“Tempo de Lacraus”
de António Borges Coelho
Aquela mulher era a
montanha, montanha matriarca. Guardiã da casa de granito, ela é o esteio. Para
a mulher de negro se voltam os olhos, as preces, as cartas. Ela convoca os
ausentes, acende-lhes o fogo na pedra de granito sob o telhado de telha-vã;
corta-lhes a linguiça, o salpicão; atesta de vinho a caneca comprada na Feira
de São Pedro; conserva-lhes os cachos de uvas passas na sala a emoldurar o
retrato. Joana começou a disparar a máquina. No carro, Basílio dominava a cena
e abanava a cabeça. A montanhesa levou as mãos ao rosto marcado como se
esconjurasse um fantasma ou o próprio demónio...
Disponível na
Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real...
[também do autor o título:
“O Tempo e os Homens – Questionar a História – III”]
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