sexta-feira, 8 de agosto de 2014

As Artes Entre As Letras


No meu regresso a Portugal, e ao trabalho neste país, depressa me apercebi que o uso do Correio (o envio por carta) tinha sido abandonado, em detrimento do envio por e-mail – o denominado correio electrónico! Já que as Finanças obrigam prepotentemente a que todos tenham uma ligação à Internet – cujo operador é sempre uma empresa privada –, acabei por também passar a usar o envio de e-mails.
Depressa fui descobrindo a alta ineficácia deste meio: uma elevada percentagem não responde e quando questionada (por telefone), alega diversas justificações: ou que não viu o e-mail, por entre uma nuvem de e-mails sem validade, ou que foi para spam – uma das desculpas mais utilizada...

Vem isto a propósito do envio de um texto, que nos fora solicitado para assinalar o quinto aniversário – e 125 números editados – do quinzenário “As Artes Entre As Letras”. O que muito nos honrou...
O texto acabou por não ser editado! E a directora justifica: «Algo se passou, mas não consigo perceber o quê, já que publicámos todos os testemunhos recebidos e até, para que nenhum ficasse "de fora" até aumentámos o número de páginas do jornal.»

Eis o texto em causa:

Como leitor de há muitos anos, sempre senti que a qualidade da Leitura também passa pelos jornais e revistas – não se esgota no formato livro –, sobretudo pela imprensa temática e especializada. No meu percurso de vida, habitando diversos locais, de lugares a aldeias, metrópoles e cidades de média dimensão, sempre os avaliei – no sentido da qualidade de vida – pelo acesso a jornais e revistas – há quiosques que são mais importantes que livrarias.
No regresso a Vila Real, constatei com mágoa que grande parte dos quiosques encerraram – desapareceram. A maior perca, em termos pessoais, foi o desaparecimento do quiosque do Pelinhos na Avenida – que, com um sistema de trocas de revistas e livros, iniciou tantos jovens na leitura. Por conseguinte, a oferta em diversidade e qualidade é cada vez mais restrita – restando o recurso a assinaturas, o que não faz aumentar a visibilidade e acesso a essas publicações. Isto no contexto de uma cidade em que a imprensa local é absolutamente retrógrada e sem critérios jornalísticos!
A abertura da Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real, coincidiu com a minha descoberta do quinzenário “As Artes Entre As Letras” – num único quiosque, com apenas meia dúzia de exemplares por número. De imediato, se tornou objecto de leitura, número a número...

Com a tendência de a imprensa temática e especializada se concentrar em Lisboa, o “As Artes Entre As Letras” é editado e mantido a partir do Porto. Em termos de cultura, nos seus diversos níveis e domínios, proporciona uma diversidade de vozes e autores, opiniões e pontos de vista, sensibilidades e formações, temáticas e personalidades – é também uma montra da riqueza cultural do Norte. Neste sentido, o “As Artes Entre As Letras” é também um espaço de Liberdade!
O facto de completar 5 anos e 125 números, representa uma luta diária para vencer a adversidade e constrangimentos que se generalizaram – representando igualmente uma louvável vitória e feito. Desejamos muitos anos e números mais...

Vila Real, 1 de Junho de 2014
António Alberto Alves

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