«Traga-Mundos: uma referência cultural no
coração da cidade
Com quase
seis anos de existência, a livraria Traga-Mundos, sediada no coração da cidade
de Vila Real, mantém o mesmo espírito e vontade cultural com que abriu, em
2011, continuando, ano após ano, a levar toda a cultura transmontana e duriense
não apenas por Portugal fora, mas também para além-fronteiras.
A livraria
acaba de ser distinguida, pelo quinto ano consecutivo, como uma das livrarias
preferidas pelos portugueses, passando a ocupar a 6ª posição, em 2017, por um
concurso de votação online promovido pela APEL – Associação Portuguesa de
Editores e Livreiros.
A
Traga-Mundos é o realizar de um sonho de criança, do livreiro António Alberto
Alves, que, desde cedo, se demonstrou extremamente sensível ao mundo
relacionado com a cultura e a literatura. No entanto, esse sonho estava apenas
agendado para quando se reformasse, mas a falta de uma oportunidade, em Vila
Real, que lhe permitisse seguir com a sua profissão, enquanto sociólogo, fez
com que António apostasse neste projeto mais cedo. “Eu já tinha na mente em
abrir uma loja. Optei por uma livraria porque era um sonho que tinha quando me
aposentasse, mas o centro de emprego reformou-me mais cedo. A livraria foi
sempre um sonho que tive, sobretudo, pelo gosto que adquiri pelos
alfarrabistas”.
António
Alberto Alves nasceu em Moçambique, em Lourenço Marques, e só depois do 25 de Abril
é que regressa à aldeia dos seus pais, onde conclui a escola primária. Mais
tarde vem estudar para a cidade de Vila Real, e após terminar o secundário,
ingressa na faculdade, em Lisboa, para estudar Sociologia. As suas motivações
foram sempre altas, pelo que decide imigrar para a Alemanha, onde esteve cerca
de cinco anos. Lá fundou uma associação da Língua Portuguesa e abriu uma loja
com o intuito de promover a cultura portuguesa.
Posteriormente,
segue numa missão como voluntário para África, onde permaneceu cinco anos, e,
em março de 2011, acaba por regressar a Portugal. Onde faz jus ao seu espírito
aventureiro e, sem perder tempo, regista em agosto o conceito de Traga-Mundos,
e em novembro abre portas a um novo mundo, ainda por explorar em Vila Real, na
Rua Miguel Bombarda.
A livraria
não tem como propósito, única e exclusivamente, a venda de livros. “Somos uma
livraria que não estamos aqui apenas de porta aberta, vamos aonde as pessoas
estão, vamos a eventos, fazemos bancadas em feiras, em seminários e promovemos,
também, a realização de tertúlias temáticas que não tem que ter necessariamente
a ver com a literatura, mas também com toda a diversidade cultural que esta
região oferece,” apontou António Alves.
O espaço tem
desempenhado um papel fulcral no que respeita à divulgação da poesia e de novos
poetas, sobretudo, transmontanos. Há quase dois anos que nascera, da “cave” da
livraria, um movimento literário, constituído por jovens escritores, com a
missão de “fazerem apresentações de livros que não fossem meras apresentações
formais, mas que as pessoas interviessem e que partilhassem leituras e textos,
que pudessem resultar em tertúlias, entre amigos e poetas,” salienta. Contudo,
a atividade cultural da livraria não se resume apenas a este grupo, o Calhau,
mas também a um conjunto de pessoas relacionadas, não apenas à literatura, mas
também à parte da botânica, da gastronomia e da natureza em geral. “Os eventos
não se destinam unicamente à apresentação de livros, que era o que seria normal
numa livraria, mas sobretudo a tertúlias temáticas, a apresentações de
compotas, de mel, a workshops, ou seja, a tudo que esteja relacionado com a
parte da cultura transmontana e duriense”, refere.
Além do
importante papel que a Traga-Mundos tem desenvolvido, nos últimos anos, na
divulgação e na valorização da cultura transmontana, a livraria estabelece,
ainda, uma forte relação cultural, mas também de amizade, com a Galiza. Muito
por fruto da influência do célebre poeta António Cabral, ligado ao movimento
setentrião, que por sua vez se encontra relacionado com o antigo local da
livraria, a Traga-Mundos construiu, entre o norte de Portugal e a Galiza, “uma
ponte escrita”.
Esta
constante atividade cultural desenvolvida, ao longo dos anos, pela Traga-Mundos
é reconhecida pelos resultados que a livraria tem vindo a alcançar, ano após
ano, em se manter, consecutivamente, nas primeiras seis posições das livrarias
portuguesas preferidas pelos portugueses.»
João Pedro Baptista, “A Voz
de Trás-os-Montes” n.º 3478, 06 de Julho 2017
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