terça-feira, 13 de junho de 2017

Sempre em Galiza de Castelao


“Sempre em Galiza” de Castelao

“Sempre em Galiza” é um dos alicerces ideológicos em que se apoiou o nacionalismo galego para se reconstruir após a barbárie fascista que começou no ano 1936, e da qual ainda hoje padecemos consequências bem directas na Galiza. É um livro fundamental para conhecer a Galiza, para nos aproximar do nosso país e da sua História e para sermos capazes de interpretar o porquê dum movimento como o nacionalismo galego, o galeguismo político, que tem umas características próprias e que promove desde há quase cem anos a concepção da Galiza como uma colectividade nacional, como uma nação.

As e os amigos leitores, de Portugal e da Galiza, devem reparar em que estamos diante da obra que compila e mostra a amplitude do pensamento político de Alfonso Daniel Rodríguez Castelao. Uma figura totalmente desbordante da Galiza do século XX. Castelao junto a Rosalía de Castro são duas personagens que escapam do plano meramente cultural, literário ou político para se tornarem em dous mitos populares galegos, isto é, duas figuras assimiladas totalmente pelo imaginário colectivo do povo galego.

No caso concreto do autor rianjeiro estamos diante dum criador multifacetado que construiu um espólio onde encontramos teatro, pintura, quadrinhos de jornais, relatos, romances… e um intenso trabalho político, chegando a ser deputado do Partido Galeguista (PG) nas cortes da IIª República espanhola. É por tudo isto que a Associaçom Galega da Língua (AGAL) entendeu que a obra deste galego universal devia ser difundida ao máximo, e sobretudo no resto da Lusofonia, onde tantas vezes a Galiza passa por ser uma grande desconhecida.

Para acompanhar esta primeira versão do Sempre em Galiza, magnificamente adaptada pelo professor Fernando Vasquez Corredoira, na AGAL achamos importante dar a palavra a uma série de pessoas que são boa mostra da herança política que Castelao deixou ao povo galego. Camilo Nogueira, um dos redactores do anteprojecto de Estatuto de Autonomia de Galiza de 1981 e primeiro eurodeputado do Bloco Nacionalista Galego (BNG) de 1999 a 2004; Francisco Rodríguez, especialista em autores galegos como Curros Enríquez ou Rosalía de Castro, membro da Executiva do BNG e deputado no Congresso dos Deputados de 1996 a 2008; Xosé Manuel Beiras, economista, porta-voz nacional do BNG desde a sua fundação em 1982 até 2003 e porta-voz no Parlamento do BNG de 1985 até 2003; Margarita Ledo, catedrática de comunicação audiovisual da Universidade de Santiago e directora do semanário A Nosa Terra de 1977 a 1980; Encarna Otero, professora de História e vice-presidenta da Câmara Municipal de Santiago de Compostela de 1999 até 2003; e Luís Gonçales Blasco ‘Foz’, membro da comissão linguística da AGAL e da Academia Galega da Língua Portuguesa; são vozes o suficientemente autorizadas para nos achegar a figura de Castelao e a sua obra.

Alfonso Daniel Manuel Rodríguez Castelao (1886-1950) é uma das figuras mais importantes do nacionalismo galego. Castelao foi um intelectual comprometido com a terra e com o país. Na sua pessoa reúnem-se as facetas de narrador, ensaísta, dramaturgo, desenhador e político, o que o tornou a figura mais importante da cultura galega do século XX. Membro fundador do Partido Galeguista e deputado durante a Segunda República, morreu no exílio após uma vida intensa e frutífera em favor da defesa da nação galega e das ideias de liberdade e progresso social. Autor de narrativa em obras tão importantes como “Cousas”, “Os dous de sempre”, “Os vellos non deben de namorarse”, a sua actividade como cartunista e pintor também atingiu uma repercussão extraordinária na sociedade galega.

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