«Grupo de amigos tenta
salvar a Traga-Mundos
A LIVRARIA FICOU
RECENTEMENTE COM PARTE DO ESPÓLIO DESTRUÍDO, AO SER ALVO DE UMA INTEMPÉRIE QUE
SE FEZ SENTIR NA REGIÃO. INCONFORMADOS COM O RISCO DE PODER FECHAR, AMIGOS
REUNIRAM-SE PARA AJUDAR
A livraria Traga-Mundos, em Vila Real, foi recentemente atingida
por uma intempérie que se fez sentir na região, a qual provocou a inundação do
seu armazém, destruindo parte do seu espólio. Depois de uma avaliação dos
estragos, o livreiro e proprietário da livraria, António Alberto Alves,
comunicou, de imediato, aos clientes e amigos o que tinha acontecido,
anunciando que a Traga-Mundos corria o risco de fechar portas, ao fim de seis
anos dedicados à cultura transmontana e duriense.
“Não vou falar em
números, mas posso adiantar que são os suficientes para colocar em risco a
atividade da livraria, uma vez que nunca temos um volume de negócios face a
tirar um lucro ou um salário”, refere à VTM.
Perante este
“desabafo”, as ajudas para que a livraria não feche não “têm parado de chegar”,
quer por parte de amigos, quer provenientes de algumas entidades, tendo já
realizado uma reunião, intitulada “Aluvião: os maiores prejuízos são os do
coração”, na semana passada, na própria livraria.
Para surpresa do
livreiro, são já várias as pessoas que se têm manifestado e oferecido ajuda,
pelo que na reunião, a livraria tornou-se “pequena para acolher tanta gente”.
“Foi uma boa
surpresa. Houve, de facto, um conjunto de pessoas da cidade e, até mesmo do
Brasil, de Cabo Verde e da Galiza, que se ofereceu para ajudar. Das pessoas que
estiveram presentes na reunião, conseguimos debater algumas soluções para fazer
face a esta situação”, conta.
Contudo, António Alves
deixa bem claro que essas ajudas “não passam por dinheiro”, mas antes por
“reforçar o trabalho da Traga-Mundos”, estabelecendo mais parcerias com algumas
das entidades da região, na promoção de eventos, uma vez que “a cultura há
muito está esquecida”.
À VTM, o livreiro
contou que, depois do seu comunicado, já conseguiu instalar vários
desumidificadores, que lhe emprestaram, no armazém e que são já várias as
pessoas que se disponibilizaram a carregar alguns dos livros para a casa de um
vizinho.
“O principal é
irmos fazendo toda a limpeza e tentar tirar os livros da cave e, para isso, já
algumas pessoas disseram que ajudavam”, refere, acrescentando que alguns desses
livros estão “completamente danificados”, que é impossível reabilitar.
Quanto ao apoio das
instituições para a cultura e para as lojas que vão subsistindo neste setor,
António Alves esclarece que a falta de
ajuda não “é uma constatação apenas para
a livraria Traga-Mundos, mas antes com todo o comércio tradicional, pelo qual
se revela um desinteresse completo e não tem sido feito rigorosamente nada”.
Importa referir que
a livraria foi distinguida, pelo sexto ano consecutivo, como uma das livrarias
preferidas dos portugueses, ocupando a 9ª posição, em 2018,
por um concurso de votação online promovido pela APEL – Associação Portuguesa
de Editores e Livreiros.»
João Pedro Baptista
“A Voz de Trás os Montes” n.º
3531, 12 de Julho 2018
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