[revista]
A Primitiva viaja em dois tempos. É uma revista feita de ritmos opostos, que se interceptam e dialogam para criar uma cadência única — uma fusão entre a contemplação e a urgência.
«Atirar pedras à água. Fazer bolas de lama do rio e vê-las pingar na erva. Perseguir a vida simples e inocente que tínhamos. Brincar, flutuar, nadar nus só porque podemos. Voar. Despenhar-se. Não perguntar porquê — antes, porque não. Fazer fogueiras, dormir ao relento, abrandar. Fazer parte da terra. Levar com vento na cara. Ir e vir com a maré — com o Maré. Ir aos lugares onde ninguém vai. Explorar, ver com os próprios olhos. Abrir bem os olhos. Ficar, cultivar, pôr a cabeça a funcionar. Procurar grandes histórias em coisas pequenas. Seguir o livro de instruções para viver num pequeno planeta. Partilhar histórias verdadeiras de pessoas verdadeiras, de primitivos — como nós. Ver além do preconceito, guardar todas as memórias do mundo. Sentir gula pelo mundo. Pecar. Perceber que estamos errados sobre o lado de lá do mundo. Ser ativo e ativista e aceitar o absurdo. Preservar. Viver mais no mesmo tempo de vida. Não ter destino. Viver devagar. Nascer todos os dias. Ser criança. Cometer erros. Aprender com chimpanzés. Nem todas as viagens vão ser bonitas. Nem todas as paisagens vão ser arrebatadoras. Nem todos os momentos vão ser memoráveis. Nem todas as questões vão ser respondidas. Conhecer profundamente alguém ou um lugar — ainda que seja o nosso lago Walden.» [editorial]

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