sexta-feira, 3 de setembro de 2021

A Deusa Celta de Portugal - A Anciã de Inverno e a Rainha do Verão

 


“A Deusa Celta de Portugal” de Luiza Frazão

A Anciã de Inverno e a Rainha do Verão

 

«Quem é esta Deusa de dupla face?
Onde se encontram as Suas origens?
Onde se conservam as Suas antigas histórias e mitos?
Como resgatar e honrar esta herança espiritual e dela usufruir hoje em dia?

Na nossa religiosidade popular, para além dos oito festivais anuais que assinalam o movimento da Terra à volta do Sol, parece ainda persistir uma outra divisão do ano em duas partes distintas.

Esta dicotomia torna-se ainda mais nítida quando prestamos atenção às festas de Maio. Por essa altura, são honradas no território algumas das nossas Senhoras de aura mais arcaica, como a Senhora do Almurtão, a Senhora da Azenha, a Senhora dos Altos Céus, da Lousa e, obviamente, a Senhora da Cova da Iria. Esta última devoção, que à primeira vista teve origem num fenómeno recente do séc. XX, parece, na verdade, inserir-se numa tradição bem ancestral, numa espiritualidade pré-cristã e pré-patriarcal que tinha como divindade suprema uma entidade feminina.

De acordo com esta visão, o povo ainda hoje acolhe, com regozijo e exuberância, a Deusa na sua face de Rainha do Verão nestas celebrações, dela recebendo todas as graças e qualidades apotropaicas que reconfortam a vida e a alma.

Em Outubro, porém, Ela parte, ou antes, assume a Sua outra face de Rainha do Inverno, a Anciã furtiva, evasiva, velada, rigorosa e tempestuosa, como a estação a que preside, cujos dons, se soubermos aceitá-los, não deixam de ser igualmente preciosos.»

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... | Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial...

[disponível também os seguintes títulos sobre a temática: “Deuses e Rituais Iniciáticos da Antiga Lusitânia”, “O Império Celta – O Primeiro Milénio da História Celta, 1.000 a.C. – 51 d.C.” de Peter Berresford Ellis]

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