segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Tempo de lacraus


“Tempo de Lacraus” de António Borges Coelho

Aquela mulher era a montanha, montanha matriarca. Guardiã da casa de granito, ela é o esteio. Para a mulher de negro se voltam os olhos, as preces, as cartas. Ela convoca os ausentes, acende-lhes o fogo na pedra de granito sob o telhado de telha-vã; corta-lhes a linguiça, o salpicão; atesta de vinho a caneca comprada na Feira de São Pedro; conserva-lhes os cachos de uvas passas na sala a emoldurar o retrato. Joana começou a disparar a máquina. No carro, Basílio dominava a cena e abanava a cabeça. A montanhesa levou as mãos ao rosto marcado como se esconjurasse um fantasma ou o próprio demónio...

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real...
[também do autor o título: “O Tempo e os Homens – Questionar a História – III”]

Sem comentários:

Enviar um comentário