“Diabos, diabritos
e outros mafarricos” de Alexandre Parafita, ilustração Fátima Buco
Livro infantil que compila pequenas histórias e contos trazidos da tradição popular. Estes contos são subordinados à temática "Diabos", encontrando-se devidamente adaptados ao imaginário infantil.
Plano Nacional de
Leitura
Livro recomendado para o 3º ano de escolaridade destinado a leitura autónoma e leitura com apoio do professor ou dos pais.
Livro recomendado para o 3º ano de escolaridade destinado a leitura autónoma e leitura com apoio do professor ou dos pais.
«Quem nunca leu (ou
ouviu contar) histórias de “duendes”? Certamente que todos os reconhecem como
aquelas figurinhas astutas e buliçosas que a literatura infantil e,
ultimamente, o cinema, através da saga do “Senhor dos Anéis”, foram buscar à
mitologia dos países nórdicos e difundiram, massivamente, um pouco por todo o
mundo.
O que muitos não
saberão é que, também nas montanhas do Norte de Portugal e especialmente na
Região de Trás-os-Montes, existe, ainda hoje, na memória oral dos mais idosos
uma raça de figurinhas míticas, semelhante aos “duendes”, que o povo identifica
como “trasgos”. São seres fantásticos, rebeldes, de pequena estatura, usam
gorro vermelho e são dotados de poderes sobrenaturais.
O escritor e
investigador de literatura oral tradicional Alexandre Parafita, que há anos faz
pesquisas sobre mitologia popular, tendo já publicado neste domínio
interessantes trabalhos, acaba de lançar uma curiosa obra para a infância,
intitulada “Diabos, diabritos e outros mafarricos”, onde os “trasgos” estão
presentes com todo o seu mistério e rebeldia. Apresentado pela “Texto Editora”,
na sua colecção “Contos e Lendas de Tradição Oral”, o livro contém histórias
tão sugestivas como “O diabo e o lavrador”, “O diabo e os garotos”, “Um corvo
na igreja”, “O diabo e as amêndoas”, “O menino e o espirro”, “O diabo, a menina
e a ponte”, “A velha e o trasgo”, “O moleiro e o trasgo” e “O menino de
vermelho”, entre outras.
E o que é, afinal,
o “trasgo” na memória oral transmontana? O escritor di-lo nesta obra (pág. 24):
é uma figurinha rebelde que aparece “a fazer judiarias às pessoas, partindo
louça, arrastando os móveis, atirando pedras aos vidros, espalhando a cinza,
despejando os sacos das nozes...” E diz também que, segundo as antigas crenças
religiosas, são pequenas “almas penadas”, isto é, “meninos que morreram sem
serem baptizados e cujo ‘espírito’ regressa depois às casas onde viveram, ou
então para junto de antigos familiares” e que ninguém os pode levar a mal
“pois, tendo morrido enquanto crianças, também não têm culpa por não terem sido
baptizados”.
Assim
acontece, por exemplo, no concelho de Vimioso, onde existem as ruínas do
chamado “moinho dos trasgos” (pág. 26), que foi abandonado pelo seu moleiro por
não poder suportar as travessuras de um que com ele partilhou o mesmo
habitáculo. Curiosa é também a postura de um desses “duendes” referenciada no
concelho de Vinhais (pág. 30), onde uma velhota se queixava de que todas as
noites era incomodada por ruídos de bancos a arrastar de um lado para o outro
em sua casa. Resolveu por isso procurar outra casa para se mudar. E quando
estava nas mudanças, a carregar as louças, móveis e outros haveres, encontrou
no percurso entre as duas casas um menino de vermelho com um banco às costas. A
velhota, muito admirada, perguntou-lhe: “– Olha lá, esse banco é meu! Para onde
vais com ele?” E o rapaz, também admirado, exclamou: “– Então não estamos a
mudar de casa?”
Estas e
muitas outras histórias são praticamente desconhecidas nas sociedades modernas
– ao contrário do que sucede com os “duendes”, “elfos” ou “gnomos” das
florestas e montanhas de Inglaterra e Noruega – porque a sobrevivência dos
“trasgos”, especialmente em Portugal, está circunscrita à cultura popular oral,
subalternizada e desprestigiada nos dias de hoje.
Fez bem Alexandre
Parafita ao avivar-nos a memória, refrescando-a com estas histórias que, embora
se dirijam aos mais novos, vão de encontro à matriz de um imaginário que nos
identifica a todos.» Armindo Mesquita, em Poetas e Trovadores,
Julho/Setembro de 2003»
Disponível na
Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... |
Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila
Rial...
[disponível também do autor
os seguintes títulos: "Histórias de Natal contadas em verso"
ilustrações Bruno Pereira, "Branca Flor, o príncipe e o demónio"
ilustrou Pedro Morais, "Vou Morar No Arco-Íris" ilustrações de Pedro
Pires, "Balada das Sete Fadas" ilustrações de Miguel Gabriel,
"As Três Touquinhas Brancas" ilustrações de Jorge Miguel, “Bruxas,
feiticeiras e suas maroteiras” ilustração Fátima Buco, “Lobos, Raposas, Leões e
outros fugurões” ilustrações de Alberto Faria, “O Tesouro dos Maruxinhos –
Mitos e lendas para os mais novos” ilustrações Miguel Gabriel, "Contos de
Animais com Manhas de Gente" ilustrações de Eunice Rosado, A Mala Vazia e
algumas histórias de tradição oral” ilustrações de Pedro Serapicos, “Magalhães
nos olhos de um menino” de Alexandre Parafita e Simone de Fátima Gonçalves,
ilustrações de Rui Pedro Lourenço; “Antropologia da Comunicação – ritos, mitos,
mitologias”, "Património Imaterial do Douro” - Vol. I e Vol. II",
"Os Provérbios e a Cultura Popular", "A Mitologia dos
Mouros", "Antologia de Contos Populares" Vol. II, "O Maravilhoso
Popular", "A Comunicação e Literatura Popular"; “A Máscara do
Demo”]
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