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, e também nas acções de salvaguarda, valorização e divulgação.
Mas este livro não se centrará no trabalho dessa candidatura bem-sucedida, nem sequer no interessante quotidiano partilhado com instituições, especialistas e populações.
O universo mediterrânico, detentor de enorme riqueza biológica e natural, modelou paisagens culturais, estruturou as três grandes religiões monoteístas, construiu um urbanismo particular e as vivências quotidianas das grandes e pequenas urbes, desenvolveu agriculturas, as ciências e as artes, marcou o tempo e as festividades cíclicas, desenvolveu formas de vida colectiva e o grande mercado que atravessou os mares de todos os continentes criando a mestiçagem.
A «civilização Ocidental» é a grande herança espiritual desse mundo mediterrânico.
O que é afinal
o Mediterrâneo?
Vale a pena reler a
resposta de Fernand Braudel à complexa questão por ele próprio
formulada: «... mil coisas ao mesmo tempo. Não uma paisagem, mas inúmeras
paisagens. Não um mar, mas uma sucessão de mares. Não uma civilização, mas
civilizações sobrepostas umas às outras. (...) o Mediterrâneo é uma
encruzilhada muito antiga. Há milénios tudo converge na sua direcção,
confundindo e enriquecendo a história: homens, animais de carga, veículos,
mercadorias, navios, ideias, religiões, artes de viver.»
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