quinta-feira, 12 de julho de 2018

Grupo de amigos da traga_mundos


«Grupo de amigos tenta salvar a Traga-Mundos

A LIVRARIA FICOU RECENTEMENTE COM PARTE DO ESPÓLIO DESTRUÍDO, AO SER ALVO DE UMA INTEMPÉRIE QUE SE FEZ SENTIR NA REGIÃO. INCONFORMADOS COM O RISCO DE PODER FECHAR, AMIGOS REUNIRAM-SE PARA AJUDAR

A livraria Traga-Mundos, em Vila Real, foi recentemente atingida por uma intempérie que se fez sentir na região, a qual provocou a inundação do seu armazém, destruindo parte do seu espólio. Depois de uma avaliação dos estragos, o livreiro e proprietário da livraria, António Alberto Alves, comunicou, de imediato, aos clientes e amigos o que tinha acontecido, anunciando que a Traga-Mundos corria o risco de fechar portas, ao fim de seis anos dedicados à cultura transmontana e duriense.

“Não vou falar em números, mas posso adiantar que são os suficientes para colocar em risco a atividade da livraria, uma vez que nunca temos um volume de negócios face a tirar um lucro ou um salário”, refere à VTM.

Perante este “desabafo”, as ajudas para que a livraria não feche não “têm parado de chegar”, quer por parte de amigos, quer provenientes de algumas entidades, tendo já realizado uma reunião, intitulada “Aluvião: os maiores prejuízos são os do coração”, na semana passada, na própria livraria.

Para surpresa do livreiro, são já várias as pessoas que se têm manifestado e oferecido ajuda, pelo que na reunião, a livraria tornou-se “pequena para acolher tanta gente”.

“Foi uma boa surpresa. Houve, de facto, um conjunto de pessoas da cidade e, até mesmo do Brasil, de Cabo Verde e da Galiza, que se ofereceu para ajudar. Das pessoas que estiveram presentes na reunião, conseguimos debater algumas soluções para fazer face a esta situação”, conta.

Contudo, António Alves deixa bem claro que essas ajudas “não passam por dinheiro”, mas antes por “reforçar o trabalho da Traga-Mundos”, estabelecendo mais parcerias com algumas das entidades da região, na promoção de eventos, uma vez que “a cultura há muito está esquecida”.

À VTM, o livreiro contou que, depois do seu comunicado, já conseguiu instalar vários desumidificadores, que lhe emprestaram, no armazém e que são já várias as pessoas que se disponibilizaram a carregar alguns dos livros para a casa de um vizinho.

“O principal é irmos fazendo toda a limpeza e tentar tirar os livros da cave e, para isso, já algumas pessoas disseram que ajudavam”, refere, acrescentando que alguns desses livros estão “completamente danificados”, que é impossível reabilitar.

Quanto ao apoio das instituições para a cultura e para as lojas que vão subsistindo neste setor, António  Alves esclarece que a falta de ajuda não “é  uma constatação apenas para a livraria Traga-Mundos, mas antes com todo o comércio tradicional, pelo qual se revela um desinteresse completo e não tem sido feito rigorosamente nada”.

Importa referir que a livraria foi distinguida, pelo sexto ano consecutivo, como uma das livrarias preferidas dos portugueses, ocupando a 9ª posição, em 2018, por um concurso de votação online promovido pela APEL – Associação Portuguesa de Editores e Livreiros.»

João Pedro Baptista
“A Voz de Trás os Montes” n.º 3531, 12 de Julho 2018

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