LIVRARIAS como
espaços de LIBERDADE!
A Traga-Mundos –
livros e vinhos, coisas e loisas do Douro é um espaço de livraria especializada
em autores e obras de e sobre Trás-os-Montes e Alto Douro. Por conseguinte,
cerca de 100% das obras que acolhemos e disponibilizamos não se encontram nos
hipermercados da cidade, nem da região, nem do País – e uma elevadíssima
percentagem também não se encontram nas cadeias de livrarias nacionais nem em
sites online.
Numa época em que a
liberdade de expressão e de informação, consagrada na Constituição de 1976, se
encontra na prática coarctada pelos grandes grupos de comunicação social
generalista, detidos por grandes grupos económicos que os utilizam como
veículos dos seus interesses. Em que o sistema de ensino cada vez mais tende a
normalizar e uniformizar os alunos, através de exames únicos e de rankings de
escolas nacionais. Em que vimos retroceder diversos direitos e garantias e
espoliados das reformas os nossos pais e avós, justificados pela naturalização
de falsas ideias e projectos hegemónicos. As
livrarias independentes, oferecem um espaço de leituras alternativas, de
cultura diversificada, plural, de diferentes perspectivas e opiniões,
caleidoscópio de olhares e de correntes de sentimentos, de cidadania e saber
pensar.
«A hipótese de que
a pluralidade de ideias e expressões associada à edição seja reduzida em função
de escolhas meramente mercantis é real e já pode comprovar-se na maioria das
livrarias. Encontrar fundos de catálogo é tarefa muito difícil, ainda que
falemos de livros dos mais importantes escritores portugueses das últimas décadas.
Ampliando o arco temporal, a dificuldade acentua-se, e o mesmo acontece em
áreas como a poesia, o ensaio, as ciências, as artes ou a filosofia. Tudo o que
fuja á lógica da novidade tem menos espaço nas livrarias e o que não se vender
rapidamente acabará por desaparecer. Resta saber se ainda podemos falar de um
sector que divulga e disponibiliza ideias, pensamento e criação,
assegurando-lhes circulação e alguma espécie de memória, ou se o mercado do
livro é já outra coisa.» [Sara Figueiredo Costa, Le Monde Diplomatique – edição
portuguesa, n.º 87, Janeiro 2014]
Restam e nascem, e
resistem, algumas livrarias independentes, como espaços de LIBERDADE!
António Alberto
Alves
25 de Abril de 2014
Sem comentários:
Enviar um comentário