“Artes de Cura e Espanta-Males” espólio de medicina popular recolhido por Michel Giacometti, coordenação de Ana Gomes de Almeida, Ana Paula Guimarães, Miguel Magalhães, 692 p.
«Artes de Cura e Espanta Males - Espólio de Medicina Popular» é a obra que reúne heranças portuguesas recolhidas pelo etnomusicólogo corso Michel Giacometti. Ana Paula Guimarães, Ana Gomes de Almeida e Miguel Magalhães coordenaram os registos fruto de uma investigação longa e minuciosa. Foram sete anos a compilar cinco mil fichas de receitas, entre rezas, ladainhas e remédios. Uma parte dos receituários recolhidos por Giacometti entre 1959 e 1990.
Ana Paula Guimarães, coordenadora do livro, conta ao Café Portugal como começou esta aventura de compilar a recolha feita pelo etnomusicólogo Michel Giacometti desde o momento em que chegou a Portugal, em 1959, até à sua morte em 1990.
Tudo começou em 2002 quando a directora do Museu da Música Portuguesa, Conceição Correia, propôs à direcção do Instituto de Estudos de Literatura Tradicional (IELT) a publicação do vasto arquivo de medicina popular, sonhado e realizado por Michel Giacometti, e que estava organizado em fichas de doença compiladas por ele próprio ou pela equipa que o acompanhava no terreno.
Ana Paula Guimarães considera todo este trabalho «um momento especial». «Primeiro foi a entrega simbólica do espólio de medicina popular coligido por Michel Giacometti e ´abandonado` na casa onde vivera», afirma a também directora do IELT da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Ao todo foram mais de cinco mil as fichas de receitas (incluindo rezas, ladainhas, remédios para doenças classificadas já por especialidade médica) transcritas, digitalizadas e, finalmente, mostradas aos público.
Tudo começou em 2002 quando a directora do Museu da Música Portuguesa, Conceição Correia, propôs à direcção do Instituto de Estudos de Literatura Tradicional (IELT) a publicação do vasto arquivo de medicina popular, sonhado e realizado por Michel Giacometti, e que estava organizado em fichas de doença compiladas por ele próprio ou pela equipa que o acompanhava no terreno.
Ana Paula Guimarães considera todo este trabalho «um momento especial». «Primeiro foi a entrega simbólica do espólio de medicina popular coligido por Michel Giacometti e ´abandonado` na casa onde vivera», afirma a também directora do IELT da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Ao todo foram mais de cinco mil as fichas de receitas (incluindo rezas, ladainhas, remédios para doenças classificadas já por especialidade médica) transcritas, digitalizadas e, finalmente, mostradas aos público.
«O complexo trabalho de edição do texto foi realizado por Miguel Magalhães, mestre e doutorando do Instituto de Estudos de Literatura Tradicional. Ana Gomes de Almeida, a cardiologista que entretanto conheci, empenhou-se em verificar, corrigir a organização das doenças em especialidades médicas e em contactar os médicos especialistas do Hospital Santa Maria para comentarem o acervo documental», revela.
Abordagem no seio das populações
Ana Paula Guimarães diz, por isso, que a importância de «Artes da Cura e Espanta Males» é «enorme». E argumenta: «quem não foi ainda à pressa ao doutor mais próximo? Quem não precisou de ser curado através de qualquer arte? Agora a sério. Creio ser fundamental para doentes, pessoas sãs e médicos, mais ou menos especialistas, conhecer, ler, entender, escutar o surpreendente património ancestral respeitante a formas de ir espantando males até serem descobertas formas inovadoras de tratar sarna, verrugas, hemorróidas, apoplexia, etc.».
A investigadora realça que «onde Michel estiver, ele sabe e se regozija imenso com a bela obra dele (dada à luz por nós). Creio que enraizada está. Subentendida, sim. Poucos a assumem mas que cá está, isso não duvido».
«Artes de Cura e Espanta Males – Espólio de Medicina Popular» é fruto das recolhas realizadas no âmbito do Serviço Estudantil «Plano Trabalho e Cultura» que Giacometti criou e dirigiu em 1975.
Contudo, Giacometti não restringiu a pesquisa apenas à recolha de campo e elaborou também uma extensa recolha de tradições médicas publicadas em várias revistas e livros.
Abordagem no seio das populações
Ana Paula Guimarães diz, por isso, que a importância de «Artes da Cura e Espanta Males» é «enorme». E argumenta: «quem não foi ainda à pressa ao doutor mais próximo? Quem não precisou de ser curado através de qualquer arte? Agora a sério. Creio ser fundamental para doentes, pessoas sãs e médicos, mais ou menos especialistas, conhecer, ler, entender, escutar o surpreendente património ancestral respeitante a formas de ir espantando males até serem descobertas formas inovadoras de tratar sarna, verrugas, hemorróidas, apoplexia, etc.».
A investigadora realça que «onde Michel estiver, ele sabe e se regozija imenso com a bela obra dele (dada à luz por nós). Creio que enraizada está. Subentendida, sim. Poucos a assumem mas que cá está, isso não duvido».
«Artes de Cura e Espanta Males – Espólio de Medicina Popular» é fruto das recolhas realizadas no âmbito do Serviço Estudantil «Plano Trabalho e Cultura» que Giacometti criou e dirigiu em 1975.
Contudo, Giacometti não restringiu a pesquisa apenas à recolha de campo e elaborou também uma extensa recolha de tradições médicas publicadas em várias revistas e livros.
De recordar que uma das grandes preocupações de Giacometti na investigação dos dados da medicina popular era a própria abordagem ao tema no seio das populações. «Tudo, porque os cuidados de saúde eram, frequentemente realizados na intimidade familiar porque a doença isola o Homem e o seu corpo da sociedade e, ao privar o homem do seu instrumento de trabalho, a doença conduzia, frequentemente, à miséria. Deste modo, o etnógrafo corso aconselhava os pesquisadores de campo a abordar este tema através das mulheres de família, uma vez que era a estas que cabia a função de cuidar dos filhos e de tratar os doentes quando o tratamento médico especializado não era acessível», concluíram os coordenadores do livro.
O prefácio de «Artes de Cura e Espanta Males - Espólio de Medicina Popular», lançado em 2009, é da autoria do médico João Lobo Antunes e o posfácio de Fernando Nobre, médico e presidente da Assistência Médica Internacional (AMI).
Toda esta recolha de medicina popular está depositada no Museu da Música Portuguesa, no Monte do Estoril.
O prefácio de «Artes de Cura e Espanta Males - Espólio de Medicina Popular», lançado em 2009, é da autoria do médico João Lobo Antunes e o posfácio de Fernando Nobre, médico e presidente da Assistência Médica Internacional (AMI).
Toda esta recolha de medicina popular está depositada no Museu da Música Portuguesa, no Monte do Estoril.
[Ana Clara, Café Portugal – sítio na Internet]