quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Poemas cativos

“Poemas Cativos” de Manuel Veiga

De novo a montanha como gesto abrupto
Do silêncio íntimo. Percorro veredas d´água
Subterrânea e o magma. E nesse fogo
Se condensam estalactites. Afectos agora
Evanescentes. Essências matriciais ainda...

Fecha-se o círculo. Em redor as brumas
E os rostos. E os cheiros. E esta pedra
Em que trôpego desfaleço. A febre quente.
E o suor frio. E o grito d´alma que voa
Qual corrente. Veleiro sem regresso, nem destino...

A vida? Esquivas corsas que de tão lestas
Se pressentem e apenas no rasto se iluminam...
Fortuitas são as horas. Não o caçador negro
Nem o coração da pedra. Apenas a água 
(E sal da lágrima) são lírios e são heras...

Guardo sôfrego este silêncio e me retiro.
O fogo é agora esta paixão: o eco de calcário

 E meus dedos brasa. Poeira e caliça.

E muros derrubados.
E esta centelha viva que na queda
Se derrama.
Fim de tarde que ao sol se incendeia...


Manuel Veiga nasceu em Matela, Vimioso, e vive na Bobadela, concelho de Loures. É licenciado em Direito, tendo exercido advocacia durante alguns anos, para depois enveredar pela consultadoria jurídica em organismos públicos da Área Metropolitana de Lisboa e na Inspeção Geral da Educação. Foi presidente da Assembleia Municipal de Loures entre 1985 e 1997.

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