quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Terra Parda

“Terra Parda” de Hélder Rodrigues

“Terra Parda” é o último título publicado por Hélder Rodrigues. Trata-se de um livro de contos que conduzem os leitores pela ruralidade e tipicidade características do Nordeste Transmontano. Tal como escreve A. M. Pires Cabral no prefácio da obra “os seus contos são como um documento fidedigno, como uma escritura notarial, da realidade física, paisagística, ambiental, humana, do meio de que está rodeado. (…) Os contos de “Terra Parda” fazem-nos viajar por barrocais alpestres, onde tanto é possível encontrar lobos como quadrilhas de bandoleiros, assistir a feiras e negócios de feira, a partos e a mortes e a actos de vingança, acompanhar pequenos e grandes dramas pessoais. Alguns repercutem a realidade política da época, com a Pide e a PSP, todas poderosas, que iam ao ponto de controlar até o nome dos bois!”


O escritor é natural de Morais, Macedo de Cavaleiros, e divide a sua residência ente Mirandela e Carrazeda de Ansiães. É professor licenciado (aposentado) do ensino básico e em letras, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. É Mestre em Antropologia Cultural e Social e Doutorando em Educação, na Universidade Lusófona do Porto. Foi cofundador de algumas rádios e jornais regionais e colaborou, em tempos, com o Jornal de Notícias. É também cofundador da Academia de Letras de Bragança.

São aldeias e lugares «recônditos da serrania transmontana», estórias que contam as vivências de gentes que «apenas conhecem o trabalho duro de 'sol a sol' e que, no livro «Terra Parda», se apresentam como «protagonistas rudes da sua própria identidade cultural». É desta forma que Hélder Rodrigues, autor da obra, fala do livro de 22 contos e que mostra tradições únicas desta região.

«Terra Parda» surgiu da necessidade que Hélder Rodrigues sentiu em «desenvolver a temática da vida difícil e anónima da população rural transmontana». Uma realidade, vinca o autor, que retrata todas as suas tradições e falares regionais e que «urge preservar para memória futura dos vindouros que hão-de preencher esta terra magnífica…».

Trata-se de um livro de contos que abrange, de forma generalizada, toda a região transmontana, sobretudo, «os dois distritos que a identificam, Bragança e Vila Real».

Hélder Rodrigues, mestre em Antropologia Social e Cultural pela Universidade de Santiago de Compostela, adianta que esta é uma obra que conta «estórias de vida das populações locais, normalmente, de aldeias e lugares recônditos da serrania transmontana; estórias da realidade física, humana, ambiental e paisagística de gente que apenas conhece o trabalho duro de sol a sol e que aqui se apresentam como protagonistas rudes da sua própria identidade cultural, contando, na sua própria linguagem, histórias ora extraordinárias ora banais, ora trágicas ora humorísticas, mas sempre carregadas de humanidade e realismo».


O autor salienta que estes contos foram «fabricados» numa espécie de criação literária baseados no contacto directo do autor (natural de Mirandela) com as comunidades rurais de Trás-os-Montes e também «“por ouvir dizer”, em especial nos contos dedicados à diáspora transmontana».

A obra, constituída por 22 contos e lançada no final de 2012, mostra a região transmontana através de um tríptico assim definido, como explica o autor: «o Capítulo I é dedicado ao tema ‘Terras de Ledra’ (Mirandela e seu concelho); o Capítulo II designa-se por ‘A Pulo’ (contos da emigração clandestina, concretamente nas décadas de 60/70); o Capítulo III dedicado à ‘Terra Parda’ (que dá o título ao livro, com contos transmontanos mais abrangentes geograficamente)».

Já o período temporal que abrange a totalidade dos contos vai desde a década de 1940 até ao 25 de Abril de 1974, «período salazarista que engloba a Segunda Guerra Mundial, a emigração clandestina e a guerra ultramarina, com todas as suas nefastas consequências», resume Hélder Rodrigues.

Para o autor, «Portugal é um país riquíssimo no seu património imaterial, (re)construído e, em particular, a região transmontana, que se caracteriza por estar sempre muito distante dos grandes centros da portugalidade, mas onde ainda resistem vestígios e marcas das raízes identitárias que nos moldaram e nos fazem sentir únicos e genuínos da nossa nacionalidade».

É por isso, defende, «que se torna importante, mesmo fundamental, deixarmos registos escritos, nas nossas vidas, das multivivências deste povo, desde que a terra transmontana os viu nascer, até que a mesma terra transmontana os há-de consumir e transformar em húmus». [Ana Clara, Café Portugal]

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