quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Se me comovesse o amor...


“Se Me Comovesse o Amor” de Francisco José Viegas

Se me comovesse o amor como me comove
a morte dos que amei, eu viveria feliz. Observo
as figueiras, a sombra dos muros, o jasmineiro
em que ficou gravada a tua mão, e deixo o dia

caminhar por entre veredas, caminhos perto do rio.
Se me comovessem os teus passos entre os outros,
os que se perdem nas ruas, os que abandonam
a casa e seguem o seu destino, eu saberia reconhecer

o sinal que ninguém encontra, o medo que ninguém
comove. Vejo-te regressar do deserto, atravessar
os templos, iluminar as varandas, chegar tarde.

Por isso não me procures, não me encontres,
não me deixes, não me conheças. Dá-me apenas
o pão, a palavra, as coisas possíveis. De longe.

«Esta obra pertence ao imenso grupo de livros cuja melancolia nasce da vida, em que as palavras são testemunhos possíveis e não quadros de um ideal. Longe disso, os limites de estar vivo obedecem à experiência de um sujeito, lírico, com que nos identificamos ou não, mas particular.» Andreia brites

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... | Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial...
[disponível também do autor os seguintes títulos: “Morte No Estádio”, “Um Crime Capital”, “O Coleccionador de Erva”, “Um Céu Demasiado Azul”, “As Duas Águas do Mar”, “Um Crime Na Exposição”, “O Mar Em Casablanca”, “Longe de Manaus”, “A Poeira Que Cai Sobre a Terra e outras histórias de Jaime Ramos”; “Lourenço Marques”; “Liberal à Moda Antiga”, “Dicionário de Coisas Práticas”; “Metade da Vida”; “A Dieta Ideal – receitas familiares e saborosas”]

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