“Sempre em
Galiza” de Castelao
“Sempre em
Galiza” é um dos alicerces ideológicos em que se apoiou o nacionalismo
galego para se reconstruir após a barbárie fascista que começou no ano 1936, e
da qual ainda hoje padecemos consequências bem directas na Galiza. É um livro
fundamental para conhecer a Galiza, para nos aproximar do nosso país e da sua
História e para sermos capazes de interpretar o porquê dum movimento como o
nacionalismo galego, o galeguismo político, que tem umas características
próprias e que promove desde há quase cem anos a concepção da Galiza como uma
colectividade nacional, como uma nação.
As e os
amigos leitores, de Portugal e da Galiza, devem reparar em que estamos diante
da obra que compila e mostra a amplitude do pensamento político de Alfonso
Daniel Rodríguez Castelao. Uma figura totalmente desbordante da Galiza do
século XX. Castelao junto a Rosalía de Castro são duas personagens que escapam
do plano meramente cultural, literário ou político para se tornarem em dous
mitos populares galegos, isto é, duas figuras assimiladas totalmente pelo
imaginário colectivo do povo galego.
No caso
concreto do autor rianjeiro estamos diante dum criador multifacetado que
construiu um espólio onde encontramos teatro, pintura, quadrinhos de jornais,
relatos, romances… e um intenso trabalho político, chegando a ser deputado do
Partido Galeguista (PG) nas cortes da IIª República espanhola. É por tudo isto
que a Associaçom Galega da Língua (AGAL) entendeu que a obra deste galego
universal devia ser difundida ao máximo, e sobretudo no resto da Lusofonia,
onde tantas vezes a Galiza passa por ser uma grande desconhecida.
Para
acompanhar esta primeira versão do Sempre em Galiza, magnificamente
adaptada pelo professor Fernando Vasquez Corredoira, na AGAL achamos importante
dar a palavra a uma série de pessoas que são boa mostra da herança política que
Castelao deixou ao povo galego. Camilo Nogueira, um dos redactores do
anteprojecto de Estatuto de Autonomia de Galiza de 1981 e primeiro eurodeputado
do Bloco Nacionalista Galego (BNG) de 1999 a 2004; Francisco Rodríguez, especialista
em autores galegos como Curros Enríquez ou Rosalía de Castro, membro da
Executiva do BNG e deputado no Congresso dos Deputados de 1996 a 2008; Xosé Manuel
Beiras, economista, porta-voz nacional do BNG desde a sua fundação em 1982 até
2003 e porta-voz no Parlamento do BNG de 1985 até 2003; Margarita Ledo,
catedrática de comunicação audiovisual da Universidade de Santiago e directora
do semanário A Nosa Terra de 1977
a 1980; Encarna Otero, professora de História e
vice-presidenta da Câmara Municipal de Santiago de Compostela de 1999 até 2003;
e Luís Gonçales Blasco ‘Foz’, membro da comissão linguística da AGAL e da
Academia Galega da Língua Portuguesa; são vozes o suficientemente autorizadas
para nos achegar a figura de Castelao e a sua obra.
Alfonso
Daniel Manuel Rodríguez Castelao (1886-1950)
é uma das figuras mais importantes do nacionalismo galego. Castelao foi um
intelectual comprometido com a terra e com o país. Na sua pessoa reúnem-se as
facetas de narrador, ensaísta, dramaturgo, desenhador e político, o que o
tornou a figura mais importante da cultura galega do século XX. Membro fundador
do Partido Galeguista e deputado durante a Segunda República, morreu no exílio
após uma vida intensa e frutífera em favor da defesa da nação galega e das
ideias de liberdade e progresso social. Autor de narrativa em obras tão
importantes como “Cousas”, “Os dous de sempre”, “Os vellos non
deben de namorarse”, a sua actividade como cartunista e pintor também atingiu
uma repercussão extraordinária na sociedade galega.
Disponível
na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila
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